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Donzelas Guerreiras 7. Maria Quitéria, a Soldada Medeiros – por Elen Biguelini

Hoje nos despediremos das donzelas guerreiras com outra brasileira.

Maria Quitéria de Medeiros marcou a história do Brasil ao lutar contra portugueses que não aceitavam a independência do país em 1822.

Ela nasceu em 27 de julho de 1792 em Feira de Santana, na Bahia; em um distrito que atualmente leva seu nome. Era a filha mais velha de Gonçalo Alves de Almeida e de Quitéria Maria de Jesus e se tornou órfã de mãe quando tinha apenas 6 ou 7 anos. Foi criada, então, pela terceira esposa de seu pai, Maria Rosa de Brito.

Quando militares da Bahia pediram o auxilio de voluntários para a guerra contra os lusos que não desejavam a independência brasileira, o pai de Maria Quitéria afirmou ser muito velho para lutar. A filha e uma irmã gostariam de participar, assim, vestindo os trajes do irmão de sua irmã e referida apenas como Soldado Medeiros, a jovem Maria Quitéria com apenas 20 anos se alistou ao Regimento de Artilharia.

Ela foi enviada ao Batalhão de Voluntários do Príncipe, que ficou conhecido como Batalhão dos Periquitos, onde atuou entre outubro de 1822 e a metade de 1823 – durante este período seu sexo biológico provavelmente teria sido descoberto. Durante sua atuação teve sucesso e deixou a imagem de heroísmo e valor, ao que foi premiado quando em março de 1823 foi requisitada uma farda especial própria para ela, assim como uma espada.

Logo que foi sentida sua falta na casa de seu pai, este procurou retirá-la do campo de batalha, mas ela optou por permanecer guerreando em nome de sua pátria e em junho de 1823 a luta havia sido encerrada e o grupo em que caminhava Maria Quitéria entrou em Salvador vitorioso, com calorosa recepção do povo local.

Sua história de glória a levou à corte, então já no Rio de Janeiro, onde foi apresentada a D. Pedro I e recebeu a Ordem Imperial do Cruzeiro, bem como foi elevada a alferes. Isto lhe permitia um soldo mais alto, e ela retornou a sua terra natal, onde se casou com o Gabriel Pereira. Faleceu aos 61 anos, já praticamente cega, em Salvador.

A soldada Medeiros é considerada a primeira mulher a se alistar no exército brasileiro, ainda que outras mulheres tenham atuação na guerra no Brasil. Em 1996, foi reconhecida como Patronesse do Quadro Complementar de Oficiais do Exército pelo então presidente. Em 2018 foi oficialmente instituído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
Muitas cidades tem nomes de ruas em sua homenagem, e a pequena localidade em que nasceu atualmente também se chama Maria Quitéria.

Mais sobre esta personagem:
Biografia no Brasil Escola: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/maria-quiteria.htm
Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Quit%C3%A9ria
“Maria Quitéria, a primeira mulher a se alistar no Exército Brasileiro”, Revista Galileo: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2021/08/maria-quiteria-primeira-mulher-se-alistar-no-exercito-brasileiro.html
PRADO, Maria Lígia; FRANCO, Stella Scatena. Participação feminino no debate público brasileiro. In. PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (org.). “Nova História das Mulheres”. São Paulo: Editora Contexto, 2012. pp. 194-238.

*Elen Biguelinié doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

Nota do editor: A imagem que ilustra o artigo é um retrato póstumo de Maria Quitéria de Jesus Medeiros, de Domenico Failutti.

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