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Comprometimento – por Maiquel Rosauro

Quando eu me formei na primeira turma de Jornalismo da Unifra, em 2006, eu tinha um objetivo: trabalhar no jornal A Razão. Era lá que eu queria começar a carreira e por um motivo bem simples, o tradicional periódico não exigia exclusividade e me permitiria conciliar o trabalho de repórter com uma assessoria de imprensa. Em resumo, eu conseguiria duplicar o meu salário e, aos finais de semana, cursaria pós-graduação em Finanças.

Sem contar que foi através das páginas de A Razão que eu praticamente comecei a ler. Quando criança, minha mãe havia assinado o jornal para eu que me interessasse mais pela leitura. Mal sabia ela que estava criando um jornalista dentro de casa.

Com o plano traçado para o primeiro emprego, mãos a obra!

Uma vez por mês eu entregava pessoalmente um currículo na redação do jornal. Nada de enviar um e-mail, eu queria ser lembrado.

Demorou quase um ano até me darem uma chance. Acho que venci pela insistência, pois na época o editor-chefe, José Mauro Batista, relatou algo como “encontrei vários currículos teus…”.

Nunca vou me esquecer do meu primeiro dia de trabalho. José Mauro fez um discurso que durou uns dez minutos no qual salientava como essencial o comprometimento com o fechamento do jornal.

Logo eu aprendi que não bastava apenas saber pautar, apurar, entrevistar, redigir, editar, revisar… Era preciso entregar mais do que a empresa espera, todos os dias!

Com meu primeiro salário paguei a autoescola. No segundo mês dei entrada em um consórcio para adquirir meu primeiro carro e, no mês seguinte, fui efetivado no jornal. Quatro meses depois eu completava meu plano, sendo contratado pelo Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região para realizar assessoria de imprensa.

Exatos dois anos após ingressar em A Razão, me demiti do jornal para fundar a Plano Comunicação com meu colega e amigo André Fortes. Pela empresa produzimos conteúdo para incontáveis cadernos comerciais publicados em Zero Hora, Correio do Povo e Diário de Santa Maria; elaboramos jornais e revistas para cooperativas e empresas; realizamos serviços de assessoria de imprensa para sindicatos, entidades, associações; e produzimos conteúdos para sites e fanpages.

Há pouco mais de seis meses decidi que era hora de voltar para o meu trabalho predileto, o jornalismo impresso diário. Novamente, com um currículo em mãos bati, na porta do jornal A Razão. Desta vez, apenas um currículo garantiu o meu reingresso ao periódico mais tradicional da região. Não como funcionário, mas como prestador de serviços através de minha empresa.

Ao mesmo tempo em que seguia com meus negócios fora do jornal, diariamente, dedicava de cinco a seis horas do meu dia para A Razão. Desta vez eu não ouvi nenhum discurso na chegada. Mas nem precisava, o comprometimento que José Mauro me exigia quando eu era um foca continua comigo, inclusive em minha vida pessoal.

Vivi intensamente os últimos seis meses e tentei dar o máximo de mim em todas as pautas. De certa forma, desde o início, eu sabia que minha passagem pela redação seria breve. Previsão que se confirmou na última sexta-feira com a notícia que todos já esperavam. A edição do final de semana foi a última de A Razão.

Um momento triste para o jornalismo gaúcho e para a região. Tenho um imenso orgulho de ter feito parte desta história e de ter acompanhado seus últimos dias. A Razão encerrou seu ciclo, mas seu compromisso por Santa Maria será lembrado por décadas.

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