Escárnio – por Orlando Fonseca
Semana passada, assistimos à maior operação do escárnio promovida pelos agentes nacionais das redes sociais. Assim que a Polícia Federal desmantelou um esquema de pagamento de propina, envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura e empresários do ramo alimentício (gigantes do setor, como BRF e JBS), na Operação Carne Fraca, a galera deitou e rolou na megatrolagem pelo Facebook, Tweeter e Whatsapp. Com isso o brasileiro mostrou que, mesmo que a carne seja fraca, tem presença de espírito. E este, como se sabe, é forte. Enquanto esse pessoal das fraquezas da carne deve ir pra cadeia, os internautas têm mais é que manter a criatividade solta.
Agora entendi o que alguns diziam quanto à corrupção no Brasil: é preciso cortar na carne. A gente, na boa, preparava um inocente bife, ou virava o espeto na churrasqueira, ao mesmo tempo em que uma turma sem coraçãozinho pro aperitivo ia fraudando o produto pra ganhar mais. Não se sabe onde pode chegar a desfaçatez. Enquanto se pensa, ingenuamente, que se está fazendo uma limpeza no país, investigando e prendendo corruptos e corruptores, há quem, sem medo, sem escrúpulos, na calada da noite, bota ácido ascórbico na carne pra disfarçar a carniça em que esta já se transformou.
E para ficar no âmbito do agronegócio, no Rio Grande do Sul, mesmo que já venha há anos desbaratando as quadrilhas que falsificam o leite (e o que é pior, o leitinho das crianças), na famigerada Operação Leite Compensado, a polícia consegue ainda descobrir focos de malfeitores em ação. Prenderam a nata, mas ainda ficou o soro desta corja sem ética. Não bastasse o Estado de miserê em que virou o Rio Grande, ainda teremos de lamentar a falta de fiscais nesta e em outras áreas.
Bom, o escárnio não está apenas nos produtos in natura. A política – onde tudo começou – tem-se esmerado para superar os seus próprios escândalos. Agora, se uns agem na calada da noite pra maquiar a carne e branquear o leite, há quem já nem disfarce a suruba em que virou as tratativas nos altos escalões da política nacional. Michel Temer se reuniu mais uma vez com o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para tentar resistir no cargo. Da reunião também participaram Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Eunício Oliveira, presidente do Senado, que estão na lista de Janot – e esta não é nenhuma lista VIP.
Se para uns a chapa está esquentando, para outros é a brasa do churrasco que começa a ficar no ponto. Com essa operação Carne Fraca, grandes frigoríficos do país já estão no espeto, e a PF prepara o sal grosso. Justiça vegana, já! Estou preparado para curtir nas redes a próxima cyberpendenga. Depois de alguns anos de embates entre petralhas e coxinhas, vem aí a próxima disputa ideológica nas redes sociais, no Brasil: carnívoros x veganos.
Só um avisinho final: o pessoal das panelas podia agora, ao menos, bater espeto.
NOTÍCIAS POPU-HILÁRIAS
– Pelas justificativas do presidente para voltar a residir no Jaburu, ficamos sabendo que até os fantasmas do palácio da Alvorada estão ululando: Fora Temer!
– A presidente deposta, Dilma Rousseff ironizou as justificativas do Temer para não morar no Alvorada. “Morei lá e nunca vi nenhum fantasma”. Devia ter ficado mais atenta, porque ela pode não ter visto, mas que rondaram o palácio, lá isso rondaram.
– Relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA), sócio de uma empresa que deve ao INSS – veja só -, afirma que os trabalhadores estão chorando sobre o leite derramado. Isso porque, segundo suas palavras, aposentadoria integral não existe mais. O máximo que se poderá ver nesta reforma será os tipos: aposentadoria semidesnatada e desnatada. Para o pessoal da informalidade segue o tipo aposentadoria em pó.
– Na Boa (Esporte), o goleiro Bruno – preso há quase sete anos pela participação na morte da ex-amante – tem o direito de recorrer em liberdade de suas acusações. Agora, que isso é uma coisa normal, não queiram que a gente ache. Se é pra levar na esportiva, deveriam mandar soltar também o Bola, seu cúmplice, pra ele recorrer em liberdade, “dentro das quatro linhas”.
– Quase 70% do batalhão do BOE de Santa Maria se despediu cantando: “Deu pra ti, Depressão Central, vou pra Porto Alegre, tchau!”
– Pra mim, o problema do Brasil é de encanamento. Enquanto uns entram pelo cano na economia, outros são expostos pelos vazamentos da justiça. Mas não sei se usando Tigre haveria jeito.
– As teorias de conspiração nas redes sociais são de dois tipos: sem inspiração ou com piração. É o Brasil.
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