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Uma imagem e muito mais que mil palavras – por Luciano Ribas

E eis que resolvo dar um jeito de voltar a escrever no espaço gentilmente cedido pelo Claudemir e para o qual, infelizmente, eu não estava conseguindo reservar a justa atenção…

Passados esses meses de silêncio (motivados pela necessidade de priorizar a dissertação de mestrado defendida e aprovada no final de julho), retomo a publicação dos artigos no momento em que inicia a campanha para o segundo turno da eleição presidencial. Como todos sabem, sou Dilma desde pequenininho, sobretudo por entender que existe uma chance real para o Brasil afirmar-se como potência após os oito anos do governo estruturante do presidente Lula. Uma chance que não será aproveitada por quem quebrou o Brasil quando ocupou o Palácio do Planalto e que apenas enxerga nosso país como um coadjuvante, um país de segunda linha que precisa ser tutelado pelos donos do poder.

Esse modo de pensar foi amplamente derrotado no primeiro turno. Somados, os votos de Dilma e Marina – duas ex-ministras do governo Lula – equivalem a 67% do eleitorado brasileiro, enquanto os votos dados a Serra, o homem da cratera do metrô de São Paulo e dos milhões gastos para comprar assinaturas da Veja sem licitação, pouco ultrapassam os 32%. Há nisso um claro sinal de que voltar ao passado não estava nos planos da maioria absoluta dos brasileiros no último dia 3 de outubro.

Naturalmente, nem todos pensam assim. Alguns sentem saudades dos tempos em que nosso ministro das Relações Exteriores era obrigado a tirar os sapatos para entrar nos EUA e o Brasil volta e meia pedia penico ao FMI. Creio que eles têm esse direito, tanto quanto eu tenho de chamar-lhes de “Joaquim Silvério dos Reis do bico grande”. Ou de Judas, embora haja religião demais nessa campanha para o meu gosto.

De Silvério dos Reis, salto para Tolstoi. “Canta tua aldeia e serás universal”, diz o russo, com a minha modestíssima concordância. Porém, na aldeia às vezes as coisas são tão caricatas que até dá medo de cantá-las, como na recente reunião dos apoiadores locais do candidato Serra, o semeador de pedágios, noticiada na edição de 6 de outubro do Diário de Santa Maria.

Sentados no Augusto, uma espécie de “zona desmilitarizada” da política local, tucanos, demos e “atucanados” de ocasião discutiam as estratégias para fomentar a campanha do pai da responsável pela violação do sigilo de 60 milhões de brasileiros. No fundo da foto que registrou o evento, sabe-se lá por que, bandeiras adornavam o ambiente: as da ONU, do Rio Grande do Sul, do Brasil e de Santa Maria, todas em segundo plano; à frente delas, com grande destaque entre os irmãos Pozzobom, as listras e as estrelas da bandeira americana.

Coincidência? Transparência? Ato falho? Confissão? Não saberemos, a não ser que nos digam os protagonistas. Lembramos, no entanto, como FHC e, antes deles, os ditadores defendidos pela Arena (partido avô do PP, cujo presidente também aparece na foto), gostavam de lamber as botas dos ianques. E certos hábitos nunca são perdidos.

NOTA DO EDITOR: para ler a notícia no DSM e ver a foto publicada, clique AQUI.

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5 Comentários

  1. Valeu Luciano, tua inteligencia
    é reconhecida por muitos,tenho
    muito orgulho de voces parabens
    pelo Mestrado.
    Um grande abraço.

  2. Prezado Lucian: Tem uma coisa que este humilde leitor não conseguiu assimilar, ainda, seja no teu artigo ou na foto do Diário. O que faziam lá os vereadores peemedebistas, se Michel Temer, que eu saiba, peemedebista também, é vice da Dilma? Como naquele velho programa humoristico, anos oitenta, eu direi: “Não precisa explicar, eu só queria entender.” Um abraço e parabéns pelo retorno ao espaço e pelo seu mestrado.

  3. Luciano,
    tiraste as palavras de minha boca, com esta sua observação sobre as bandeiras presentes na reunião dos tucanos.
    A imagem do Pozzobom ornada pela bandeira da ONU e dos Estados Unidos da América (?) me intrigou profundamente.

    Te agradeço por verbalizar em público estes meus anseios.

    Um abraço, e parabéns pelo mestrado!

  4. Luciano!
    Perfeita a tua leitura do processo…
    O Voto na Dilma e na Marina, podem sim, serem considerados, na sua ampla maioria, rejeição aos Demo-tucanos…
    Ah! parabéns pelo Mestrado..

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