Mulheres à luta – por Elen Biguelini
E ‘juntemos nossas vozes àquelas de outros grupos minoritários discriminados’
Meses antes da eleição, um grupo de mulheres se uniu tentando impedir que certo candidato tivesse a maioria de votos. Não teve sucesso. Ainda assim, movimentos como MUCB (Mulheres Unidas Contra Bols.onaro) demonstram a capacidade de grupos dissidentes de se reunirem e protestarem por seus direitos. É o mesmo com as chamadas Marchas das Vadias, ou de Orgulho Gay e Vidas Negras Importam.
Esses eventos, que além de serem momentos de frustração social e exigência de direitos, são também momentos de confraternização e riso. Momentos de sororidade, companheirismo e compreensão mútua. São ocasiões nas quais grupos que sofrem no dia-a-dia com o preconceito que ve00m de todos os lados se encontram e conversam sobre suas dores. Não precisam ter medo, não precisam fugir ou fingir que não são aquilo que são.
São sim pequenas situações de camaradagem e companheirismo, mas vão muito além disto. São dias de luta, horas de confraternização por um ideal.
Através destas manifestações, muito conseguiram as mulheres. Nomes importantes surgiram em meio àqueles que se manifestaram. O movimento sufragista, por exemplo, trouxe grande número de nomes femininos que modificaram a história das mulheres. No Brasil, é o nome de Bertha Lutz que mais se destaca. A feminista que tinha amigos poderosos no governo brasileiro, conseguiu avançar muito o sufrágio feminino no país. Outro momento marcante para história do país foi quando mulheres se uniram e marcharam contra a ditadura; ou quando jovens de todos os sexos pintaram seus rostos e reclamaram seus direitos de cidadania.
Mais recentemente, é o nome de Marielle que ressoa alto entre feministas (e não feministas). Sua morte causou uma indignação mundial. O direito das mulheres (e em especial das mulheres negras) tornou-se atrelado ao nome da vereadora do Rio de Janeiro. #MarielleVive na memória e no coração das mulheres e homens que tem a igualdade social em suas veias.
Em épocas de pandemia, não podemos fazer manifestações tão grandes e cheias quanto desejamos, mas podemos utilizar outras formas para que nossas vozes sejam ouvidas. A internet é um aparelho muito eficaz na propagação das falas daqueles que veem a desigualdade e violência que está em toda nossa volta.
Juntemos nossas vozes àquelas de outros grupos minoritários discriminados. Clamemos pelos direitos indígenas, pelas pessoas gays, lésbicas, trans; por aqueles que têm sua religião difamada com mentiras e rumores. Batamos nossas panelas, coloquemos imagens de luta em nossas contas de facebook, instagram, tiktok.
Se a internet é o único meio que podemos utilizar para gritar por nossos direitos agora, temos que usá-la ferozmente.
Não fiquemos aquém de nossas antecessoras. Também nós mulheres de 2021 podemos clamar pela igualdade.
(*) Elen Biguelini é Doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no site.
Nota do Editor. A foto da escadaria em homenagem a Marielle Franco no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP), e que ilustra este artigo é uma reprodução do Twitter/ @luduvicu.
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