SALA DE DEBATE. Fidel, Fidel e Fidel. A discussão superacirrada sobre a morte dele, aos 90, no sábado
![Elvandir, Ernani e Jobim: a controversa figura do líder cubano sobrepujou qualquer outro tema, nesta segunda (foto Gabriel Cervi Prado)](https://claudemirpereira.com.br/wp-content/uploads/2016/11/sala-17.jpg)
A morte de Fidel Castro, no sábado, e o seu significado histórico, não poderiam ficar de fora do “Sala de Debate”. E não ficaram. Por hora e meia, a partir do meio dia, na Rádio Antena 1, os convidados do dia, Walter Jobim Neto, Elvandir José da Costa e Luiz Ernani Araújo, se debruçaram, com inevitáveis controvérsias e diferentes opiniões (inclusive de ouvintes), sobre a personalidade do líder cubano morto sábado, aos 90 anos.
Claro que também houve discussões sobre questões nacionais, especialmente o rolo entre Temer e Geddel e Calero e tudo o que ocorre em Brasília. Mas nada suplantou, hoje, o tema Fidel Castro.
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Programa de vez em quando diverge um pouco. Século XX acabou com o ataque as torres gêmeas. Resquícios ainda existem, Coréia do Norte é um exemplo. A doutrina Monroe é do começo do século XIX, especialidade do pessoal de relações internacionais e história. Galera do direito internacional só vê isto lá no doutorado. Surgiu logo em seguida a independência dos EUA e a idéia era acabar o colonialismo nas Américas, depois sofreu alterações. A questão preponderante na guerra fria era a teoria dos dominós. Se um país virasse comunista trataria de exportar a ideologia para os vizinhos. Explica o Vietnã. Explica o Che na Bolívia.
Cuba diferencia até os turistas. Ilha tem mais de uma dúzia de campos de golfe. Hóteis espanhóis, canadenses, americanos disfarçados de canadenses, russos. Esta parte mais exclusiva não aparece na tv. Mais engraçado é que o Brasil construiu um porto por lá e quem vai operar é uma empresa de Taiwan.
Claro que existe igualdade em Cuba, todos lá têm os mesmos direitos de permanecerem miseráveis por décadas e viverem do mercado negro, os que forem mais espertos. Provavelmente deve rolar uma “mão molhada” para algum fiscal para deixar a coisa passar.
Claro que o establishment têm regalias diferenciadas. Quem poderia usar um Adidas sempre impecavelmente limpo e novo? Quanto essa turma morrer e os detalhes sórdidos da linha dura vier à tona, vamos saber de cada detalhe assombroso incoerente (entre o discurso e a prática) patrocinado pelo ‘establishment”, escondido da imprensa internacional e deles mesmos, claro, por uma mera questão de manter as cabeças deles coladas nos pescoços.
Impressionante é que os turistas sempre tiveram tratamento de cidadãos diferenciados, com mais direitos e liberdades que os próprios civis, senão os turistas não apareceriam.
Li certa feita o relato de uma cubana que dizia que ela tentou fazer um tour de turismo naval para conhecer a própria ilha onde morava, pelo mar, junto a turistas, mas foi proibida quando viram que ela era cubana. Ela tinha menos direitos dentro do país dela de circular livremente do que os turistas. Até para para sair do país tinha de pedir autorização, que só vinha depois de meses de espera “burocrática”. ou nunca vinha. Realmente, para o nosso século XXI, isso é até surreal.
Vídeo da época, Castro falando em inglês. Lá pela metade o repórter pergunta se Castro deixaria os comunistas participarem das eleições, ele responde defendendo a liberdade de expressão. Depois a pergunta é se os comunistas iriam dominar os sindicatos. Castro responde que não.
https://www.youtube.com/watch?v=QJL1Rj1P_J0
Outra entrevista da época, também em inglês. Repórter fumando pergunta se Fidel está preocupado com a influência comunista em Cuba. Resposta: não. Outra pergunta: vai visitar os Estados Unidos com barba ou sem barba? Resposta: a barba significa muitas coisas para os cubanos; só vai raspar a barba quando cumprir com todas as promessas.
https://www.youtube.com/watch?v=VRjFkxIU8v4
A história da crise dos mísseis tem alguns detalhes que não são bem conhecidos. Quando ocorreu o bloqueio já existiam artefatos nucleares na ilha. Só que eram táticos, do tipo disparado por obuseiros. Um dos navios americanos disparou cargas de profundidade como exercício. Não sabia que abaixo dele existia um submarino soviético que estava sem contato com a base e tinha torpedos com ogiva nuclear. O capitão, achando que tinha sido detectado, queria transformar um porta-aviões americano em cogumelo atômico. Só não aconteceu porque precisava aprovação de dois outros oficiais e um deles negou.
Fulgencio Batista era ditador, mas nem tudo o que a propaganda comunista divulgou era verdade. Pintam a imagem de que o país se resumia a cassinos controlados pela máfia americana e prostituição. Óbvio que não é verdade.
ONU tem 44 mil funcionários no mundo todo. Logo, as estatísticas que apresenta tem a credibilidade dos governos dos diversos países.
Existe igualdade em Cuba, só que uns são mais iguais que outros. Como em todo regime comunista existe uma nomenklatura.
Apresentaram alguns dados e o editor, como bom militante de esquerda, tratou logo de desqualificar. É do Reinaldo Azevedo, da Veja, logo “não são confiáveis”. Só não mencionou que ele cita, dentre outros, um livro de Jeannine Verdes Leroux, historiadora e socióloga francesa, atualmente diretora de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientifique.
A revolução cubana não foi feita unicamente por comunistas. Depois da vitória prenderam, mandaram para o paredão ou exilaram todos os dissidentes.
Cuba não “enfrentou o império americano sozinha”. A ameaça era: se invadirem Cuba, a URSS invade a Europa. O subsídio soviético foi grande, o preço pago pelo açucar, por exemplo, era muito maior do que o do mercado. Com a queda do império soviético tiveram muitas dificuldades.