Quarenta anos – por Orlando Fonseca
Em 1977, Santa Maria tinha quase a metade do tamanho que tem hoje. A população era em torno de 140 mil habitantes, não havia bairros como Tancredo Neves e Santa Marta; a expansão imobiliária na parte sul só ocorreria na década seguinte. Era possível ver os morros, ao norte, sem as antenas e as casas, Calçadão ainda era Primeira Quadra e não havia o buraco do Behr. Quem frequentava a UFSM, saía do centro e passava por um longo trajeto desabitado até o distrito de Camobi. Neste mesmo ano, começamos a crescer juntos, de modo tal que a cidade tinha – e tem – , para mim, o tamanho da minha expectativa: era grande, mesmo sem o espaço territorial, as ruas apinhadas de carros e os prédios que mudaram a sua feição urbana na atualidade.
Naquele ano, tendo passado no vestibular, comecei a cursar Letras na Federal. No mesmo mês de março, quando se iniciaram as aulas, reuni em uma pasta as folhas datilografadas – fiz curso na Escola Artes e Ofícios – com crônicas e textos de humor. Dirigi-me à rua Coronel Niederauer, onde ficava a sede do finado jornal O Expresso. Subi e desci aquela ladeira algumas vezes, até tomar coragem e entrar no prédio. Fui encaminhado ao editor de variedades, Clóvis Geyer, ilustrador e chargista. Timidamente mostrei o material e pedi uma avaliação. Imediatamente me disseram que publicariam, o que não me pareceu um bom início. Em minha cabeça, deveriam ter mais tempo para ler, discutir com a direção, essas coisas. Mesmo assim fiquei feliz, quando, no final de semana já circulava a minha primeira crônica no jornal. Não era grande coisa para a humanidade, mas era um passo importante pra mim.
Logo em seguida fui obrigado a deixar o espaço por uma bobagem – faço questão de não lembrar mais. Levei os meus textos para a editora do Jornal A Razão – na época, Priscila Lemos, que conhecia meu trabalho n’O Expresso. Preferi escrever no resto daquele ano, e por todo o seguinte, com o pseudônimo Hermenegildo – algo a ver com fenômeno da Maré Vermelha. Não era uma coluna própria, a seção chamava-se Boca do Monte. Ali dividia o espaço com outros aspirantes a escritores, escrevendo eventualmente, embora eu levasse material quase toda semana. Agradava-me o ambiente do jornal e eu ensaiava ferozmente.
Foi em 1977, também, que ganhei os meus primeiros prêmios literários e, no ano seguinte, fui vencedor de uma das etapas do Revelação Literária, prêmio do Instituto Estadual do Livro. Então, em 1979, convidado por Luizinho de Grandi, assumi oficialmente a atividade de cronista que, já por quatro décadas, mantenho como ofício. Nas páginas de A Razão – já finado também – permaneci por 19 anos, depois, escrevi no site Cidade Cultura, do portal Terra – que mantinha escritórios em várias cidades, e aqui era coordenado por Ivan Fiodoruk. De 2005 até o ano passado, estive nas páginas do jornal Diário de Santa Maria.
Neste espaço do “saite” de Claudemir Pereira, vou manter o estilo, talvez com um pouco de mais liberdade – em tamanho de texto e caracteres. Santa Maria e eu crescemos juntos, e o meu olhar de cronista continua a percebê-la do mesmo modo. É assim que a confundo com o país e com o mundo. A internet agora vai me permitir que tenha a impressão papal de falar “urbi et orbi”. O que é uma façanha pra quem levou ao editor um punhado de folhas datilografas numa tarde longínqua de março, na segunda metade do século passado.
NOTÍCIAS POPU-HILÁRIAS
– Furuba do Angorá: Fico pensando o que é que Romero Jucá tinha na cabeça quando comentou na tribuna: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”. Implicado em delação premiada ele já é, acho que trocou o “d” por “f”.
– Em 10 meses, já caíram 8 ministros no governo Temer. Todos com alguma suspeita nas costas e com a espada da Lava Jato na cabeça. Um dos últimos, Serra saiu dizendo que a culpa é da “dor na coluna”. Ele é acusado de ter recebido 23 milhões de propina, mas assim como os demais, não saiu por causa de “dor na consciência”.
– Outro que está a perigo é o chefe da casa civil, Eliseu Padilha. Sentindo algo em seu rabo preso na Lava Jato, saiu de licença médica para uma intervenção na próstata. Ou seja, a intervenção no dos brasileiros fica por isso mesmo.
DE FATOS E VERSÕES
– No estreito de Bósforo, viver é bogo, mas a vida é boda. Li num site de bofoca de lá.
PRA PENSAR NA FILA
Cálculo matemático sobre o futuro do Brasil, os números não mentem: pra fechar a conta, noves fora Temer!
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