ARTIGO. “A Universidade se nega a morrer”, analisa Marionaldo Ferreira após quatro da gestão Burmann
“Durante os últimos 4 anos, vivemos a experiência de uma gestão que se dedicou ao restabelecimento do tratamento humanizado e a inserção da Universidade nos espaços municipais, estaduais, nacionais e internacionais.
Ousamos arriscar, através da proposição de muitas ações que, a rigor, nem nós mesmos poderíamos ter certeza dos resultados.
Fizemos muito com pouco, sempre contando com muita disposição política e com a liderança forte dos professores Burmann e Bayard. A UFSM, hoje, absorve várias demandas, especialmente por fazer parte do projeto de vida de muitas pessoas.
Agora, porém, precisamos ir além. Apesar desse contexto atual ter tornado-se uma referência para muitos, o cenário nacional e internacional mudou. E é justamente a mudança que faz com que tenhamos mais vontade de acertar…”
CLIQUE AQUI para ler o artigo do servidor público Marionaldo Ferreira, que hoje atua como secretário geral do gabinete do reitor Paulo Burmann.
E daí naturalmente elenca-se os objetivos, as metas de performance ano a ano, paulatinas, faça-se as mudanças de currículos, exonere-se quem não vestir a camisa, encaminhe-se tudo que for necessário para que esse resultado aconteça. Algo assim seria lindo e cabível.
Não é mole? Mas é assim que as coisas funcionam na vida real. Numa empresa, isso colocado, muito é pensado, planejado e feito para se chegar na visão estabelecida. Chegando ao menos perto, já seria missão cumprida. Todos ganhariam. A sociedade que paga a conta teria retorno.
Eis o fato valoroso, que torna totalmente prescindível a política, que só atrapalha e nos custa muito caro.
“Sugestão de pauta” para a sua próxima coluna, caro servidor, coisa de gestão mesmo, moderna, de visão institucional que gera valor para a sociedade. É mais ou menos isto aí abaixo que a sociedade quer ver, não um superficialismo que lembra o horário eleitoral gratuito. Exemplificando:
“Planejamento Estratégico da UFSM para os próximos 10 anos”. Sim, deve contemplar mais de um reinado, pois a meta deve ser institucional, não política.
“Visão: ser uma universidade de referência com 80% dos cursos com notas A e se posicionar entre as cinco melhores universidades do país”.
Lindo! Fiquei emocionado com o discurso de um servidor. Muito bom o discurso … para um candidato para eleição no DCE. Reparem o conteúdo, está no mesmo nível.
Gente, entendam, uma universidade pública não é para ter esses “momentos sentimentais” . A universidade é uma instituição pública da sociedade que paga uma alta conta, não é dos seus funcionários e não é um fim em si mesma. Tem de mostrar resultados: foco são a educação e a qualidade dela, não a política.
Não politizem a universidade, fica algo comum e até surreal. Mais uma evidência que a gestão precisa ser profissional, autônoma, terceirizada ou direta do MEC, até para prestar conta diretamente para a sociedade e poder-se cobrar resultados educacionais e de pesquisa.
Dilma fazendo escola: “Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta.”
Auto-elogio, exaltação, promessa de melhorias no futuro. Nenhum exemplo prático para evitar a crítica. “Verbalismo” oco.
Nada sobre o memorando procurando israelenses nos programas de pós-graduação, nada sobre o fim precipitado do vestibular na base do “assembleismo”, nada sobre a comissão da “verdade” para promoção de sabe-se lá que interesses, nada sobre a UFSM ter saído da lista das melhores universidades no ranking mundial (mesmo estando na rabeira ainda era algo para comemorar), nada sobre estatuinte emperrada, nada sobre um reitor que gosta de utilizar o cargo para imiscuir-se na política extramuros.
Em pleno setembro amarelo não temos uma universidade que se nega a morrer. Temos uma universidade que continuamente tenta se matar.