COP 27, a ressurreição climática no Brasil – por Marta Tocchetto
“O mundo está com saudades do protagonismo ambiental do nosso País”
A COP 27 chega em um momento decisivo no qual o mundo precisa de mais ação e menos promessas, e o Brasil precisa de reconstrução.
Dia 6 de novembro, domingo, no Egito, teve início a COP 27, Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ou, simplesmente, Conferência do Clima. É uma cúpula planetária anual que reúne chefes de estados de países signatários da Convenção Quadro, líderes empresariais e sociedade civil. O tratado veio em resposta à crise climática durante a ECO 92 no Rio de Janeiro, entrando em vigor em 1994.
O Protocolo de Kyoto é outro exemplo de acordo estabelecido durante essas conferências, precisamente em 1997. O objetivo foi a redução dos gases de efeito estufa (GEE) e o estabelecimento do mercado de carbono. O Acordo de Paris estabelecido em 2015, se refere em limitar a elevação da temperatura do planeta em 1,5 oC acima dos níveis pré-industriais.
Muitos dos acordos assinados pelas nações não obtiveram o êxito esperado e necessário. A relutância dos países mais poluidores em promover e financiar as mudanças necessárias para o alcance dos objetivos acordados, ainda é grande.
A Conferência de 2022 que acontece até o dia 18 de novembro terá como foco a crise energética mundial agravada pela Guerra na Ucrânia enfatizando o descumprimento do Acordo de Paris. As nações estão fazendo muito pouco para reduzir as emissões de GEE, sobretudo em relação aos combustíveis fósseis.
As discussões também devem contemplar a medição desses gases, abrindo caminho para o primeiro balanço global para avaliar o progresso em relação à mitigação, à resiliência climática e aos meios de implementação para o atendimento do Acordo de Paris.
As mudanças climáticas têm seus efeitos potencializados pela ação do homem, em especial relacionados à queima de combustíveis fósseis, tanto pela indústria quanto pelos meios de transporte. Os combustíveis fósseis são os principais vilões dessa equação que se desiquilibra a cada dia. Somam-se a esse fator, o metano liberado pelos aterros de resíduos urbanos e pelas atividades agropecuárias.
A adoção de práticas sustentáveis de manejo são importantes medidas para mitigação dos efeitos climáticos desses empreendimentos. A eliminação das queimadas, o desmatamento zero e o incentivo às fontes de energias mais limpas também são medidas que vão ao encontro dos mesmos propósitos, reduzir os efeitos climáticos contendo a elevação da temperatura ao patamar de 1,5 oC até o final do século.
Os riscos provocados por um gradiente térmico maior são iminentes e cada vez mais visíveis. Se ações mais efetivas continuarem sendo empurradas com a barriga, em poucos anos, a terra poderá se tornar um planeta inabitável.
O metano originado da decomposição de resíduos orgânicos, especialmente, nos aterros pode ser reaproveitado para geração de energia. Recentemente, em Santa Maria foi inaugurada mais uma usina biotérmica da empresa CRVR (Companhia Riograndense de Resíduos), cujo objetivo é beneficiar esse gás para a geração de energia elétrica. Um empreendimento importante para mitigar os efeitos climáticos do metano proveniente da disposição de resíduos de trinta e nove cidades na região central do estado.
Ações com essa são essenciais à medida que a crise ganha contornos catastróficos. Recente reportagem documentou que a maior ilha de água doce do mundo, a Ilha do Bananal, está ameaçada pela seca. Os mananciais hídricos, inclusive o grandioso Rio Araguaia, estão cada vez mais secos.
O leito do rio se desnuda, pois as chuvas a cada ano são insuficientes para recuperar o volume d´água. Animais que dependem da água para viver estão morrendo. Os peixes, fonte alimentar importante na região, estão desaparecendo trazendo o fantasma fome, em meio às lembranças de fartura e de abundância.
Sem água, as dificuldades para plantios e outros cultivos são cada vez mais frequentes e evidentes. O enfrentamento da crise climática ganha contornos de sobrevivência, à medida que se verificam em todo o planeta, não apenas no Brasil, efeitos cada vez mais severos. A realização da COP 27 na África é mais uma sinalização nesse sentido.
A Conferência do Clima no ano de 2022 também ganha contornos de ressurgimento (surgir de novo) e de ressureição (retorno) para o Brasil. O Presidente recentemente eleito, Luíz Inácio Lula da Silva, estará presente a convite do presidente Egito. Uma comitiva de ambientalistas, dentre os quais, Marina Silva, se fará presente às discussões.
Acompanhar representantes, mesmo que ainda não empossados em cargos de governo, preocupados com o futuro do planeta, do Brasil e da Amazônia é um alívio. É a sensação de estar acordando de um pesadelo.
É a sinalização de que os tempos de negação, de isolamento, de maquiagem de dados, de anticiência, de destruição ambiental, de entreguismo do país aos criminosos ambientais, de desaparelhamento dos órgãos de controle, de corrosão da legislação, de destruição da economia, de envenenamento, de destruição da floresta, de desmatamento, de incêndios criminosos, de incentivo à invasão de terras, de impunidade, de extermínio dos povos indígenas e dos defensores da natureza, de teorias conspiratórias e fantasiosas estão com os dias contados.
O mundo está com saudades do protagonismo ambiental do Brasil. Os brasileiros estão com saudades de governantes que honram o verde das florestas e o amarelo das reservas minerais de ouro, símbolos do capital natural nacional e do verdadeiro patriotismo. Proteger a maior biodiversidade do planeta é proteger não apenas o meio ambiente, mas a economia pautada no desenvolvimento do país sem destruição. Proteger a biodiversidade é proteger as diversas formas de vida. Proteger as florestas é proteger a soberania nacional. A COP 27 chega em um momento decisivo no qual o mundo precisa de mais ação e menos promessas, e o Brasil precisa de reconstrução.
(*) Marta Tocchetto é Professora Titular aposentada do Departamento de Química da UFSM. É Doutora em Engenharia, na área de Ciência dos Materiais. Foi responsável pela implantação da Coleta Seletiva Solidária na UFSM e ganhadora do Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017, concedido pela Assembleia Legislativa gaúcha. Marta Tocchetto, que também é palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais, escreve neste espaço às terças-feiras.
Crise no mercado energetico mundial levou ao aumento do custo de vida. Para controlar a inflação subiram os juros mundo afora. O que pode levar a uma recessão. Brasil tem outro problema. Existe falta de energia e uma parcela grande da geração é feita por termicas. Ou seja, é necessario construir novas hidreletricas (com 3 a 5% de comissão). Onde? Na Amazonia.
Protocolo de Kioto/Acordo de Paris, metas não foram alcançadas. Mercado de carbono não decolou. Não há perspectiva de alteração na situação. Depois vem a conversa mole, tem gente ligando terremotos com aquecimento global. Reportagem feita sobre a ilha na época de seca da região. Obvio, agora vem a estação chuvosa. Protagonismo do Brasil se resume a um fato: 60% da Amazonia fica no Brasil. Este mimimi de ‘superioridade moral’ auto-atribuida é conversa mole. Aquecimento global não é facil de resolver, é um problema complexo, não vai ter solução fácil, bala de prata. Domingo, dois dias antes das eleições ianques Slow Joe prometeu fechar todas as minas de carvão do pais o mais rapido possivel. O que deixou enfurecida parte do partido Democrata. Temor é que se repita o que já aconteceu. Fecham as minas e um monte de gente fica na m. Os vermelhinhos psolistas ianques foram para as redes sociais sugerir que os mineiros demitidos deveriam aprender programação de computadores. O que soou como deboche.