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Polícia. Quase 300 megaoperações, resultado do trabalho dos federais em menos de quatro anos

Que eu lembre, nunca esta página (nem sempre) humilde de internet citou, muito menos reproduziu, qualquer coisa da Isto É. Nascida com Mino Carta, no fim dos anos 70, início dos 80, inicialmente era tida como uma oponente à altura da sempre conservadora, nem por isso menos importante, Veja. Antenada aos novos tempos, a IÉ era o veículo preferido de 10 entre 10 ditos cultos do País. Mas decaiu. Oh, se decaiu. Ao ponto de, outro dia, dar uma pesquisa claramente encomendada por Anthony Garotinho (aliás, alguém sabe onde ele anda?), e ter sido desmascarada no meio jornalístico.

Mas agora dá para abrir uma exceção. Na edição que já está nas bancas de Santa Maria há uma reportagem que nenhum outro veículo conseguiu fazer, até agora. Mostra o trabalho da Polícia Federal, uma das instituições de maior credibilidade em terras brasileiras, hoje. E conta como os federais se modernizaram, escorraçaram a sua banda podre e se colocam na vanguarda da inteligência policial – aliás, um dos fatores preponderantes para o sucesso de suas operações.

Trata-se de uma reportagem primorosa, assinada pelos jornalistas Alan Rodrigues, Hugo Marques e Rodrigo Rangel. Fica-se sabendo, por exemplo, que os federais fizeram quase 300 operações das grandes, apenas nos últimos três anos e meio. Que, a exemplo das polícias melhor equipadas do planeta, seus mais de 11 mil integrantes podem lançar, se necessários desde botões de camisa que são câmeras ou gravadores, até pequenos sensores que emitem sinais de GPS (colocados em veículos sob investigação). Que podem ser feitos monitoramentos remotos de qualquer lugar do País, e que a impunidade pode, enfim, acabar – se depender exclusivamente do trabalho da PFl

A capacidade dos federais nunca foi tão testada, e aprovada, quanto nos últimos tempos. Ao ponto de, ao término da megaoperação que prendeu, só em Porto Alegre, 26 integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), o próprio líder do bando cumprimentar o delegado. Geeente. É bom saber disso, não? Leia o trabalho dos repórteres da Isto É. E com certeza você entenderá:

”Por dentro da Polícia Federal
Como funciona a máquina de investigar e prender que surpreende o País pelo arrojo, inteligência e sucesso

“Parabéns, doutor! Que operação…”
Espontânea, a frase partiu de um homem conhecido como Torturado, codinome de Lucivaldo Laurindo, no momento em que, junto a outros 25 bandidos, foi algemado e deitado sobre o chão de uma casa em Porto Alegre. Começava ali, sem o disparo de um tiro sequer, a mais espetacular seqüência de prisões entre o crime organizado dos últimos tempos. Na segunda-feira 4, poucos dias depois, em meio à captura em flagrante de outros 20 assaltantes de banco em dez Estados do País, chegou-se a um endereço no Paraguai no qual foi apreendido um dos mais bem fornidos arsenais montados este ano: 222 revólveres, 195 pistolas e 174 escopetas e rifles, prontos para circular no eixo Rio-São Paulo. Fulminantes, servindo-se de espionagem e, ao mesmo tempo, alta tecnologia, todas essas ações têm uma marca em comum: a marca da Polícia Federal.

O ponto central para o sucesso desta e de outras operações cinematográficas fica no quinto andar do “Morcego negro” – a sede da corporação, em Brasília. É lá, sob vigilância permanente de câmaras de vídeo e com o acesso protegido por senhas, que funciona a Diretoria de Inteligência Policial (DIP). Desse andar saem ordens para prisões de todos os naipes, do ex-governador Paulo Maluf à empresária Eliana Tranchesi, dona da Daslu. E também para operações, em conjunto com a polícia paraguaia, do arsenal na semana passada. A DIP tem cerca de 100 agentes na capital federal. Eles mal se conhecem entre si. É famoso no Rio de Janeiro o caso de um agente que se vestiu de mendigo e por cinco dias viveu na porta de um delegado da própria PF. Ao cabo, deu voz de prisão ao superior, flagrado ao receber propina. Os agentes do DIP têm a missão de esmiuçar o modus operandi dos alvos, nem que para isso tenham que ficar no encalço deles 24 horas por dia. Eles têm carta branca para viajar para onde for preciso atrás dos investigados. Quando mulheres, são conhecidas como “andorinhas”. Isso porque muitas vezes se imiscuem entre os bandidos usando as armas do charme e da sensualidade.

Também é no quinto andar da sede nacional que fica o Guardião. Trata-se do supersistema de computadores que possibilita a administração de centenas de escutas telefônicas e cruza dados com arquivos policiais nacionais e do mundo. É um dos mais modernos aparelhos de inteligência policial do planeta, resultado de um movimento em direção à renovação da matriz tecnológica da PF. O primeiro passo nesta direção foi dado no ano 2000. Até ali, a PF era vista como uma organização repleta de policiais “chuta-portas” e apodrecida pela corrupção. Nas esferas mais altas, a imagem era ainda pior. Chamavam-na de “apêndice” das agências policiais dos Estados Unidos. Ao final dos anos 1990, os carros e até a gasolina da estrutura da PF brasileira eram doações da Agência Central de Inteligência (CIA). “O dinheiro é o nosso, as regras são nossas”, chegou a declarar, em maio de 1999, o segundo da embaixada americana em Brasília, James Derham. Se há males que vêm para bem, esse foi um caso. Enquanto Derham teve de voltar para os EUA, convocado por seu governo, aqui começou uma mexida na velha estrutura. O orçamento ganhou reforço. Saiu de R$ 100 milhões em 1999 para R$ 200 milhões no ano seguinte. As promoções passaram a privilegiar competência em lugar da antiguidade. Este ano, o orçamento da PF é de R$ 600 milhões.

Numa palavra, a PF modernizou-se. Exemplo: a prisão nos últimos dias dos assaltantes de banco começou a ser arquitetada há mais de um ano. O ponto de partida foi prosaico. Na busca de pistas em torno do assalto de R$ 164,8 milhões do Banco Central em Fortaleza, em agosto do ano passado, um dos agentes federais não se esqueceu de colher, em meio à lama formada à volta do túnel abandonado, um cartão usado de telefonia pré-pago. Seu número se desdobrou na seqüência de escutas monitoradas pelo Guardião. Sem alarde, completando o trabalho de interceptação de mensagens com espionagem em campo, os federais conseguiram, 390 dias após a…”


SE DESEJAR ler a íntegra da reportagem, pode fazê-lo acessando a página da revista na internet, no endereço http://www.terra.com.br/istoe/, ou na versão impressa, disponível nas bancas de Santa Maria desde este domingo.

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