Por um conceito de educação especial – Por Demetrio Cherobini
Qual o elemento determinante a determinar essa prática? Sim, é pergunta!
É consenso compreender a educação especial como o tipo de atividade educativa voltada às pessoas com necessidades especiais. Mas aqui uma ponderação se impõe: qual o significado de educação, ou seja, do elemento determinante nos termos que distinguem essa prática específica? Clarificar esse assunto exige ir além das discussões, dominantes no campo, costumeiramente situadas em torno da didática e da metodologia do ensino – sem desprezar, por certo, as suas contribuições.
Nesse sentido, é justo considerar o problema “para que ensinar?” preponderante em relação a “como ensinar?” – dúvida central das preocupações didáticas. Por isso, concebo, como tarefa incontornável aos profissionais do ofício, a elaboração de um conceito de educação bem embasado capaz de orientar efetivamente o trabalho a ser desempenhado na educação especial.
Entendo, assim, que somente uma perspectiva que coloque para si a reflexão sobre a qualidade e os fins da educação pode ajudar a educação especial a estabelecer suas definições formais e realizar práticas eficazes e generosas em relação à formação daqueles a quem ela se dedica ensinar. Trata-se de delimitar, então, em primeiro lugar, as noções e as questões capazes de guiar racionalmente a estratégia da ação educativa: o que é uma pessoa bem-educada? Que tipo de homens e mulheres queremos formar? As respostas, por suposto, só podem ser elaboradas levando-se em conta a nossa sociedade, suas características principais e seus dilemas atuais.
Nesse sentido, penso na educação não como algo equivalente ao mero aprendizado de conteúdos fragmentados e isolados uns dos outros, nem à fugaz memorização de fórmulas, nem ao desenvolvimento de hábitos que levem ao ensimesmamento do indivíduo em uma vida apartada da coletividade.
Ao contrário: o sujeito educado é aquele que, a partir de um rigoroso e paciente esforço intelectivo, marcado por análise, síntese e pensamento crítico, compreende o mundo onde se insere como uma totalidade ricamente estruturada, na qual as transformações são o fruto da ação permanente e conjunta de homens e mulheres fazendo a sua própria história. Consciente disso, ele identifica e se associa corretamente com seus pares e participa do movimento de superação dos obstáculos que impedem o gênero humano de realizar as potencialidades inerentes a si.
Eis aí as linhas gerais para a formulação do conceito. Ensinar os conhecimentos que levam ao entendimento acima descrito é, a meu ver, o objetivo supremo da educação especial.
(*) Demetrio Cherobini, professor da rede municipal de Santa Maria, é licenciado em Educação Especial e bacharel e Ciências Sociais pela UFSM, mestre e doutor em Educação pela UFSM e pós-doutor em Sociologia pela Unicamp.
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