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Dia das Mães 2022 – por Elen Biguelini

Nesta data em que celebramos aquelas que nos trouxeram ao mundo, ou que moldaram nossa formação, trazemos a questão da maternidade na história.

Mulheres sempre foram as responsáveis pelo cuidado com as crianças. Também faz parte daquilo que é considerado feminino, logo, da educação das jovens meninas. Aquelas que não pretendem ser mães sofrem preconceito. Àquelas que o desejam observam uma sociedade que não olha para elas da mesma forma. Mulheres com idade para engravidar tem mais dificuldade de arranjar empregos, os filhos vistos como empecilhos para o crescimento da carreira (por seus chefes e recrutadores).

É interessante perceber que até aquilo que para os conservadores é a “função primordial da mulher” é colocado como obstáculo de seu sucesso.

Neste dia das mães celebremos todas aquelas que se esforçam para trabalhar e manter uma segunda leva de trabalho tão forte, senão ainda mais ardil, ao chegar em casa. Muitas vezes abandonadas pelos pais de seus filhos. O abandono masculino dos filhos é considerado comum. É a mãe que arca com todas as dificuldades e dores da criacão dos filhos. Enquanto aqueles homens que cumprem suas obrigações são vistos como homens magníficos e especiais. Qualquer erro materno é um crime pra sociedade e cada acerto uma obrigacão!

Celebremos aquelas que sozinhas sustentam as famílias. As avós que tratam seus netos como seus. Todas aquelas que participam na formação dos filhos.

A maternidade, assim como tudo na História, foi se modificando ao longo dos séculos. O alto número de morte infantil durante a idade média fazia com que as crianças não fossem nomeadas até já terem certa idade. No século XIX as amas de leite eram a moda.

A historiadora Elizabeth Badinter em seu livro “O amor incerto” fala deste tema, demonstrando que a cada momento da história, a forma como a sociedade observa a infância e a maternidade é diferente.

O que concebemos atualmente como maternidade é muito diferente do que concebiam nossos antepassados. Ainda assim, a sociedade tende a impor suas opiniões como se fossem regra. As mulheres que desejam algo diferente vistas como inimigas – apesar do fato de que o que se concebe atualmente como maternidade ideal ser algo criado socialmente.

Toda mãe merece ser celebrada, toda mãe merece receber suas rosas e seus presentes. Todas carregam consigo a força de gerações anteriores.

Feliz dia a todas as mães!

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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