Forças Armadas como instrumento de ameaça à democracia – por Paulo Pimenta
“Cabe às instituições - e sobretudo à sociedade civil - dar um basta”
As Forças Armadas se prestaram a um lamentável papel, na cena armada por Bolsonaro. Um Presidente declinante, rejeitado pela maioria do povo brasileiro, acossado por denúncias de genocídio e corrupção.
Ao realizar essa duvidosa exibição de musculatura, na Esplanada dos Ministérios, contra o Congresso Nacional, o STF, o TSE e contra a sociedade, Bolsonaro associa as Forças Armadas a um espetáculo de quinta categoria. Onde o protagonista que armou a pantomima sabe de antemão que será derrotado. Revela, portanto, mais anemia política do que força, propriamente.
Nesse preciso momento, 10 de agosto de 2021, do outro lado da Praça dos Três Poderes o plenário da Câmara dos deputados estará reunido para votar a adoção ou rejeição do voto impresso. Matéria já rejeitada na Comissão Especial encarregada de analisá-la.
Um expediente inspirado na fracassada aventura de Donald Trump em janeiro deste ano, pautado e agitado há alguns meses pelo atual ocupante do Palácio do Planalto com o objetivo de tumultuar o processo eleitoral de 2022, que pode levá-lo à derrota. E à prisão.
O ataque ao sistema de votação eletrônico e a defesa do voto impresso buscam devolver o processo eleitoral brasileiro aos controles dos currais eleitorais da Primeira República. Uma ação articulada entre Bolsonaro e as milícias que o apoiam, sobre áreas eleitorais onde atuam, para ampliar o controle de amplos territórios.
O que desejam exatamente os comandantes das Forças Armadas com a “Operação Formosa” neste agosto de 2021? Exibir força? Intimidar o Legislativo? Afrontá-lo? Torrar dinheiro público num convescote no interior de Goiás? Criar um clima de medo na sociedade para manter a democracia tutelada? Ou chegaram à conclusão que se “um soldado e um cabo” não bastam, a gente põe tanques e blindados. Talvez um pouco de tudo isso.
Cabe às instituições – particularmente ao Congresso – e sobretudo à sociedade civil dar um basta à sucessão de crimes de responsabilidade perpetrada por esse personagem que conduziu a sociedade brasileira à barbárie em que nos encontramos.
O comunicado da Marinha, expedido na noite de ontem, é revelador da insensibilidade e do estado de indigência em que se encontram os comandos das instituições encarregadas da defesa do país. O tom burocrático, impermeável, só reforça a apreensão dos setores democráticos da sociedade brasileira diante da escalada do projeto de autoritário contra as instituições e o processo eleitoral de 2022.
Frente às ameaças, cabe às instituições da República firmeza na exigência do cumprimento da Constituição, e aos setores progressistas, uma resposta firme, ocupando as ruas e as redes na defesa intransigente da democracia.
Ditadura Nunca Mais!
Fora Bolsonaro!
(*) Paulo Pimenta é jornalista e deputado federal, presidente estadual do PT/RS e escreve no site às quartas-feiras.
Nota do Editor: a foto que ilustra este artigo, de um tanque desfilando em Brasília nesta terça-feira, 10, é de Marcelo Camargo, da Agência Brasil.
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