Por Bruna Homrich e Fritz R. Nunes / Da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM
O Novo Ensino Médio vem colecionando críticas tanto no que tange ao seu conteúdo, quanto no que se refere à metodologia com que foi construído. Desde a última segunda, 16, a Assessoria de Imprensa da Sedufsm tem problematizado a questão. Inicialmente, entrevistou as professoras Nara Ramos (Educação) e Laura Senna Ferreira (Ciências Sociais), que fizeram uma ABORDAGEM mais global do tema. E, na terça, 17, ambas debateram os impactos desse projeto governamental – que inicia oficialmente em 2022 – para as LICENCIATURAS e para os (as) jovens.
Na reportagem desta quarta, 18, você tem as falas de dirigentes sindicais ligados à área da educação que, em comum, afirmam: o projeto foi construído sem levar em consideração as opiniões e necessidades de professores(as), pesquisadores(as) e comunidade escolar.
E disso decorre, na avaliação deles (as), a formulação de um modelo de escola que, ao invés de combater o fenômeno da evasão escolar, tende a reforça-lo; ao invés de fortalecer a qualidade da educação ofertada aos(às) alunos, empobrece-a; no lugar de trazer uma formação humana e cidadã, favorece o tecnicismo, o aligeiramento e a divisão social do trabalho entre quem pode e quem não pode pagar.
Celma Pietczak, coordenadora do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm), pondera que o Ensino Médio brasileiro tem problemas necessários de serem enfrentados. Contudo, as respostas para tais questões caminhariam no sentido contrário ao que vem sendo proposto na nova lei.
“Entendo que a politecnia seria o caminho adequado, uma formação que alcançasse a pluralidade de conhecimentos, o domínio dos avanços científicos e tecnológicos, enfim, os saberes que levem à formação integral do estudante”, comenta a professora. Isso, por exemplo, confrontaria a alteração trazida na lei, que mantém apenas as disciplinas de língua portuguesa e matemática como obrigatórias para os três anos do ensino médio, excetuando Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia.
“Tem sido prática recorrente as mudanças em educação sem a participação dos sujeitos nela envolvidos. Foi assim também com a BNCC que desconsiderou conversas anteriores e não promoveu a participação dos educadores. Os impactos disso são mudanças que desconsideram a realidade das escolas, dos estudantes e das comunidades, mudanças mais comprometidas com grandes corporações e seus interesses e menos com o que de fato é a escola e sua função de transformação social”, opina Celma.
Descompromisso e precarização
Ascísio Pereira, vice-presidente da Sedufsm e docente do departamento de Fundamentos da Educação da UFSM, também compartilha a análise de que, no Brasil, as reformas educacionais vêm, geralmente, de cima para baixo. Abusando de falácias e recorrendo a um modelo de educação que remonta às décadas de 1960 e 1970, o Novo Ensino Médio cumpriria o papel de formar mão de obra precarizada e barata para o mercado de trabalho. Uma força de trabalho a ser preenchida por filhos e filhas da classe trabalhadora, ao passo em que, quem pode pagar, terá acesso a uma formação mais qualificada.
“O compromisso de quem propõe essa reforma não é com a educação dos filhos da classe trabalhadora. É uma proposta falsa de um ensino médio que não tem como se cumprir. Qualquer pessoa que conheça minimamente a realidade da escola pública brasileira, sabe que isso [o Novo Ensino Médio] não tem como se concretizar”, comenta o diretor da Sedufsm.
Uma escola não interessante
Uma das principais consequências de se aprovar e implementar uma lei sem diálogo com os atores envolvidos é a formatação de uma escola não atrativa para os(as) estudantes. Lucio Ramos, diretor do 2º núcleo do Cpers Sindicato, explica que o Novo Ensino Médio tende a empobrecer os currículos, contrariando a defesa de educadores(as) a respeito de uma educação mais humanitária e cidadã.
“As alterações deveriam ser feitas em cima de debates, onde todos nós pudéssemos ser escutados e opinar. O impacto maior [dessa falta de diálogo na aprovação da nova lei] é afastar ainda mais o aluno da escola. Há um grande número de jovens que pararam de estudar. E um projeto como esse não vai facilitar que eles voltem para a escola. A escola seguirá não sendo interessante”, diz Ramos.
Da mesma forma que Ascísio, o professor estadual também acredita que o modelo de escola implementado pelo Novo Ensino Médio tem como objetivo formar mão-de-obra barata e dificultar o despertar dos(as) alunos(as) para reflexões mais amplas sobre cidadania e direitos.
Maria Lúcia Coelho Corrêa, diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Privado no RS (Sinpro/RS), sinaliza que toda mudança é bem-vinda, mas a nova lei que passa a vigorar em 2022 assusta pois foi aprovada sem um amplo debate, ficando sua elaboração restrita a um legislativo que, de forma geral, tem pouca noção das necessidades e deficiências da educação brasileira. “A maior parte dos professores pouco sabem das mudanças [que virão]. A complexidade desse processo pode gerar insegurança. O professor é o principal agente e precisa se apoderar dessas condições e subsídios para que, de fato, o Novo Ensino Médio qualifique a educação e proporcione melhores perspectivas para nossos estudantes”, explica a diretora sindical…”
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Professores, pesquisadores, etc. esquecem de um detalhe importante: as instituições de ensino são para os/as alunos(as), eles(as) são o foco. Os gramscianos também esquecem que o ensino é para atender toda a sociedade, não a ideologia deles.
Terceiro aspecto. Antigamente havia o ensino vocacional (os Hugo Taylor da vida, que hoje são Senac;/Senai/Senar), o normal, o classico e o cientifico. Veio a reforma dos militares, copia do sistema americano (lá funciona; alás, os livros daquela epoca na area de exatas são muito mais aprofundados do que os de hoje). O que a reforma trás? Linguagens e suas tecnologias (um classico), matematica e suas tecnologias (um cientifico), ciencias da natureza e suas tecnologias (um cientifico), humanas e sociais aplicadas (um classico) e formação tecnica e profissional. Obvio que no começo haverão problemas.
Resumo da opera: o funcionalismo publico estável é fonte de atraso. E para quem tem memória ruim, Tarso, o intelectual, tentou implantar um tal ensino politecnico no RS, sem discussão com a sociedade e com aplauso dos gramscianos. Vendo de quem veio só podia dar no que deu.