Gaia e a invasão Argentina – por Marcelo Arigony

Era década de 70. E um respeitável cientista britânico, chamado James Lovelock, descortinou uma incrível teoria. Levantou e sustentou cientificamente que o planeta terra estava vivo! 

Para quem viu o filme Avatar, é aquilo ali mesmo. Animais, pedras, árvores, vento e tempestade entrelaçados com tribos quase humanas, num ecossistema pulsante. Coisa de dar inveja ao roteirista de matrix.

Lovelock trabalhou para a NASA, e também realizou estudos com clorofluorcarbonetos, dando o start para a descoberta do buraco na camada de ozônio, alguns anos depois. 

A tese de Lovelock foi chamada Teoria de Gaia, em homenagem à Deusa Grega primeira, que nasceu no caos, e teria sido a criadora da harmonia, de todos os outros Deuses, e do planeta terra. Pelo menos é assim que um Xerxes nos conta…

Mas, revenons à nos moutons, a conversa aqui é sobre pátria mãe. 

Dia desses, um amigo mio falou em tom jocoso que até seria bom os Argentinos invadirem o Brasil.

Então imagine-se, apenas por um instante, que o Grêmio venceu o Boca Juniors por 5×0 numa vindoura final de Libertadores. O passeio tricolor iniciou com um gol contra, feito por um sobrinho-neto de Diego Maradona, seguido de 4 gols de um ponteiro esquerdo alcunhado Páris, trazido do fundão de Santiago pelo técnico Vargas Nunes, que sucedeu Renato Gaúcho em 2029.

Os manitos, então, liderados por um tal Menelau, locos como la mierda, resolvem invadir o Brasil. 

Guerra de vingança e conquista. Já estavam cansados do frio, querem ganar la playa e ver las mulatas. Esperavam apenas o motivo. Aí os locos vêm a nado pelo rio Uruguai, faca nos dentes, uma horda enfurecida… quiibiiiiiiahuhuuuu 

E agora? Quem nessa nova geração – para quem a palavra pátria é obscenidade partidária, apropriada por uns e demonizada pelos outros – vai empunhar um pedaço de pau para rechaçar os manitos na subida da encosta do rio?

A brincadeira com a invasão dos hermanos é o gancho para algo que me preocupa sobremaneira: o desdém com a pátria mãe.  A polarização político-partidária nos imbecilizou. Conseguimos o impensável. Partidarizamos a pandemia. Partidarizamos a vacina, os medicamentos, a estratégia da saúde, a bandeira e o hino nacional.

Partidarizamos o Deus de cada um; e partidarizamos a pátria, nossa Gaia, como se não fosse mãe de todos nós.

(Segue na próxima quarta-feira)

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.