ANÁLISE. Fato: últimas pesquisas, na maior parte, falharam. Questão: por quê?
Nenhuma, mas nenhuma mesmo, pode cantar de galo. Todas as pesquisas finais, e até mesmo as de boca de urna, falharam. Algumas mais, outras menos, mas todas derraparam feio. E daí, o que teria acontecido? Que fatores provocaram o desastre?
Um dos primeiros a tratar do tema, e tentar encontrar hipóteses para o fato indesmentível é o experiente jornalista Luis Nassif. Vale a pena conferir, nem que seja para discordar. A seguir:
“As ondas não captadas pelos institutos
Nesta eleição, pela primeira vez foram escancaradas a metodologia dos institutos de pesquisa e a principal diferença entre eles: a pesquisa na casa dos eleitores (adotada por Vox, Sensus e parcialmente pelo Ibope) e a pesquisa em pontos de fluxo (pelo Datafolha). Outra diferença foi o «esquentamento» antes das perguntas sobre os candidatos – antecipando informações que eles receberiam no decorrer da campanha -, adotado por Vox e Sensus em contraposição ao «não esquentamento», adotado pelo Ibope e Datafolha.
Na primeira etapa da campanha, quando ainda era amplo o desconhecimento do eleitorado sobre os candidatos, a metodologia do Vox e do Sensus se mostrou mais eficaz.
No final da campanha houve uma onda verde-religiosa que acabou pegando de surpresa todos os institutos – praticamente todas as pesquisas finais erraram na margem de erro -, mais os que faziam a pesquisa domiciliar, menos os que faziam o ponto de fluxo.
Na primeira etapa, o Datafolha foi o que menos errou no resultado final. Previu o início da nova onda antes dos outros, mas sua pesquisa final deu empate técnico entre Dilma e a soma dos demais candidatos. Na pesquisa boca-de-urna, o Ibope deu 51% para Dilma – informações internas da Globo, quando o Ibope demorou a divulgar os resultados, falavam até em 55%.
Vitoriosos na primeira etapa, aparentemente Vox e Sensus cometeram o mesmo erro inicial do Datafolha: a aposta cega nos resultados levantados, sem atentar para a dimensão do movimento da onda que se avolumava…”
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Só penso que mesmo essa sendo uma explicação de bom senso, não invalida a premência de se reavaliar, com muito carinho, a proibição da divulgação pública das pesquisas eleitorais.
Mais uma vez se percebe erros crassos das metodologias e, quando isso não acontece, mais uma vez também se percebe a intenção subreticente de algumas empresas de pesquisa, que têm tendências ideológicas, de jogar com números irreais para que haja movimento de votos para um ou outro candidato, induzindo a mudança de voto das pessoas. Muitas pessoas se induzem a votar pelas pesquisas, nesse país, sim.
E qual é o problema disso? Perda da representatividade real, e isso afeta a democracia e o próprio processo democrático.
Essa perda acontece no momento em que, já no primeiro turno, as pessoas se influenciam pelas pesquisas e mudam o seu voto natural, fazendo o chamado “voto útil”, quando as pesquisas apontam para um candidato que os eleitores não querem que ganhe, veem que seu candidato não tem chance então acabam votando num terceiro. Onde fica a representatividade real, e ainda quando isso pode ter sido induzido?
Outra situação burlesca: somos bombardedados semanalmente com pesquisas de todos tipos com os números os mais diferenciados possíveis. Como se poderia responsabilizar legalmente ou criminalmente algum instituto por não estar dizendo a verdade? Como saber se os números são verdadeiros, mesmo que o método seja matematicamente provado que é correto? Creio que é de uma irresponsabilidade permitir que se divulguem pesquisas quando o que está em jogo é algo de muito valor para um país e não se pode responsabilizar empresas desse serviço por má-fé ou incompetência.
Por tudo isso sou totalmente a favor que os partidos contratem e façam as suas pesquisas eleitorais para uso interno, eles que arrisquem confiar nos institutos que têm afinidade ideológica, nada contra isso, mas sou totalmente contrário que se faça divulgação das pesquisas publicamente nesse país, para que não haja risco de influência desleal, para que a representatividade seja real no primeiro turno.
Enfim, para o bem da democracia e de todos nós.
Com todo respeito, permito-me a contribuir, no que imagino ser uma contribuição, sugestionando que mude de “últimas pesquisas, na maior parte, falharam” para “últimas pesquisas, na maior parte, manipularam”. Alguém me prova o contrário? Abraço Claudemir! @cleuberroggia