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SEGURANÇA. E, de repente, Schirmer vira o chefe do Delegado de Polícia que o indiciou. Isso significa algo?

“Inclusive essa coligação que tem o Schirmer me convidou pra concorrer com eles. Não digo que virei a página da Kiss, porque a página da Kiss nós não vamos conseguir virar nunca. Mas nessa questão dos enfrentamos, estou de alma leve. Quero fazer meu trabalho como sempre fiz.”
“Inclusive essa coligação que tem o Schirmer me convidou pra concorrer com eles. Não digo que virei a página da Kiss, porque a página da Kiss nós não vamos conseguir virar nunca. Mas nessa questão dos enfrentamos, estou de alma leve. Quero fazer meu trabalho como sempre fiz.”

Por MAURÍCIO ARAÚJO (texto) e DEIVID DUTRA (foto/Arquivo), no jornal A Razão

Marcelo Mendes Arigony é, há 17 anos ,delegado da Polícia Civil, tendo por quatro anos e meio comandado a Delegacia Regional de Santa Maria. À frente dela, investigou a maior tragédia do Rio Grande do Sul: o incêndio da Boate Kiss. Atual titular da 2ª Delegacia de Polícia, Arigony conversou com a reportagem do Jornal A Razão na tarde de quinta-feira, e falou por cerca de 45 minutos sobre o aumento da criminalidade no Estado e as medidas que podem ser buscadas para enfrentar a crise na segurança pública.

O delegado também não se esquivou de perguntas polêmicas, como sua relação com o ex-prefeito Cezar Schirmer, novo secretário estadual de Segurança Pública. Inclusive afirma que, se fosse convidado a integrar a equipe da Segurança, sentaria e conversaria com o titular da pasta. Apesar da relação estremecida entre os dois – em desdobramentos da investigação do caso Kiss, o nome de Schirmer foi relacionado no inquérito da polícia – o delegado afirma que é preciso união para combater o aumento da violência no Rio Grande do Sul. Arigony também falou sobre sua saída da Delegacia Regional, reconhecendo que uma das motivações foi sua atuação no caso Kiss.

Convidado para concorrer a um cargo político por várias legendas nesta eleição – entre elas pelo menos uma da coligação apoiada por Schirmer –, ele destaca que até pensou no assunto, mas acredita que não era hora e que pode fazer ainda mais pela polícia.

Doutorando em Administração na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na linha de gestão organizacional, com viés na segurança, o delegado acredita que a sociedade está doente. Para ele, as medidas adotadas até agora são insuficientes, e o remédio tem que ser muito mais forte para frear o descontrole da violência…

O CASO KISS E OS DESDOBRAMENTOS DA INVESTIGAÇÃO

A Razão: Então como ficou após o caso Kiss?

Arigony: O que aconteceu. Falamos que a polícia ia esclarecer tudo que tinha que esclarecer. E foi o que fizemos. Todas as circunstâncias que achamos que tivessem relação com o evento foram trazidas para o inquérito. O prefeito não foi a indiciamento, pois há uma dúvida se prefeito pode ou não ser indiciado. Então pegamos cópia do inquérito e mandamos para o Tribunal. É diferente, é um apontamento. 

A Razão: E ele teria entendido isso como um fato político?

Arigony: Ele entendeu que isso era político. Não sei se ele ou os fofoqueiros da volta, que acho que foi isso. Eu nunca fui filiado a partido. Nunca tive veia partidária. Procuramos fazer a investigação da forma mais plural, tanto que éramos cinco delegados investigando, era tudo discutido.

A Razão: Houve alguma intervenção política, orientação do governo?

Arigony: Não. De forma alguma. O Tarso Genro (à época governador do Estado) veio aqui, eu vi ele duas vezes, e ele disse: ‘Delegado, o senhor saiba que o senhor tem nosso apoio e o apoio de todos os outros Estados da federação para fazer o que tiver que fazer. Faça o que tiver que ser feito’. E foi embora. Infelizmente aquelas pessoas que têm a veia partidária forte enxergaram pela lente partidária. Isso acabou prejudicando a relação da gente com a prefeitura e outras instituições. Mas o que íamos fazer? Fizemos nosso trabalho.

