Rio Branco renasce (final). Os jovens alunos, a EMAI e a esperança de um futuro melhor
Esta é a última da série de reportagens produzidas pla Assessoria de Comunicação da Prefeitura, e que este site publica desde domingo, numa homenagem aos 149 anos de emancipação de Santa Maria, que se comemoram amanhã.
Jovens encontram na EMAI a
oportunidade de um futuro melhor
Por Jaiana Garcia (Asses. Com./Prefeitura Municipal)
Dali todos que passaram e que ainda trabalham no local viram o desenvolvimento, o auge e a decadência da Viação Férrea de Santa Maria. Das vidraças, lembranças e saudade. Assim, alunos e professores da Escola Municipal de Aprendizagem Industrial (Emai) vêem a Gare da Estação Férrea. Alguns, mais jovens, não conheceram o brilho dos vagões para lá e para cá, outros, ex-alunos e agora professores, acompanharam tudo de perto e ainda tiveram a oportunidade de trabalhar na Rede Ferroviária.
O Centro de Formação Profissional da Rede Ferroviária surgiu em decorrência de uma portaria ministerial, que visava atender às necessidades de formar e qualificar mão-de-obra ferroviária. A Rede se integrou à experiência do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), realizando através de Centros de Formação Profissional programas de aprendizagem e de formação e treinamento para todos os níveis.
Em 1970, a Rede Ferroviária Estadual celebrou acordo com o Senai para implementação do Centro de Formação de Santa Maria, a exemplo de outros existentes em regiões do Brasil. A escola, em 1996, não admitia mais alunos e foi fechada no mês de dezembro. Atualmente, somente os centros de Santa Maria e do Rio de Janeiro foram municipalizados e ainda estão em funcionamento.
Na entrada da escola uma maquete grande reproduz o que um dia foram os trilhos que trouxeram o desenvolvimento para o município nas décadas de 60 e 70. Na maquete eram feitos os treinamentos dos manobristas, nas estações de Santa Maria e Boca do Monte. Nas paredes, placas de trens, como o Farroupilha, que trouxe o Presidente Getúlio Vargas à cidade, e de locomotivas austríacas, americanas, belgas. Um telégrafo, um marcador de passagens de trem, letreiros em bronze, relógios, entre outros objetos guardados com carinho e orgulho, remetem ao luxo e à tecnologia da Rede Ferroviária daquela época. Relíquias, na grande maioria, guardadas pelo professor Paulo Roberto Maicá Machado.
O professor Maicá, como é conhecido pelos alunos da Emai, trabalhou durante 19 anos na Estação de Cacequi, que era maior e mais movimentada que a de Santa Maria. Ele possui muitas lembranças da época, guarda fotografias no computador e em casa, assim como livros e documentos relacionados à ferrovia brasileira e internacional. Ele lembra que os alunos da Emai, que ficavam com as primeiras colocações na sua formação, iam trabalhar no Km 3, onde funcionava o setor de manutenção de vagões e locomotivas. Agora, os alunos seguem direto para grandes empresas da cidade e não têm mais a oportunidade de trabalhar com os vagões. Sobre a reforma da Gare e a construção do túnel da Avenida Rio Branco, Maicá diz que acha ótimo, mas lamenta que os objetos que estavam nos prédios foram perdidos e roubados com o tempo. Vendo a reforma, vejo o resgate de uma longa e boa história, frisa o professor.
Professores ensinam o que um dia aprenderam com a Rede-mãe
Na Emai, alunos de 62 escolas da cidade têm aula diariamente no turno inverso ao das atividades escolares. São mais de 180 alunos, que optam pelos cursos de Metalurgia (serralheria e soldagem), Eletricidade (predial e industrial), Mecânica (industrial e mecânica), Desenho Industrial (arquitetônico e elétrico) e Serigrafia. Desde 1997, quando o município assumiu a escola, o atual diretor da instituição, Paulo Rodrigues, ensina o que um dia aprendeu na Emai. Orgulhoso dos alunos que ingressam no mercado de trabalho assim que se formam, Rodrigues afirma que não existe nenhuma escola profissionalizante com a história e formação profissional que a Emai oferece.
Fui aluno da escola. Acompanhei tudo de perto durante 19 anos da minha vida no tempo que trabalhei na estação. Agora vejo da minha janela tudo sendo reformado e minha história se renova junto, destaca o professor que chama seu antigo local de trabalho de Rede-mãe. Ele ainda completa dizendo que deve tudo que conquistou, tanto material como moral, ao trabalho na Estação da cidade.
Mostrando cada sala da escola, o diretor diz que todos os professores foram alunos da Emai, como Ovanir Negrini, que desde 97 também leciona na instituição. Este teto é mais que uma casa para mim, relata o metalúrgico. Paulo Rodrigues ainda relembra, vendo o prédio ao fundo da Emai, que lá ficaram os grandes comandantes da Estação de Santa Maria. O local está sendo reformado pelos alunos e professores e será uma sala de educação física. Aqui ficávamos horas aguardando para falar com os nossos chefes, afirma ele, enquanto abria a porta de uma das salas.
O aluno que ingressar na Emai passa por um processo de seleção mediante prova escrita, incluindo as disciplinas de português e matemática, além da prova de aptidão física e entrevista com orientadora educacional. Os alunos devem ter concluído o 6º ano do Ensino Fundamental e ter no mínimo 14 anos. Os estudantes Benhur da Silva Mota e Cristiano Foliatti, ambos de 16 anos, dizem que assim que tiveram a oportunidade de entrar para a escola, fizeram a prova e estão satisfeitos com os resultados. Benhur, aluno também da Escola Municipal Dom Luiz Vitor Sartori, já faz estágio em uma empresa e afirma que não conseguiria qualificação profissional melhor em outro lugar. Aqui encontrei o que mais gosto de fazer, garante. Cristiano vai além e sonha em poder, um dia, trabalhar na Estação Ferroviária de Santa Maria totalmente reformada. O sonho de qualquer um que entra aqui na escola é trabalhar com os trens, garante.
Um dos alunos mais velhos da Emai, Alfredo Soares de Oliveira, 63 anos, diz que procurou voltar a estudar buscando mais conhecimento e um espaço no mercado de trabalho. O militar aposentado junta-se ao grupo de jovens, que afirmam que aprendem muito com as experiências dele. Uma delas é Adaiana Martins dos Santos, de 16 anos, que ingressou na escola no início deste ano. A estudante, que tem dois tios que trabalharam na ferrovia, diz que está realizando um sonho estudando na Emai. Estou aprendendo o que ouvi minha família falar durante anos. Gostaria de poder continuar minha trajetória na Rede, assim como eles, completa.
A Escola de Aprendizagem Industrial tem como objetivo formar e qualificar profissionais em nível de ensino fundamental, visando preparar um cidadão analítico, reflexivo e crítico, assim como promover a integração escola – empresa, adequando os conhecimentos teóricos e a prática profissional. Nas mesmas instalações da Emai, outra iniciativa garante a oportunidade de um futuro melhor para os jovens. O NúcleoTecnológico Educacional Municipal (NTEM), criado em 2004, prioriza a formação de profissionais da rede pública municipal para a inserção da tecnologia nos métodos de ensino. Com uma estrutura de 15 computadores ligados à internet, desde 2006, as atividades foram ampliadas e cursos de atualização para os professores da Rede Municipal estão sendo oferecidos. Este ano, a escola completará 10 anos de municipalização.
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