Dantas, aquele. Últimas decisões do STF presidido por Mendes têm um jeito estranho de ser
Tenho conversado com alguns colegas acerca de Daniel Dantas, aquele megavigário preso, solto, preso e solto por conta da Operação Satiagraha. E não consigo chegar a uma conclusão acerca dos procedimentos de Protógenes Queiroz (na foto de José Cruz, da Agência Brasil), o delegado da Polícia Federal que prendeu, e depois caiu em desgraça. Também tenho certa dificuldade para compreender os procedimentos de Gilmar Mendes, o presidente do Supremo Tribunal Federal, que mandou soltar, nas duas vezes.
Mas de algo, se não sei, desconfio: tem coisas muito estranhas acontecendo nessa relação Governo Federal-Polícia Federal-Supremo Tribunal Federal-Protógenes Queiroz-Gilmar Mendes-ABIN-ex-revista Veja e mais uma penca de colegas que dão um jeito de livrar a cara de DD, o homem de bilhões – de troco e de confusão.
Se acho estranho aqui de longe, e me refiro especificamente às últimas decisões a respeito, pelo STF, muito mais estranho acha quem está perto. Acrescente-se a investigação movida pela PF e tendo Protógenes como um dos alvos, e a situação fica ainda mais complicada na minha cabeça. O exemplo que leio na internet (gracias FRN, que deu a dica) é bastante eloqüente, e é dado pelo insuspeito ex-deputado e ex-ministro Fernando Lyra, dos tempos de José Sarney na presidência e que, como poucos, conhece os meandros do Judiciário e da política.
Lyra deu uma muito boa entrevista ao sítio Terra Magazine, em reportagem de Raphael Prado. Dê uma lida e vê se não tenho razão para andar bastante desconfiado. Eu e a sociedade, modéstia às favas. Acompanhe:
STF parece atuar como advogado de Dantas, diz Lyra
Três anos, seis meses e quinze dias de prisão. É a pena que pode pegar o algoz de Daniel Dantas, o delegado Protógenes Queiroz, se condenado for pelos crimes que a Polícia Federal pretende indiciá-lo: usurpação de função pública, quebra de sigilo funcional, desobediência, prevaricação e interceptação telefônica e telemática sem autorização judicial. A PF pretende indiciar Protógenes na semana seguinte àquela que o Supremo Tribunal Federal decidiu extinguir definitivamente a prisão temporária do banqueiro dono do Opportunity.
– Isso é um absurdo. Tiraram o foco do Daniel Dantas para o Protógenes – diz, incomodado, o ex-ministro da Justiça Fernando Lyra.
Para ele, não há dúvidas que o poder “político e econômico” de Daniel Dantas está permitindo a “inversão de valores” que se vê na decorrência da Operação Satiagraha – que prendeu, além do banqueiro, em julho, o ex-prefeito paulistano Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Os intestinos do Brasil continuam em funcionamento.
Lyra eleva o tom de suas críticas. Leva-as ao Supremo Tribunal Federal, que ratificou as decisões do presidente do órgão, ministro Gilmar Mendes, e manteve a liberdade a Dantas, acusado de formação de quadrilha, gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, entre outros:
– A posição do ministro Gilmar Mendes e de alguns membros do Supremo Tribunal Federal dão um sintoma de parcialidade muito forte. E quem está de fora, como eu, observando, tem a impressão, francamente, que o Supremo Tribunal Federal é mais advogado de defesa de Daniel Dantas do que o próprio advogado dele…
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem STF parece atuar como advogado de Dantas, diz Lyra, de Raphael Prado, no sítio Terra Magazine, alojado no portal Terra. No texto você encontrará a entrevista inteira com o ex-ministro Fernando Lyra.
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