Notas de uma viagem ao Egito – por Elen Biguelini
Sobre o presidente Sisi, o abismo social entre os egípios e, sim, a democracia
Durante as últimas duas semanas esta articulista realizou um sonho de infância: uma viagem ao Egito. Nas próximas semanas iremos apresentar alguns detalhes da História do Egito, em especial dos Faraós e Rainhas, relacionados à História das Mulheres.
Mas hoje, em uma data que coincide com as eleições presidenciais brasileiras, escolhemos tratar de algo que permaneceu frequente em toda a viagem e que tem relevância para a atual situação de nosso país.
O Egito é um país sob um regime militar ditatorial.
Após a “Primavera Árabe”, as revoltas na capital em 2011 promulgaram a saída do então presidente ditador Hosni Mubarak, que havia comandado o país por 30 anos. Após esta mudança, dois presidentes seguiram com curto mandato e, então, em junho de 2014, assumiu o atual presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi ou, como nosso guia carinhosamente se referia a ele, Presidente Sisi.
Nota-se que seu mandado já tem 8 anos. É, então, também um ditador.
Logo quando chegamos ao país, ainda no ônibus à caminho do hotel, notamos uma figura com rosto forte, vestida de terno, em diversos postes da cidade. Esta imagem nos acompanhou por todo o Cairo, e continuou subindo o Nilo. Não sabíamos naquele momento, mas logo descobrimos que era o próprio Presidente Sisi.
Mas porque teria este senhor estampado seu rosto em praticamente todas as ruas? Bem, estávamos em um regime ditatorial. Não é preciso ser conhecedor de teorias da semiótica e semiologia para compreender que a figura presente ainda que imagética da figura do ditador representa o olhar constante do governo, que impede as atitudes que vão contra o regime.
O próprio guia da excursão, egípcio, que havia morado em Portugal durante vários anos (e que devido a isso falava português fluentemente), tendo estudado muito além daquilo que a grande maioria dos egípcios (majoritariamente sem acesso à educação e praticamente completamente sem acesso à internet), em momento algum falou das políticas de seu país, para além do fato de que o atual presidente tem interesse pelas reformas (uma constante por todo o Egito) e que a educação no país não é muito boa.
A presença frequente daquele rosto, vestido de forma ocidental, contrastava muito com as pessoas em vestimentas tradicionais, crianças pedindo dinheiro para comida.
O Egito é uma país em fome.
Não que o Brasil não tenha pessoas passando fome, SIM, muitas pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza. Mas o Egito é majoritariamente abaixo da linha da pobreza.
Enquanto os ricos aproveitam os shoppings ocidentais, as empresas americanas de café e marcas de roupas internacionais, os egípcios comuns pegam ônibus com portas quebradas eternamente abertas, atravessam as ruas em qualquer lugar e tem carros destruídos pelo sol e pela areia, produzem pombos no topo de suas casas para alimentação, moram em casas inacabadas – o que diminui os impostos -, sem acabamentos por fora, com construções começadas por sobre o teto.
Este detalhe da construção egípcia é extremamente marcante. As casas são completas por dentro, mas sempre tem tijolos à mostra, sem acabamento por fora, e apresentam vigas por sobre o teto, a ponto de serem continuadas. Isto não apenas pois assim evitam o custo do imposto, mas também devido ao fato que de acordo com o costume egípcio, quando se casam, os filhos constroem um andar acima da casa dos país, enquanto as filhas vão morar em um andar construído sobre a casa paterna do marido.
A pobreza econômica da grande maioria da população contrasta fortemente com o luxo da vida dos ricos, que vivem em bairros separados da cidade, ou com os inúmeros barcos e hotéis cinco estrelas que podem ser encontrados por todos os cantos.
O Egito é um país de vasta cultura milenar, mas também de diferença social, fome e dor. É chocante para os ocidentais, ao mesmo tempo que maravilhoso.
