Jogo do bicho – por Maiquel Rosauro
“Lá vem a Sonia fazer o jogo do bicho”, gritava uma mulher estendendo roupa no varal enquanto a mãe e eu chegávamos à Vila Lídia para vender os jogos. Estávamos na segunda metade dos anos 1980, naquela época tudo era diferente. As ruas eram esburacadas, Farret era o prefeito, vivíamos à sombra de um golpe e o presidente era um vice do PMDB.
A mãe sempre levava consigo um livro que eu achava o máximo, que revelava o segredo dos sonhos das pessoas. Então, bastava sonhar algo, o livro dizia o significado e indicava um número. Por coincidência, funcionava melhor se a pessoa sonhasse com um bicho.
À época, a Vila Lídia estava localizada onde hoje está a Vila Militar e o início da Avenida Liberdade, ao lado Cemitério Ecumênico Militar. Como a mãe sempre foi uma excelente vendedora, subíamos e descíamos as estreitas ruas em busca dos apostadores.
O negócio era tão organizado que tinha até uma sede, na casa onde hoje está localizada a associação dos moradores do bairro. Todos os dias, dezenas de motociclistas visitavam o local para buscar ou levar o dinheiro das apostas.
Eu só tinha quatro anos, mas lembro bem quando a casa caiu. Um dia a polícia acabou com o jogo e a mãe precisou encontrar outra coisa para vender.
Durante anos achei que o jogo do bicho tivesse acabado de vez no meu antigo bairro. Até que outro dia visitei a vó e ela comentou que sonhou com um cachorro…
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