UFSM. Reitor vai à Câmara e diz que há risco de a instituição paralisar atividades em setembro. Como?
Por MAIQUEL ROSAURO (com foto de Fabiano Bohrer/AICV), Especial para o Site
O reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Paulo Afonso Burmann, esteve na Câmara de Vereadores na tarde dessa terça-feira (18). Ele demonstrou preocupação com a queda de repasses da União e afirmou que existe a possibilidade de a instituição paralisar totalmente suas atividades em setembro, caso a situação não seja normalizada.
“Vim até aqui pedir a mobilização de todos os vereadores para que lutemos pela nossa universidade. Quero que todos compreendam que a UFSM é de todos nós”, salientou o reitor.
De acordo com o pró-reitor de Planejamento, Frank Leonardo Casado, a UFSM recebeu este ano R$ 34 milhões para limite de empenho em custeio e capital. Porém, a instituição conta hoje liquidado e não pago o total de R$ 10.219.000,00.
Como resultado da queda da repasses, 68 vigilantes terceirizados que atuavam na UFSM foram demitidos este mês. Há também o risco que funcionários terceirizados do HUSM perderem o emprego.
O setor da construção civil também deverá sentir os efeitos do déficit financeiro. Há um grande volume de obras no campus e a falta de pagamentos por parte da UFSM tende a gerar demissões nas construtoras.
Em maio, a Câmara de Vereadores irá realizar uma reunião plenária no campus. Enquanto isso, os parlamentares entrarão em contato com os deputados federais e senadores de seus partidos a fim de pressionar a União para regularizar os repasses.
Não está na hora de “caírem na real” e darem força para todas as reformas para finalmente as contas melhorarem e os repasses continuarem em dia? Quando vão assumir a encrenca? Que adianta greves com cofres vazios?
A mesma coisa no Estado do Rio Grande do Sul. Querem aumento, salários em dia, mas se arvoram de um corporativismo ingênuo (no mínimo) para atrapalharem as mudanças e impedir o conserto das contas públicas. Que mundo é esse? Que poder é esse concedido a meros funcionários públicos para complicar a nossa vida, nós que pagamos a conta, e pagaremos uma conta cada vez mais alta com contas públicas sempre no vermelho?
Um apelo à Vossa Magnificência, apelo que será em vão, mas não custa fazê-lo. Farão greve? Falta recursos? Ora, corte o ponto. O senhor tem todo o direito legal de fazer isso, até o STF já autorizou. logo, vai sobrar alguma coisa para pagar as contas vindouras.
Como o rombo da Previdência só tende a aumentar sem a reforma, as contas públicas só tendem a piorar.
O serviço público não quer a reforma, vai fazer a paralisação contra as mudanças, logo, não quer o conserto das contas públicas, ajuste que favoreceria a continuidade dos repasses orçamentários. A choradeira tende a aumentar na mesma proporção que as contas piorarem.
Como não se responsabilizarão por fazer mudanças nos orçamentos compatíveis com a falta de recursos vindouros e não se pode demitir, a continuidade do novelão global das greves é certo e sabido. E quem serão os prejudicados? A quem eles dizem defender “pela luta”.
Como isso se chama? Esquizofrenia (dissociação da realidade).
O que me admira é que faltam poucos dias para a paralisação grevista acontecer (inclusive na UFSM) e os atores dessa greve não se tocam que sem a reforma da Previdência as verbas para a educação, saúde e segurança só tendem a minguar.
É sabido que há outros motivos causadores do rombo: governos sequentes de vários partidos gastaram mal, há corrupção, o serviço público é inchado e ineficiente, há muitos privilégios e direitos adquiridos fora da realidade e do bom senso, as contas nunca fecham e por isso é sempre preciso emitir títulos da dívida pública, que não pode ser a juro baixo porque senão ninguém os compra. Impostos recolhidos que entram no erário nem “esquentam o cofre”, saem direto para pagar os altos juros da dívida pública, feitas desde sempre.
Mas é inevitável que se conserte o rombo anual da Previdência porque não é de poucos milhões.
E onde está o gestor de verdade que deveria tomar ações internas para se adequar a novos orçamentos? Está sendo pago para isso.
Se um gestor de empresa privada vai “chorar as pitangas” para o bispo porque as vendas caíram em função das circunstâncias do mercado, ele é palco de risadas no sermão da missa de domingo.
E alguns ainda ficam brabos quando se diz que o serviço público brasileiro é um mundo de fantasia.
Então as obras não podem parar? Ora, as incorporadoras pararam suas obras e demitiram um monte de pessoas de três anos para cá, e isso é a realidade dos tempos. E Vossa Magnificência não tem financistas competentes na sua equipe?