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Profissões – por Orlando Fonseca

Especialistas e pesquisadores da área afirmam que várias profissões conhecidas – e praticadas – há séculos, vão desaparecer em menos de 20 anos. Muito em breve, você não se surpreenderá em receber uma encomenda através de um drone, ou ver da janela do seu apartamento que o caminhão das encomendas não tem nenhum motorista na cabine. A robotização no mundo do trabalho já é uma realidade.

Mas nem tudo é apocalipse, até porque os profetas também foram substituídos pelos “futuristas” – gente especializada em criar cenários e prospectar tendências. Semana passada, uma matéria jornalística da BBC me chamou a atenção para um revival profissional: os barbeiros foram resgatados pelos hipsters. E nessa lista tem mais gente – de carne e osso – batalhando o pão de cada dia com o suor do rosto, como soe acontecer, há milênios, com os humanos. Caso dos açougueiros e bartenders.

A ninguém escapa que as transformações trazidas pelas novas tecnologias colocaram em risco muitas das atividades almejadas por aqueles que olham para o mundo do trabalho com o desejo de ingressar nele. Em alguns casos, é necessário algum tempo nos bancos das melhores universidades, ou nos laboratórios de cursos técnicos, ou estágios em cursos preparatórios que orientam para especialidades com alto grau de sofisticação. Vai daí que, nos últimos anos, um jovem que consultasse sites de orientação, ou ouvisse algum renomado “coach” – nome que surge nos tempos da atual modernidade – para indicar os antigos orientadores, ou treinadores dos futuros profissionais – para saber qual carreira escolher, certamente ouviria indicações sobre atividades oriundas do mundo surgido com a revolução técnico-cibernética.

Só que o mundo dos humanos segue uma lógica de suas peculiaridades, suas idiossincrasias, suas necessidades básicas. O ser humano não pode ser medido, apenas, por suas grandes aspirações, mas, sobretudo, por suas mais comezinhas tarefas a desempenhar – ou enfrentar – no cotidiano. E, como se sabe quando se o vive com atenção, no fim das contas, é esse que grita mais alto, reivindica com maior força, estabelecendo o que se poderia chamar de “a ordem natural das coisas”.

Neste parâmetro cabem os instintos básicos, a redução elementar ao que na verdade somos. Esperança – ao menos a minha – de que por aí é que triunfaremos diante da ditadura tecnológica – muito mais poderosa em megawatts, megabytes e que tais – com sua plenipotenciária inteligência artificial. Viver o natural é a nossa perspectiva de redenção e sobrevivência.

Tem profissões que são tão “matusalêmicas” – inventei agora – quanto nossos ancestrais. Por isso, sem o apoio das revoluções industriais e cibernéticas – o que é um desaforo com os nossos que descobriram o fogo e a roda – é que se caracterizam pelos trabalhos manuais, tão necessários e salvadores, mas pouco prestigiados. Embora sejam exercidos há séculos em todo o mundo, o que lhes garante sobrevivência e não “glamour” ou status. Só que agora, nas grandes metrópoles inventadas e garantidas pela tecnologia, uma nova geração dos nossos está reinventando aquelas funções. E mais, como carreiras bem remuneradas e perfeitamente reconhecidas, até para quem tem diploma universitário.

São jovens que optam por não exercer nenhuma das profissões prestigiadas da economia, escolhendo velhos ofícios que têm permanência entre os interesses humanos. Pois a barba e o cabelo crescem, apesar da era digital, a necessidade de proteínas se associa ao gosto que sofisticou e, como no mundo feito de carne, osso e nervos ninguém é de ferro, os “paraísos artificiais” também têm lugar garantido.

E aí é que “barbershops” – inspiradas nas tradicionais barbearias – oferecem o serviço completo para os homens, fazendo barba, cabelo, bigode e até limpeza de pele – tudo com direito a cerveja servida no local. Os antigos açougueiros, antes conhecido por uma aura de “barbárie”, agora são valorizados pelo que conhecem: tudo sobre os melhores cortes de carne. Os bartenders não podem mais ser conhecidos apenas como garçons ou balconistas: são mestres em coquetéis, elevando a função quase a uma categoria de arte. Adicione-se à receita etílica o surgimento de fabricantes de cervejas artesanais e temos um novo quadro a ser cultuado na cena “happy hour” destes novos – velhos – tempos.

Ainda tem mais: enfermeira, psicólogo, gestor de pessoas e professor são profissões que têm futuro garantido. Até a mais antiga das profissões, por exemplo, evoluiu. Das bonecas infláveis para modelos hiper-realistas, de silicone e outros apetrechos caprichados, a área do lazer erótico tem vida garantida em meio a esta era de virtualidades. Já em termos daquela apelidada pelos operadores de direito como a prostituta da justiça – a testemunha -, no Brasil, foi reciclada e agora dá plantão nos depoimentos da Lava jato.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é reprodução da internet.

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