Optamos por discutir esta temática hoje justamente em frente ao debate antidemocrático que, infelizmente, retorna com tanta força em nosso país.
Hoje é dia de lutar para que este não seja o futuro de nosso país. Já tivemos uma ditadura militar e, ao contrário dos egípcios, conseguimos nos livrar dela. Já sabemos o quão horrível é não ser permitido falar, o quão horrível é ver uma família construir palácios para si enquanto as pessoas precisam ir a rua. Precisamos lutar pela nossa democracia, hoje e sempre. Não devemos cometer os mesmos erros do passado e acreditar em supostas “ameaças comunistas” que a história comprava nunca existiram nem existem agora. A verdadeira ameaça é a extrema direita, ditatorial, fascista e má, que esconde a corrupção por debaixo dos panos e se vangloria dos feitos alheios enquanto destrói a educação do país.
A exemplo do governo egípcio, lembremos, um ditador tem interesse em aparências, não em formação e conhecimento.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
Candidato da esquerda é ex-detento por questões de corrupção. Mensalão também era corrupção. Confusão na Argentina, em parte, é possibilidade de condenação de CK por corrupção. Semiotica e semiologia, antes que esqueça, é algo que só tem importancia na academia, cursos de comunicação. Detalhe: os professores ainda tem que ‘aliviar’ caso contrario não passa ninguem. Nenhuma novidade, ciencias humanas está cheia de ignorantes super diplomados. Problema? Não, uma hora a casa cai. Alguém via notar que o rei está nu (porque se fosse a rainha seria a objetificação do corpo feminino, kuakuakuakuakua!).
‘ um ditador tem interesse em aparências, não em formação e conhecimento’: basta observar os numeros do PISA durante os 14 anos de governo petista. Ou ficaram parados ou cairam. E as universidades: ‘universidades publicas geram conhecimento e patentes que é o futuro do pais’. Brasil em 2020 solicitou 7300 (arredondando para cima). Canada´24 mil. Dinamarca 14 mil. Italia 32 mil. Luxemburgo 3 mil. Arabia Saudita 9 mil. Singapura 8 mil. Israel 16 mil. Suiça (onde ‘só tem dinheiro sujo’): 44 mil. Quem só esta só interessado em aparencias? Não que o numero de patentes seja grande indicador, mas é mais uma mentira que rola por ai.
Bueno, depois vem um detalhe que não precisa ter doutorado para saber. Ir para outro pais e querer vender a idéia que sabe-se tudo sobre o local, virar especialista, é excesso de malandragem ou leseira. Detalhe: depois dizem que o ‘globalismo’ é coisa da Globo. Alternativa ao atual governo egipcio seria o governo eleito da Irmandade Muçulmana. Nova constituição com leis religiosas. Querer exportar democracia foi o que os EUA tentaram fazer no Iraque e Afeganistão, todos viram que ‘deu certo’. Alas, na Guerra do Peloponeso, basta perguntar a alguém que manje de historia, foi o que Atenas tentou fazer. Educação? Para algumas correntes religiosas do Oriente Médio o unico livro que interessa é o Corão. O que leva a pergunta ‘existem condições objetivas de implantar uma democracia no estilo ocidental no Egito?’. Obvio que não.
“supostas “ameaças comunistas””: ‘Enquanto os ricos aproveitam os shoppings ocidentais’, ‘os egípcios comuns ‘. Luta de classes. Fatores economicos. Relações de poder. Marx. Galerinha do PSOL, do PCB, do PSTU e PCO não existem? O argumento ‘não existem condições objetivas para implementar o sociailismo no Brasil logo vamos jogar o jogo democratico (da nossa maneira) até que a situação mude’ nunca foi dita no pais? Gramsci é coisa da Globo? ‘Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia
Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da informação’. Isto é uma resolução do Partido dos Trabalhadores de 2016. Será que são tão lesados que ainda acreditam que enganam todo mundo?