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Durona. Conciliação, definitivamente, não é palavra do vocabulário da governadora Yeda

Bem, talvez seja só impressão do jornalista. Talvez. No entanto, a cada manifestação da governadora Yeda Crusius, fico com a sensação de que ela não sabe por que ganhou a eleição em 29 de outubro. Todos minimamente dotados de informação sobre os humores dos gaúchos têm a certeza de que a tucana venceu porque era ela que enfrentava Olívio Dutra, do PT. Se fosse Germano Rigotto, do PMDB, também venceria. E talvez com diferença maior. Aliás, provavelmente, com diferença maior. Mas, como falei, talvez seja só a impressão do jornalista.

Em todo caso, nessa entrevista (leia mais abaixo) concedida aos repórteres Hugo Studart e Rudolfo Lago, que a revista IstoÉ, de circulação nacional, publica na edição que está nas bancas, ela simplesmente parece ignorar que foi derrotada na Assembléia Legislativa e que, para levar adiante suas propostas, de resto duras como se exige para tratar da falência das finanças públicas gaúchas, terá que negociar. Ao contrário, diz que quem perdeu não foi ela, mas o Estado, e que agora terá que tomar medidas “ainda mais duras”.

É. Pode ser. Talvez seja. No entanto, ainda precisará dos parlamentares. E do apoio da sociedade gaúcha – o que ela (como Rigotto também teria) obteve na eleição. Mas terá que manter durante quatro anos. Isso sem falar nas comparações com Anita Garibaldi, que ela suscita, tanto que é apresentada assim, no texto da revista.

Mas, enfim, sempre é possível estar enganado. Tomara que sim. Ou a situação se parará muito complicada para a convivência entre Executivo e Legislativo e destes para com a população. Estou muito enganado? Bem, leia você mesmo a entrevista e tire tua própria conclusão. A seguir:

“Fui malvada na eleição e serei dura no governo”
A governadora do Rio Grande do Sul prevê sacrifícios para os gaúchos recuperarem empregos industriais e produção agrícola

Anita Garibaldi era de Santa Catarina. Mas tornou-se uma das grandes heroínas do Rio Grande do Sul ao lutar, juntamente com seu marido, o italiano Giuseppe Garibaldi, na Revolução Farroupilha. Yeda Crusius, 63 anos, também não é gaúcha. Nasceu em São Paulo. E é em Anita Garibaldi que ela agora se inspira para tentar tirar o Rio Grande do Sul de uma das maiores crises de sua história. Primeira mulher a governar o Estado, famoso por seu machismo, Yeda diz que foi “malvada” na campanha, ao mostrar que os gaúchos só irão resgatar empregos industriais e relançar a produção agrícola por meio de cortes drásticos em despesas públicas. Agora, depois de ter um pacote de aumento de impostos rejeitado pelos deputados estaduais, Yeda afirma que terá de ser ainda mais dura do que imaginava. Ela está disposta a jogar pesado contra o governo federal para obter recursos que ajudem a tirar o Estado do atoleiro. “Lula foi eleito para governar para todos os brasileiros, e não apenas para os brasileiros petistas.” A ISTOÉ, na entrevista das páginas seguintes, a candidata a heroína Yeda Crusius mostrou que está afiada.

ISTOÉ – Em que condições a sra. recebeu o Rio Grande do Sul?
Yeda Crusius –
Em crise financeira aguda. Quando fui eleita, o déficit era de 15% da receita líquida. Quando tomei posse, já era de 20%. Ora, nada menos que 18,5% da receita líquida vai todos os meses, automaticamente, para o governo federal, a fim de amortizar dívidas antigas. Nosso orçamento é de R$ 20 bilhões e nossa dívida ativa é de R$ 17 bilhões. Fechamos 2006 com R$ 9 bilhões de precatórios a pagar. Tenho de pagar, só que não consigo nem dinheiro para pagar salários e fornecedores. Em dezembro, caducou o prazo para a alíquota maior de ICMS. O déficit mensal era de R$ 1,7 bilhão; agora já é de R$ 2,4 bilhões. Vou precisar costurar um pacto interno para fechar o orçamento deste ano. Preciso congelar os recursos dos Três Poderes; não posso dar nenhum aumento novo e tenho de buscar mais dinheiro.

ISTOÉ – A sra. já sofreu uma derrota na Assembléia Legislativa, que recusou o seu pacote fiscal. Como isso vai ficar?
Yeda –
Na verdade, não fui eu quem sofreu uma derrota, foi o povo do Rio Grande. Os deputados não compreenderam o que eu estava propondo. O que eu queria era reservar parte da arrecadação para a criação de fundos estruturantes, de combate à pobreza, para financiar obras de habitação, saneamento e irrigação. Eles negaram em bloco a criação desses fundos. Vão me obrigar a ser ainda mais dura do que eu queria.

ISTOÉ – Como?
Yeda –
Agora que não tenho mais esses fundos, terei de fazer um corte muito mais drástico. Vai ser mais duro e doloroso. Mas eu tenho certeza de que o eleitorado gaúcho apoiava as medidas que eu propus à Assembléia e vai entender os sacrifícios que teremos de fazer.

ISTOÉ – A sra. tem certeza disso?
Yeda –
Venci as eleições por causa da forma transparente como apresentei os problemas econômicos do Estado. Coloquei a crise aguda que passamos e disse o que faria no governo para superar a crise. Adiantei todas as medidas que faria, um passo de cada vez. Fui uma malvada na campanha. Isso gerou um grau de confiança muito grande. A população entendeu porque sentia que as coisas estavam piorando. Minha proposta era parar de ficar reclamando do governo federal e assumir a responsabilidade, fazer com coragem o que poderíamos fazer. Por isso, virei a eleição. Estava em terceiro e ninguém apostava na minha vitória. Acabei com a maior diferença de votos das últimas cinco eleições.

ISTOÉ – A sra. expôs o problema, mas vai conseguir resolvê-lo?
Yeda –
De fato, o déficit é grande demais. Então, o que vai acontecer no decorrer do ano eu não sei. O que eu sei dizer é que nós vamos fazer os cortes que havíamos proposto e buscar recuperar o crédito junto ao Tesouro nacional. Esse crédito está rompido. O governo do Estado paga a dívida em dia, mas estourou todas as metas fiscais do contrato de dívidas. Então, nós perdemos o crédito com o Tesouro. Em decorrência, não temos também crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nem com os bancos de fomento internacionais. Recuperar o crédito é fundamental. Agora, temos de fazer também a nossa parte. E, nesse sentido, eu proponho um conjunto de 12 medidas, com três eixos: crise fiscal, melhoria da gestão e retomada do crescimento. O Mário Covas (ex-governador de São Paulo) e o Aécio Neves (governador de Minas Gerais) deram a isso o nome de “choque de gestão”: fazer mais com o mesmo…”


SE DESEJAR ler a íntegra da entrevsita, pode fazê-lo acessando a página da revista IstoÉ na internet, no endereço http://www.terra.com.br/istoe/.

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