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Vote nas crianças – por Marcelo Arigony

A política, os pequenos e o altruísmo dos super-heróis que eles adoram

Dia desses perguntaram porque não escrevo sobre política. Respondi que não escrevo porque os tempos estão difíceis, a polarização acirrada não permite que sejam lançadas ideias despretensiosas. As minorias barulhentas são donas do sistema, e o que vai contra seus interesses leva pau de todo lado. Aliás foi por isso que nunca me aventurei na política. Não é lugar pra amador.

Mas ontem, assistindo a um filme policial francês, lembrei-me de um textículo que escrevi outra hora, sobre a inocência perdida dos infantes. Numa das primeiras cenas do filme, um policial chega em um orfanato-igreja e encontra um musicista regendo um coral de crianças. Então ele fica ali… em silêncio, absorto, contemplando as crianças a cantar, olhando ao longe… alheado como se não estivesse ouvindo. Até que seu transe é quebrado por um pároco que lhe diz:

– se os meninos não virassem homens, não haveria problemas no mundo.

O pároco representado no filme é um senhor de idade, de outra época. Ou o roteirista é de antanho; ou não engole o politicamente correto. Do contrário falaria nos meninos e nas meninas; ou talvez em menines. Já nem sei, porque não sou professor de português, nem de sociologia da pós-modernidade.

Mas enfim, o mote aqui é outro: o quanto a inocência das crianças poderia melhorar nossa representação político-partidária. A importância da bondade nua, da ética verdadeira; do estado natural de quem ainda não sofreu as influências do mundo adolescente, e do mundo adulto.

Noutra feita escrevi que já quisera ser Batman e Superman. Alguns e algumas quiseram ser Mulher-Maravilha e She-ra. Acho que as crianças de hoje podem preferir Robin, Phastos ou Batwoman, mas não importa. O que essas figuras todas têm em comum é o altruísmo, a abnegação em favor do outro. É disso que nossa política partidária precisa.

Se nossos representantes mantivessem os ideais das crianças teríamos um mundo melhor. Elegeríamos heróis, visando ao bem geral; mandatos verdadeiramente em busca de uma sociedade melhor. As crianças não nascem odiando, não produzem fake news, não têm preconceito por credos e cores; adoram a natureza e o animais; e se contentam com o pouco que lhes damos a conhecer.

Então vamos eleger o Batman e o Superman; quem sabe a Mulher-Gato ou Deadpool. Que nossos representantes sejam super-heróis, em busca de uma sociedade melhor… para todos.

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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Um Comentário

  1. Meninos virando homens, para quem não entendeu, é uma critica ao patriarcado. Se não virassem (biologicamente) a humanidade não teria sobrevivido. Crianças não nascem odiando? Bom selvagem, Rousseau. Ideologia. Na ficção poderia ser citado ‘O senhor das moscas’, Nobel de 54. Pergunta que não quer calar, por que é necessario campanhas contra o bullying nas escolas? Outra, Phastos só procurando no Google. Fica aberta a questão da reposição de testosterona no meio juridico. Hormonio já é escasso na profissão, deve ser a burocracia, ar condicionado ou até talvez o plastico na agua mineral. Com a idade piora, cada vez mais ‘fofa’ a escrita. Não, mulheres também precisam de testosterona ao contrario do que a maioria pensa.

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