COVID-19. Indígenas de aldeias na cidade vivem o momento difícil de isolamento social e pedem apoio
Por FRITZ R. NUNES (com foto de Arquivo), da Assessoria de Imprensa da Sedufsm
A população em geral enfrenta situação difícil diante da necessidade de isolamento social, em função da pandemia de coronavírus (covid-19). Contudo, para as populações indígenas, os efeitos são ainda piores. O sustento das famílias indígenas que moram na região de Santa Maria depende muito das vendas de artesanatos que eles mesmos confeccionam.
Entretanto, nesse momento, tanto os kaingang quanto os guarani estão recolhidos em suas aldeias, para evitar um contágio com o vírus que, nessas pequenas comunidades, pode ser gravíssimo. A inviabilidade de vender os produtos artesanais gera uma situação social difícil tanto para uma quanto para outra etnia. Todavia, no caso da aldeia Mbyá Guarani, agregou-se um problema mais recente: a precariedade da ponte para o acesso à comunidade.
Na aldeia kaingang Três Soitas, que hoje está fixada no distrito de Arroio Grande (estrada de Canudos), a dificuldade maior é a alimentação, explica Natanael Claudino, professor da escola indígena Augusto Opê da Silva, e também cacique. Segundo ele, 13 famílias moram na localidade, sendo que alguns desses moradores recebem o bolsa família, outros trabalham na escola, mas a grande maioria sobrevive da venda do artesanato, que agora está impedida de ocorrer. Para minimizar o impacto da falta de recursos dos que não têm fonte de renda, Claudino comenta que os que recebem salário partilham com aqueles que não têm nada. Ajudam também cestas básicas vindas do município e de campanhas de arrecadação da comunidade.
O docente indígena relata que estão todos com saúde na comunidade, e quando precisam vir até Santa Maria, usam as máscaras que foram fornecidas pela secretaria municipal de Saúde. Para Claudino, apesar das doações que recebem, de diversas campanhas, como as realizadas pela Cáritas/Banco da Esperança-Cooperança, ligadas à Igreja Católica, a necessidade maior passa por produtos alimentícios. Para facilitar o acesso a quem deseja fazer doações em dinheiro, a aldeia kaingang possui uma associação. Interessados em fazer doações:
Banco do Brasil: agência 2893-2
Conta: 123.815-9
Ponte sem conserto prejudica aldeia Guarani
Os percalços enfrentados pelas 24 famílias da aldeia Mbyá Guarani (Guaviraty Porã) não são muito diferentes dos que passam os kaingang. A impossibilidade de venda do artesanato é o que mais pesa na formação da renda para a sobrevivência deles. E um fato dificulta ainda mais: essa comunidade, cuja aldeia se localiza nos fundos do bairro Nova Santa Marta, próximo ao Distrito Industrial, desde o ano de 2012, não possui uma associação, o que tornaria mais fácil a doação de recursos em dinheiro.
Perguntado sobre a questão da saúde da comunidade, o cacique guarani, Jonata Benites, ressalta que estão bem atendidos, já que há um automóvel da secretaria especial de Saúde Indígena, com um técnico em enfermagem, que realiza esse trabalho. Entretanto, o médico visita a comunidade uma vez por mês, e a reivindicação é que pudesse fazê-lo uma vez por semana.
Há pelo menos dois meses, explica Benites, a comunidade pede à prefeitura de Santa Maria que conserte uma ponte da localidade, que fica a 500 metros da aldeia. Sem as melhores condições de trafegabilidade, no caso de uma emergência de saúde, o cacique teme que uma ambulância do Samu, por exemplo, não consiga chegar mais próxima das residências indígenas para transportar o doente. Na localidade também há uma escola, que neste momento está sem funcionar devido ao distanciamento social…”
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