A Razão: Como ficou após?

Arigony: E aí o tempo foi passando e conseguimos reconstruir. Acabei saindo da Delegacia Regional, e se eu disser que não foi por causa da Kiss é mentira. É óbvio que foi, né? Porque virou o governo, e bem ou mal o partido que foi apontado acabou tomando o poder, aí ficou um certo constrangimento. Acabei saindo dali. Estou numa delegacia de polícia há mais de ano e consegui reconstruir a relação com quase todo mundo.

Inclusive essa coligação que tem o Schirmer me convidou pra concorrer com eles. Não digo que virei a página da Kiss, porque a página da Kiss nós não vamos conseguir virar nunca. Mas nessa questão dos enfrentamos, estou de alma leve. Quero fazer meu trabalho como sempre fiz. 

A Razão: E pensou em entrar na política após o convite?

Arigony: Pensei, mas tenho mais a contribuir na polícia. Achei que não era o momento ainda, não sei se vou. Cheguei a pensar, mas ainda tenho missão na polícia. Tenho muito mais para dar. 

A Razão: Essa reconstrução de relações também ocorreu com Schirmer?

Arigony: Não. Nunca mais falei com o prefeito Schirmer, não porque não quisesse. Mas nunca mais se proporcionou que houvesse um encontro. Oficial ou não. Mas estou absolutamente tranquilo em relação a isso e espero que ele também esteja. Estamos prontos a cooperar.

A Razão: O senhor teme ou temeu alguma represália?

Arigony: Houve muita fofoca, mas de efetivo nunca houve represália. E nem acho que tenha sentido alguma represália, tirando o fato de eu ter saído da Delegacia Regional, mas faz parte da alternância de poder.”

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Um Comentário

  1. Significa que está faltando assunto.
    Tarso, o intelectual, foi o ministro da justiça que colocou dois boxeadores cubanos que haviam pedido asilo num avião e despachou via SEDEX de volta para Cuba. Sem maiores comentários.
    De qualquer maneira existem coisas que são importantes citar e que ficaram de fora, por esquecimento ou qualquer motivo outro. A primeira delas é que o delegado perdeu uma prima na tragédia. Teria declarado na entrega do inquérito: “”Vou chorar pela minha prima e pelos meus tios. Vou chorar pelos meus alunos […]”. Não sei como funciona o impedimento e a suspeição na etapa de inquérito policial, não sei nem se existe. Mas se o delegado tivesse se afastado teria sido melhor. À mulher de Cesar não basta ser honesta, deve parecer honesta.
    Lá pelo dia 30 de janeiro, uns três dias depois da tragédia portanto (não lembro se já havia inquérito policial instaurado), no calor dos acontecimentos (o que é compreensível) ele teria declarado numa entrevista: “Provavelmente a gente termine o inquérito determinando as responsabilidades dizendo que não havia fiscalização lá há muito tempo, que talvez o bombeiro tenha fornecido o alvará para aquela porta que tinha que ser maior ou que tinha que ser maior, ou que tinha duas portas”. Disse mais, “Daqui a pouco a Câmara de Vereadores pode fazer o impeachment do prefeito.”
    Daí tem dois problemas. O primeiro é que as autoridades policiais não devem (apesar de fazer rotineiramente) adiantar conclusão de inquérito para a imprensa nem que ela seja hipotética. Porque se a conclusão for diferente da adiantada pode haver problemas. Pior, os investigadores podem ficar condicionados a tentar provar a tese e não partir das provas para chegar a uma conclusão.
    O segundo é mais evidente, a autoridade policial colocou o “impeachment” na pauta. Se não foi o primeiro, foi um dos primeiros. E emitiu opinião sobre o resultado de um possível futuro processo político. Politizada a situação foi, diria mestre Yoda.

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