CIDADE. Grupo de Trabalho monitora a situação da estiagem para encaminhar ações práticas
Comunidades do Interior de Santa Maria que já enfrentam a falta de água
Por Diniana Rubin / Prefeitura de Santa Maria
Pelo terceiro ano consecutivo, Santa Maria está na iminência de enfrentar mais um período de seca e de pouca precipitação pluviométrica nos próximos meses. O Grupo de Trabalho da Prefeitura monitora a situação da estiagem, principalmente nas comunidades do Interior que já enfrentam a falta de água devido à chuva escassa na região. Para apontar os principais problemas e poder encaminhar ações práticas em curto, médio e longo prazo, o Executivo Municipal, por meio do Gabinete do Prefeito Jorge Pozzobom, realizou uma reunião com representantes da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Defesa Civil de Santa Maria, da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Vigiagua e Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). O encontro ocorreu na quinta-feira (1º), no Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp).
O chefe de Gabinete do Prefeito, Alexandre Lima, alertou sobre a importância de se requerer ações mais efetivas para conter estiagem.
“Monitorar de forma mais sistemática os problemas vai nos ajudar a aprimorar, acrescentar ou acelerar processos nesse enfrentamento. Através dos relatos das instituições aqui representadas, vamos poder nortear alternativas para mitigar o momento atual e prospectar os futuros meses”, disse Lima, abrindo a reunião.
A gestora da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) em Santa Maria, Andréia Zanini, explicou que é feito um monitoramento sistemático para acompanhar o nível das duas principais barragens que garantem água para os santa-marienses. Até quinta-feira (1º), a barragem do DNOS, no bairro Campestre do Menino Deus, está 1 metro abaixo do nível normal, que é de 12 metros. Já a Barragem Rodolfo Costa e Silva, a maior e fica no limite entre Itaara e São Martinho da Serra, está com cerca de 26 metros, isto é, com 1,2 metro abaixo da sua normalidade.
“Embora os reservatórios estejam abaixo da normalidade, ainda não há risco de racionamento ou desabastecimento por escassez hídrica. Porém, sempre destacamos a necessidade do consumo consciente por parte da população. A Corsan também acompanha o atendimento que é feito nos distritos, através da entrega de água diária pelas equipes da Defesa Civil, visto que, a carga dos caminhões é feita nos hidrantes disponíveis nas áreas da Companhia”, pontua Andréia.
No final de 2021, a Prefeitura de Santa Maria assinou a ordem de serviço das obras do Programa Água, Vida e Cidadania, da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O investimento da empresa é de cerca de R$ 3 milhões em obras que já estão beneficiando mais de 1,2 mil famílias com água potável.
Além disso, o programa prevê orientação e educação para que as famílias façam uso racional da água. As comunidades que já foram contempladas com o serviço são: Núcleo Santa Marta; Núcleo Urbano Monte Betel; Bairro Cerrito; Altos da Lorenzi; e Carazinho, sendo todas as áreas regularizadas pela Prefeitura. Já a expansão da rede de água para as famílias que vivem no Assentamento Marighella foi uma obra planejada em 2021, mas não faz parte do Programa Água Vida e Cidadania.
O secretário de Desenvolvimento Rural, Rodrigo Menna Barreto, reforça que a falta de água é uma realidade nos distritos. Por isso, o prefeito pede sempre um cuidado em atender as necessidades dos moradores.
“Conversamos sempre com a Defesa Civil que conhece a situação do nosso Interior e faz a entrega de água durante todo o ano. Estamos dialogando com os vereadores para disponibilizar emendas para auxiliar nesta questão. E mais recentemente, o prefeito sancionou a lei do Programa Irriga SM, que tem garantido R$ 800 mil este ano, e 500 mil para 2023, para a construção de microaçudes e bebedouros em propriedades do Interior. Iniciamos o serviço e já são16 açudes concluídos, 32 vistoriados, 45 inscritos, e seguimos recebendo inscrições na secretaria. Essa lei é um grande avanço, pois a construção agora é permanente”, descreve Menna Barreto.
Conforme destaca o engenheiro agrônomo da Emater, Leonardo Basso Brondani, a falta de chuva também já reflete no atraso do plantio de culturas de verão.
“Estamos vistoriando propriedades do Interior, como em Arroio Grande, e há registro de atraso no plantio de arroz e soja. Se não vier uma boa quantidade de chuva nos próximos dias, poderá haver perda no milho, assim como na produção de hortaliças. Já em função da pastagem estar mais seca, a produção de leite registra uma pequena perda, cerca de 10%, e no bovino corte a perda é 5%”, enumera o engenheiro.
Corroborando com todas as situações já descritas, o coordenador e superintendente Adão Lemos apresentou dados da Defesa Civil, e mostrou que já foram entregues mais de 6 milhões de litros de água em 2022 (abaixo, lista dos meses e quantidade).
“Iniciamos dezembro com a entrega de água em mais de 100 pontos para atender famílias que moram no Interior. Para se ter uma ideia comparativa, em março deste ano foram registrados 178 pontos de entrega, sendo o maior pico até o momento. A média mensal de precipitação pluviométrica no Município seria 154 milímetros, mas nos últimos meses está muito abaixo disso. Já vivemos uma situação de alerta e a Defesa Civil elencou ações que devem ser colocadas em prática em pequeno, médio e longo prazo. Assim, vamos procurar minimizar os problemas pontuais para enfrentar mais um período de estiagem em Santa Maria”, observa Adão Lemos.
