A sanha arrecadadora da CBF. E Neymar, agora um produto – por Dijair Brilhantes e Bruno Lima Rocha
Coluna Além das 4 linhas – edição da semana de 23 de agosto de 2010 – por Dijair Brilhantes & Bruno Lima Rocha
A convocação da seleção
Na última sexta-feira, o técnico da seleção brasileira, Mano Menezes convocou 22 jogadores para um período de treinamentos na Espanha. A preparação vai de 2 a 8 de setembro em Barcelona. Em entrevista, o treinador da seleção, atual funcionário de Ricardo Teixeira, disse preferir apenas treinar, a ter de enfrentar uma seleção com pequena expressão no futebol mundial.
O que tem de real nisso? Nada. O que ocorreu é que a CBF não conseguiu quem pagasse cerca 2 milhões de dólares exigidos pela entidade máxima do futebol brasileiro. A explicação de Mano não passa de “balela”. Para que serve um período de treinamentos para um time que não vai disputar nada relevante nos próximos meses? E, se for só para treinar, por que não convocou apenas jogadores em idade pré-olímpica? Será que a sanha de faturar a todo custo nunca vai se esgotar? Ou alguém esqueceu que as vésperas da Copa do Mundo da África, a seleção brasileira enfrentou Tanzânia e Zimbábue? Parece que desta vez, o Imperador Teixeira vai ter que esperar um pouquinho mais para “engordar” sua “obesa” conta bancária, já que não conseguiu acertar nenhum amistoso “caça níquel”. O time brasileiro ficou com a imagem muito arranhada após o mundial de 2010. E, pelo visto, esta mais nova trapalhada vem ao encontro da tradição de desmandos e absurdos. Ao menos o treinador brasileiro foi coerente (palavra que virou chavão na seleção de Dunga) e não levou jogadores que atuam no Brasil por estarem disputando o campeonato brasileiro. Menos mal.
O Santos e Neymar
O presidente santista Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro também nesta sexta-feira, 20 de agosto de 2010, anunciou a renovação de contrato com o atacante Neymar. O novo termo foi renovado até 2015 com multa rescisória que beira aos 100 milhões de reais. O salário do jogador passará de 160 mil para 500 mil reais (pouco mais de 300%,), uma media galáctica para os soldos brasileiros. Basta comparar com os salários do STF, desembargadores e procuradores no topo da carreira, girando em torno de R$ 30.000,00, já inclusas as gratificações. E, para subverter, a lógica da remuneração, o “menino da Vila” se transforma em produto. Conforme o presidente santista, o salário do jogador será pago por ações de marketing, algo semelhante feito pelo Corinthians com o jogador Ronaldo.
O descolamento de preços e salários, típico de nossa era, se manifesta também nos campos. A desigualdade social atinge também o futebol, salários astronômicos só são pagos a atletas quando estes são assediados por clubes europeus, fora isso, a regra é como dizem os dirigentes, se adaptar aos padrões do clube. O problema também passa pela inversão de prioridades. Se as verbas dos clubes fossem bem administradas, e houvesse um maior investimento nas categorias de base com certeza sairiam muito mais Ronaldinhos, Robinhos, e Neymares, e não estariam os clubes brasileiros com dividas impagáveis.
Dijair Brilhantes ([email protected]) é estudante de jornalismo e Bruno Lima Rocha ([email protected]) é editor do portal Estratégia & Análise (www.estrategiaeanalise.com.br)
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