AÇÃO DA BM. “Me atropelaram, me arrastaram, com cassetete na cabeça”, narra o deputado que foi detido
No jornal eletrônico SUL21, por Luis Eduardo Gomes (texto) e Guilherme Santos (foto)
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o deputado Jeferson Fernandes (PT) coordenava uma audiência pública no início da noite de quarta-feira (14) sobre a Lanceiros Negros, ocupação por moradia localizada no Centro de Porto Alegre e sobre a qual pairava uma decisão de reintegração de posse autorizada pela Justiça. No início do evento, não havia qualquer informação sobre quando a Brigada Militar iria realizar a operação de despejo. Pouco antes das 19h, porém, chega ao Plenarinho da Casa a informação de que a ação da polícia já estaria em andamento. Jeferson decide então transferir a audiência para a ocupação, localizada a menos de 300 metros da Assembleia, na esquina entre as ruas General Câmara e Andrade Neves. Na manhã desta quinta-feira (15), em conversa por telefone, o deputado relatou ao Sul21 o que vivenciaria nas horas que sucederam essa decisão.
“No meio do caminho, começaram a chegar vários policiais militares, acho que um grupo de mais ou menos 200 policiais. Eu estava descendo ao lado de crianças, de mulheres. Mas o que eu imaginei: ‘Os caras vão cercar a área, vão criar um clima de negociação, como é de se imaginar que num protocolo civilizado se faça e, buenas, amanhã, na luz do dia, se faz a desocupação, se necessário. Daí tudo bem, se não der a negociação, talvez usem da força. Mas como a própria ordem judicial dizia, protegendo as crianças através do conselho tutelar, lendo o mandado e assim por diante’”.
Na prática, aconteceu justamente o contrário, prossegue Jeferson. “Eu estava descendo a lomba, quando de repente desce um batalhão com escudos. Tentei gritar, até estou com dificuldades na voz de tanto que eu clamava para aparecer o oficial de justiça, aparecer o comandante da tropa. Não apareceu. Como eu continuei ali, na frente da ocupação, me jogaram muito gás no rosto, tiros nos meus pés, nas minhas pernas, tentando de todas as formas que eu saísse da frente sem que eu soubesse, ninguém sabia ali, o que eles efetivamente iriam fazer”.
Jeferson relata que só depois de a operação já ter iniciado, dele e de outros apoiadores da Lanceiros Negros exigirem que os protocolos mínimos fossem seguidos, apareceram dois oficiais de justiça no local.
“Mal e mal me mostraram o mandado, não admitindo, não fazendo nenhum autocrítica da ação que eles tinham autorizado até o presente momento e dizendo que eu tinha que sair da frente. Como eu disse que não sairia enquanto todo um protocolo civilizado de respeito às mulheres e às crianças fosse apresentado, o oficial deu o ok para a Brigada. Aí me atropelaram, me arrastaram pelas pernas. Torceram o braço, me deram gravata, me algemaram, torceram minhas mãos, meus dedos, fui xingado, cassetete na cabeça e por aí a fora”.
Jeferson foi então colocado dentro de um camburão junto com duas mulheres. “Transitaram comigo no Centro fazendo movimentos bruscos com o veículo, certamente para me intimidar, eu e mais duas mulheres dentro da gaiola da viatura. Ficou estacionado uns 20 minutos na frente do Palácio Piratini, pelo que eu via por uma frestinha que eu podia enxergar para fora. Acredito que, em virtude da repercussão que as mídias devem ter dado, as mídias sociais, eles resolveram então me levar até a frente do Theatro São Pedro e lá me soltaram. Simplesmente me soltaram. Um troço louco, porque, se eu estava preso, o procedimento adequado é levar o sujeito para a delegacia, como levaram os demais. E aí me soltaram na frente do Theatro São Pedro”.
Uma vez liberado, o deputado foi para o Palácio da Polícia para registrar o ocorrido e fazer um exame de corpo de delito e solicitou que todas as pessoas presas durante a reintegração, ao menos oito, fossem encaminhadas para o local. As duas mulheres que estavam ao lado dele no camburão não haviam sido liberadas ainda.
“Não há nenhuma vírgula fora do que eu estou falando. Tudo está comprovado, tudo gravado”, diz. A assessoria do deputado transmitiu ao vivo, via redes sociais, as ações…”
PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.
É o velho filme. Lei que não foi feita pelos vermelhinhos para eles não vale. Politiza-se para não cumprir.
Se a lei é para todos, também é para deputado. Existe ordem judicial em pleno cumprimento pela autoridade policial, então, qual o problema? Por ser deputado e, talvez, um dos beneficiários eleitorais de ocupadores, tem que cumprir a mesma regra. Senão, pimenta nele.
Apronta naquele momento, “esquecendo-se” que é deputado que tem de obedecer o ato legal, que é uma reintegração de posse expedida por um juiz, e queria o quê?
Vamos combinar, antes de irem para a “ocupação” as famílias estavam em algum outro lugar que não era a rua. Alguém foi lá e prometeu alguma coisa. Certamente não foi de graça. Existe mais de uma maneira de comprar votos.
Falam em criar “protocolos”. Parece que é coisa do MP e Defensoria. No meio do documento inserem algo como “só pode haver desocupação se também existir outro local para destinar as famílias”. Bingo! Estado não consegue nem pagar os salários em dia, não existem outros lugares, viva a ocupação!
Deputado vai ganhar muitos votos e virou herói dos vermelhinhos. O resto é mimimi. Militantes com sotaque carioca, o que leva a cogitação de outros partidos além do PT, como o PSOL por exemplo.
O discurso paralelo é o que leva à inoperância. Se deixam para o outro dia de manhã, juntam um monte de vermelhinhos na frente e o efetivo da BM tem que ser maior. Ou não sai desocupação.