Por Tatiana Py Dutra / Da Padrinho Agência de Conteúdo
Após quase nove anos de espera, o julgamento dos réus da boate Kiss teve início na tarde desta desta quarta-feira (1º). Pais e familiares das vítimas e sobreviventes da tragédia chegaram ao Foro Central de Porto Alegre por volta das 13h. Eles se deslocaram de Santa Maria até a Capital na véspera, para acompanhar o julgamento. A eles foram reservados 56 assentos no plenário e em outros três auditórios do fórum, onde foram instalados telões.
Segundo a advogada Tâmara Biolo, do grupo de apoio à Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), o clima no grupo era de ansiedade e nervosismo, mas “de grande expectativa de que a justiça seja feita”.
Um contratempo, porém, aumentou o nervosismo dos familiares. Quatro mães foram impedidas de acompanhar as atividades no plenário, mesmo havendo assentos disponíveis. Uma delas passou mal e teve de receber atendimento médico.
“Elas se sentiram humilhadas por não poder entrar no plenário e assistir ao julgamento”, comenta Tâmara.
Consultada pela AVTSM, a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul informou que as mães impedidas de acessar o plenário não estavam cadastradas, mas a situação já foi contornada e elas estão autorizadas a acompanhar o julgamento in loco.
Uma única mulher no júri
Os procedimentos do julgamento começaram pela manhã, quando o juiz Orlando Faccini Neto avaliou e respondeu a algumas demandas preliminares das defesas. O magistrado decidiu, por exemplo, permitir que o Ministério Público use a maquete digital que recriou o ambiente interno da boate Kiss, contrariando o desejo dos advogados dos réus. E, como não houve acordo para aumentar o tempo dos debates, o tempo máximo para manifestações iniciais, réplica e tréplica fica limitado a nove horas.
A isso, seguiu-se o sorteio dos jurados. As defesas puderam descartar nomes, com motivos justificados ou não, de modo que levaram à composição de um júri com seis homens e apenas uma mulher.
Segundo a advogada Tâmara Biolo, do grupo de apoio à AVTSM, isso pode ser parte de uma estratégia dos defensores, já que, em teoria, mulheres se vinculam emocionalmente com mais facilidade e poderiam se identificar com a causa das vítimas.
“Lamentamos que as defesas tenham rejeitado praticamente todas as mulheres que estavam dispostas a compor o corpo de jurados. Mas temos certeza de que [os jurados homens] são pais, pessoas responsáveis da sociedade gaúcha que, ao longo desses nove anos, acompanharam esses familiares e têm presente a importância e relevância histórica do julgamento da boate Kiss em termos de prevenção e de exemplo. Os sete jurados sabem que a sociedade estará atenta para que haja uma resposta de justiça, que é a condenação dos quatro réus por homicídio doloso pelas 242 vítimas fatais, e homicídio doloso tentado contra as mais de 630 vítimas sobreviventes”, observa Tâmara.
Telões
Santa Maria, cidade que foi palco da tragédia, recebeu telões para que a população acompanhe a transmissão do julgamento. Um deles está na Tenda da Vigília, espaço de encontro da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), na Praça Saldanha Marinho, no Centro. O outro foi disponibilizado no Clube Comercial (Rua Venâncio Aires, 1.972), onde foi montado um Espaço de Convivência para familiares.
Chegada a Porto Alegre
Um ônibus com cerca de 50 familiares e sobreviventes chegou a Porto Alegre na noite de terça-feira (30). Eles foram recebidos na Tenda do Cuidado, montada em um estacionamento ao lado do Fórum. Foram recepcionados pelo prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), pelo secretário municipal de Desenvolvimento Social de Porto Alegre, Léo Voigt, e representantes do Ministério Público.
Por volta das 20h, partiram dali para o Hotel de Trânsito do Exército, onde estão hospedados. Os traslados para o fórum e locais de refeição serão feitos com um micro-ônibus e um ônibus disponibilizados pela prefeitura de Porto Alegre.
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