Questões do momento – por Orlando Fonseca
Conflito Rússia x Ucrânia e difíceis explicações sobre o que há. Ou não…
Minha filha de 11 anos, preocupada, me pergunta se a guerra vai chegar aqui. Digo-lhe que não, que o conflito deve ficar mesmo para os lados em que está acontecendo. Mas ela tem muitas perguntas sobre o Putin, sobre a Rússia, Ucrânia e EUA. Ela está perplexa com o absurdo de que, nem bem vencemos uma pandemia, e tem um líder maluco – para ela – pensando em guerra.
Como eu poderia responder que não é de hoje essa mania dos seres humanos investidos de poder? Ela quer saber se há alguma semelhança entre este e Hitler, e o que o nosso presidente vai fazer, ou tem feito?
Na medida do possível, vou respondendo, tanto no sentido do meu próprio conhecimento a partir das notícias que tenho lido, muito atento, quanto no de transformar em conversa de pai pra filha o que é possível interpretar como a nova geopolítica mundial.
Todos estamos em regime de atenção. Assim como para minha filha, esse mundo multipolar é uma novidade para nós todos, e o futuro é tão incerto quanto o era para qualquer um há duas semanas, com a diferença de que há novos ingredientes.
Para além desta conjuntura complicada, e parando um pouco para pensar, fico admirado é com a capacidade da minha filha em elaborar questionamentos muito maiores do que aqueles que a ela é possível alcançar apenas olhando ao redor.
Ela é parte de uma geração que já nasceu conectada, portanto, o mundo é apenas uma aldeia um pouco maior, tenho que admitir. De tal modo que as notícias chegam em blocos de grande volume, de todos os lugares do planeta – e até de fora dele. E a essas crianças e adolescentes, filhos deste século, é dada a tarefa de processar com agilidade e rapidez o que vivencia. Isso não tem diso trabalho fácil para humanos.
Tento me colocar no mundo em que eu tinha a idade da minha filha. Não havia meios maiores de receber informações de fora – jornais impressos eram um luxo na Vila Carolina, ao final da década de 1960 – o rádio servia mais para ouvir música.
A consciência da origem da crise econômica, pela qual minha família passava, eu só pude alcançar quando tomei ciência da ditadura pela qual atravessávamos naqueles tempos bicudos. E aí já eram os anos 70, eu já havia passado pelos anos do que equivalia ao Ensino Médio e ingressava no mundo acadêmico.
Nesse momento pude entender a dimensão da chamada Guerra fria, que o nosso mundo – para além da minha pequena Santa Maria e de um Brasil imaginado – vivia uma divisão em dois blocos antagônicos. De um lado o regime socialista/comunista e, do outro, o mundo capitalista democrático.
Passaram então a me fazer sentido a corrida armamentista, as disputas por hegemonia territorial, científica e até mesmo a conquista da Lua. Com a Queda do Muro de Berlim terminou a bipolaridade entre esquerda e direita; a pós-modernidade cultural trouxe à baila uma ausência de narrativas legitimadoras, e a formação de hegemonias ideológicas perdeu força.
Desse modo, o que temos agora não é uma disputa entre dois blocos, mas que fique claro – minha filha teria dificuldade em entender esta parte: trata-se de um embate entre direita e direita (ou mesmo a extrema direita), e a tentativa de supremacia tem como base a economia, a disputa por mercados.
A guerra do momento, então, não é simplesmente a decisão de um maluco russo. Com o fim da União Soviética, dissolveu-se o Pacto de Varsóvia (pesquise no Google), mas a OTAN – que visava colocar um limite à União Soviética que não existe mais – não desmobilizou as suas posições, e até tem se esforçado para ampliar o seu potencial – o que inclui a Ucrânia.
Isso não é uma postura bélica duradoura? Com a formação de um poderoso bloco que se anuncia próximo, entre China e Rússia, as peças desse conhecido tabuleiro bélico – a humanidade não é normal, olhando bem de perto – voltaram a se movimentar nervosas.
Não é à toa, portanto, que a minha filha esteja preocupada, e eu com dificuldade de lhe dar uma explicação simplificada. Aguardemos os próximos capítulos dessa que, ao final das contas, é a nossa história.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Nota do Editor: a imagem do tanque na guerra Rússia x Ucrânia é uma reprodução obtida na internet.
Ressuscitaram um video do Trump numa reunião da OTAN. Sem guspe. ‘Vcs gastam menos do que deveriam em defesa e o contribuinte americano paga a diferença para defender vcs da Russia; enquanto isto a Alemanha tem quase 70% da matriz energetica baseada em gas vinda da Russia e manda bilhões para lá todo ano, obvio que não está certo’. Humanidade é normal, anormal são as falsas expectativas infantis dos idealistas.
Queda do Muro de Berlin não acabou com a dicotomia esquerda-direita. Partido Comunista da Federação Russa ainda existe. Defendem um ‘socialismo modernizado, um socialismo do século XXI’. Ou seja, muro caiu mas ‘não valeu’ porque mimimi. Alexandria Ocasio-Cortez nos EUA é praticamente PSOL. Dizem que o maior truque do diabo é convencer a humanidade que não existe, mas os vermelhinhos ainda não chegaram lá. Vide Tarso, o intelectual, em 2008, ‘caiu o muro de Wall Street’.
Economia na decada de 70 não tem diretamente relação com a politica. Em 73 o barril de petroleo subiu 300% praticamente do dia para a noite. Em 79/80 já tinha subido de novo mais 200%. Super Bowl deste ano teve muitas propagandas de carro eletrico. Algo que não cabe no bolso de todos, longe disto. Até prova em contrario não sera equipamento para todos como são os movidos a combustivel fossil. Os minerais que são utilizados na fabricação não eistem em grande quantidade. O que deve gerar mais conflitos. Paises cuja economia depende do petroleo estão fazendo caixa para diversificar. Combater aquecimento global com uma ‘religião’ vai ter custo alto.
Cavalão não vai fazer nada até porque o Brasil é irrelevante apesar das autodeclarações de ‘bonzão’. Nunca vi no noticiario lá fora a preocupação com a posição de um pais abaixo do equador. Algo do tipo ‘vamos esperar a Australia se manifestar’. Nazismo até existe, a organização do Stepan Bandera tem uma chacina de poloneses e alguns pogrons na conta, detalhes omitidos na grande maioria da imprensa. Questão toda, como na antiga Iugoslavia, foi a dissolução do bloco sovietico. Ficaram pontas soltas e o ocidente resolveu exportar democracia. Os meios são justificados pelos fins, mas no caso dos fins não serem atingidos se esta duplamente lascado.
Outros povos tem percurso historico diferente. Pensam de modo diverso e tem outros valores. Junta-se isto com um idealismo exacerbado que ignora os fatos. Cereja do bolo é ocidente em decadencia e ascenção da Asia. Total zero, agora já se sabe porque Putin aumentou as reservas em ouro de 17 para 21%, o banco dos Brics trabalha muito com a moeda dos paises membros e porque a China começou a estocar comida no final do ano passado.