Ainda com relação à estiagem, os representantes da Vigiagua, a agente de Saúde Pública e Vigilância Ambiental, Natieli Torchetto, e o engenheiro Florestal, Cláudio Luis Saraiva, apontaram a preocupação do setor em estar sempre avaliando a qualidade da água.
“É necessário garantir a qualidade da água para nossos munícipes e não apenas nos preocuparmos com o abastecimento em quantidade, pois, a responsabilidade de eventuais agravos à saúde recaí sobre a prefeitura municipal. O Vigiagua fiscaliza os padrões de potabilidade, no entanto, deve-se manter o monitoramento da água para esses novos poços que serão perfurados, conforme preconiza o Ministério da Saúde, através de contratação de empresa especializada para tal. Ressaltamos que para esses novos poços, junto com a rede distribuição, sejam instalados hidrômetros com intuito de evitar o desperdício, bem como, promover a conscientização do uso da mesma”, compartilha Natieli.
“O Novo Marco Regulatório do Saneamento, aprovado na Lei n° 14.026/2020, relata a responsabilidade do Município com potabilidade de água disponibilizada para a população. Por isso devemos ter em mente que não basta abrir um poço para ter água, necessita ser legalizado iniciando com a autorização do Departamento de Recursos Hídricos e obedecer os critérios de potabilidade e monitoramento estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, complementa Saraiva.
A reunião do Grupo de Trabalho da Prefeitura também teve a participação do secretário adjunto de Desenvolvimento Rural, Jair Binoto, coordenadora adjunta da Defesa Civil, Gesabel Miquéia Pretto dos Santos, e o responsável pelo setor operacional de distribuição de água da Defesa Civil, José do Amaral.
Ações práticas da Defesa Civil para mitigação referente à estiagem:
Curto prazo:
– Necessidade de outro caminhão baú para o abastecimento de água;
– Implementação do Sistema de Monitoramento de Alerta (SMARC) da Climatempo;
– Ocupação de uma cadeira no Ciosp pela Defesa Civil para monitorar e alertar as mudanças climáticas e sistema de Monitoramento e Alerta do clima em Santa Maria;
– Busca de emendas impositivas para os vereadores no combate à estiagem;
– Reativação do grupo de instituições de monitoramento e combate à estiagem;
– Programa Irriga SM (em andamento);
– Atualização de Boletim Meteorologia da UFSM;
– Solicitação de apoio de caminhão pipa do Exército Brasileiro;
– Preparar o pagamento da segunda parcela do Auxílio de Amparo à Agricultura Familiar, se necessário;
– Apoio da viatura para entrega de água;
– Retomada da Campanha de Conscientização do uso racional da água pelos munícipes;
– Compra emergencial de mais reservatórios de água para uso no interior.
Médio prazo:
– Contratação de estagiários de meteorologia para auxiliar na interpretação dos sistemas de monitoramento e alerta climáticos;
– Verificação da possibilidade de expansão de rede de água da Corsan em alguma localidade a ser definida pelo Grupo de Trabalho.
Longo prazo:
– Instalação de poços artesianos (3) do Programa Avançar RS;
– Instalação de calhas para a captação de água da chuva nos pontos (famílias) rurais que mais necessitam;
– Criação de um site de controle climático para a população de Santa Maria, semelhante ao ALERTABLU (Blumenau-SC);
– Equipe técnica (Meteorologista) e Sala de Observação para controle e monitoramento climático no Município.
– Aquisição de tanques para entrega de água potável para enfrentamento da estiagem.
Curto prazo: até 1 mês
Médio prazo: de 1 a 3 meses
Longo prazo: de 3 a 6 meses
Quantidade de água distribuída em 2022:
- De 1º a 31 de janeiro: 969.220 mil litros
- De 1º a 28 de fevereiro: 1.226.350 mil litros
- De 1º a 31 de março: 692.500 mil litros
- De 1° a 30 de abril: 462.600 mil litros
- De 1° a 31 de maio: 605.000 mil litros
- De 1° a 30 de junho: 513.000 mil litros
- De 1° a 31 de julho: 379.000 mil litros
- De 1° a 31 de agosto: 280.500 mil litros
- De 1° a 30 de setembro: 287.500 mil litros
- De 1° a 30 de outubro: 454.100 mil litros
- De 1° a 30 de novembro: 447.000 mil litros
- Total nos onze primeiros meses do ano: 6.316.770 milhões de litros
Fonte: Defesa Civil do Município
Conscientização na área urbana
Mesmo sem o risco de faltar água na área urbana de Santa Maria, a Corsan, concessionária que presta o serviço de abastecimento na cidade, reforça que deve haver uma conscientização de toda a sociedade. Por isso, a companhia reforça e chama a atenção para a utilização da água com consciência e para a preservação do meio ambiente. Seguem algumas dicas para o uso racional do produto.
Com atitudes simples, você ajuda a evitar a falta de água:
- Não lave o carro com mangueira;
- Use somente a vassoura para limpar a calçada e o quintal;
- Não faça uso de grandes volumes, como em piscinas plásticas;
- Utilize regador para molhar as plantas nos horários de menor incidência de sol;
- Regule válvulas de descarga;
- Fique de olho em vazamentos e torneiras pingando;
- Coloque o máximo de roupas na máquina de lavar a cada lavagem.
Fonte: Corsan
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