ELEIÇÕES 2022. Separados, PT e PSB do RS têm algo em comum: o apoio a Lula. Já ao Palácio Piratini…
Siglas, se nada mudar, terão cada qual seu candidato ao Governo do Estado
Do jornal eletrônico SUL21 / Reportagem assinada por Luís Gomes
Após reunião entre as cúpulas dos partidos, realizada no último dia 9 de março, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, confirmou que os socialistas não irão fazer parte da federação a ser formada entre PT, PCdoB e PV. Por outro lado, na mesma ocasião, reafirmou o desejo do PSB de participar da coligação em torno da candidatura do ex-presidente Lula à presidência. Sem a federação, os partidos não precisam assumir o compromisso de estarem coligados em todos os estados, podendo ter candidaturas diferentes a governos e ao Senado. Este é o cenário que se vislumbra no Rio Grande do Sul.
Até o momento, o PT no Rio Grande do Sul defende a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto ao Palácio Piratini, enquanto o PSB aposta no ex-deputado e ex-secretário estadual Beto Albuquerque. Nesta semana, o Sul21 conversou com Beto e com o presidente estadual do PT, o deputado federal Paulo Pimenta, sobre as negociações que os partidos vêm fazendo a nível estadual e federal envolvendo o Rio Grande do Sul.
“Acho que está consolidado que o cenário a nível nacional definiu essa federação com o PV e com PCdoB e não descarta a possibilidade de ter coligações para as majoritárias. Então, nós vamos dar encaminhamento no Estado a partir dessas diretrizes”, diz Pimenta.
Pimenta avalia que o encerramento das conversas com o PSB para a composição ajudaram a consolidar a candidatura de Edegar Pretto ao governo. “O PSB tem muitas divergências nos estados, não consegue unificar uma posição nacional e optou por esse caminho. Agora, eventualmente, esse diálogo pode ser recolocado, porque tem prazo até o final de maio. Evidente que isso também consolida cenários. Consolida a candidatura do Haddad em São Paulo, consolida a candidatura do Edegar no Rio Grande do Sul, coisas que não ficam mais aguardando qualquer tipo de definição”, diz.
Já Beto Albuquerque pontua que o PSB considerou que a federação não faria sentido para o partido porque acarretaria na redução do número de candidaturas próprias a deputado federal e estadual, mas também reconheceu que ela foi dificultada pelas diferenças que existem entre os partidos em diversos estados.
“A federação ela foi criada para ajudar partidos em dificuldade. Esse foi o princípio que criou a federação. O próprio PCdoB, que é um partido histórico, teria dificuldades sozinho de vencer a cláusula de barreira. Mas quando você propõe uma federação entre dois partidos que não têm problema com a cláusula de barreira, as coisas se complicam mais, porque a federação impõe uma convivência de quatro anos. Portanto, nós vamos ter que enfrentar uma eleição nacional agora juntos e as disputas municipais, onde existem muitas diferenças entre todos nós em vários estados e municípios. Achamos que íamos ter mais problemas do que solução, de forma que o PSB decidiu não fazer a federação, mas quer coligar para apoiar a candidatura do Lula”, afirma.
Por outro lado, ele ainda não descarta a possibilidade de uma coligação com o PT no Rio Grande do Sul. Pelo contrário, acredita ser possível que a sua candidatura seja a candidatura única do palanque de Lula no Estado. Contudo, avalia que isso dependeria de uma decisão vinda das executivas nacionais dos partidos.
“Aqui no Estado, não haverá solução para as nossas candidaturas, a minha e a do meu amigo Edegar Pretto. Quem vai ter que tomar uma decisão, ao meu juízo, é a candidatura do Lula e as direções nacionais dos nossos partidos, porque os palanques estaduais devem servir ao maior projeto em disputa, que é o projeto do Lula”, diz.
Beto relata que, na última terça-feira, conversou com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, sobre a necessidade de as cúpulas partidárias conversarem sobre as disputas nos estados. Para ele, um entendimento entre os partidos poderia se dar nos mesmos moldes da candidatura de Lula, que tem buscado atrair aliados de diferentes matizes políticas. Na avaliação dele, se houver um acordo a ser firmado entre os partidos para o Rio Grande do Sul, ele deverá sair até abril.
“Em nível nacional, nós temos um acordo bastante claro, praticamente unânime dentro do PSB, de apoio ao Lula diante dessa polarização. Nos estados, continuamos com o PT. O PSB colocou alguns estados esperando contrapartida, reciprocidade de unidade, como é o caso de Pernambuco, onde já foi resolvido, aqui no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro com o [Marcelo] Freixo, no Espírito Santo com o Renato [Casagrande], São Paulo com o nosso amigo Márcio França. Nós achamos que estamos diante da hora de tomarmos decisão em relação aos estados. O mês de abril é o mês máximo. Já perdemos, a meu gosto, muito tempo discutindo outras coisas e a gente acaba com o inimigo da trincheira avançando mais rapidamente do que nós na articulação política, nas pré-campanhas e no diálogo”.
Para além da definição de quem disputará a corrida pelo Palácio Piratini, ainda está em aberta a definição de quem concorrerá ao Senado, também considerada uma disputa majoritária. No caso da federação PT-PCdoB-PV, Edegar Pretto formalizou nesta quinta-feira (17) o convite à ex-deputada Manuela D’Ávila para que represente a federação na disputa ao Senado. No encontro, ela disse que vai conversar com a família antes de anunciar sua decisão.
Ao Sul21, Pimenta disse que o PCdoB havia sinalizado com a intenção de colocar o nome da Manuela à disposição num cenário de acordo mais amplo do que a federação formada com o PV. “Agora, nós não refizemos essa conversa ainda. Mas, com certeza, se o PCdoB ainda tiver essa disposição, é um grande nome para poder consolidar essa frente. É um nome que tem dimensão nacional, tem muita força eleitoral e com certeza fortalece muito o nosso projeto no Estado”, afirma o deputado…”
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