Artigos

Criança, educação e arte – por Máucio

Semana passada fui convidado para conversar sobre minha exposição, Subjetos, com os alunos das séries iniciais de uma escola da cidade. Foi uma proposta da professora Celina Cervo, da Escola Estadual de 1º Grau Marieta D’Ambrósio, localizada na Apel.

No primeiro telefonema logo aceitei porque não teria como recusar um compromisso desses, afinal, também atuo no ensino público e sei como são as dificuldades para fazer alguma coisa diferente no cotidiano da educação. Ao chegar próximo do dia marcado, no entanto, certa apreensão apareceu. Pensando bem, eu teria que me dirigir a crianças, o que difere muito das aulas para jovens adultos. Inutilmente fiquei a refletir sobre estratégias de comunicação para o novo desafio. Nada, porém, era palpável.

Chegando lá fiz questão de dizer à professora que eu não tinha a menor ideia de como e o que iria falar. Ela me respondeu, fique tranqüilo, está tudo organizado, o que me deixou mais aflito ainda.

A atividade começou às 14 horas, quando duas turmas entraram no auditório. Cerca de cinquenta aluninhos. Meninos e meninas. Estavam alegres, sorrindo e olhando para tudo. Enquanto encontravam assento fui abraçando-os. Depois perguntei o nome e a idade de alguns. Quase todos com 8 anos.

Foram três sessões, cada uma com duas turmas de 25, o que soma 150 crianças. Fiquei conversando durante duas horas e meia, envolto na mais pura emoção. Eles haviam estado na exposição e, incentivados pela professora, realizaram tarefas de interpretação que envolveu releituras dos trabalhos e textos poéticos a respeito.

O mínimo que poderia dizer é que estava me sentindo lisonjeado, mas não é sobre isso que quero falar. O que me tocou profundamente foi: a organização da escola; o interesse das crianças, a dedicação evidente dos professores. Uma absoluta simplicidade infantil – e diversidade de escola pública – estava ali recheada de sentimentos, de humanidade, de cidadania latente. Ver aquelas crianças todas, sem exceção, olhando atentas, presentes, foi uma experiência pra lá de significante. As perguntas que me faziam a respeito dos trabalhos expostos, sobre as razões da arte e sobre, especificamente, os discursos plásticos, foi algo que me deixou embasbacado. É como se eu conversasse com um grupo de amigos íntimos. 

Saí da escola tendo a certeza de que nosso país – e o mundo – nunca irá ter uma mudança realmente transformadora em seus valores genuínos do que se entende por humano, enquanto não houver uma ação  radical que promova a educação como fator social absoluto. É incrível que nenhum governo invista efetivamente nisso.

Obrigado Escola Marieta D’ Ambrósio. Eu voltarei quando quiserem, pois sou eu que devo agradecer.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo