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Um presente de Natal caro – por Giuseppe Riesgo

A distribuição de benesses com dinheiro público, sempre “na calada da noite”

O final de ano é sempre revelador e quando se trata do acordo entre os Poderes da política nacional (e estadual), tudo fica ainda mais claro. Já virou tradição. Assim como o panetone e a ceia de Natal, é nessa época que os presentes, pagos por você, são distribuídos sem parcimônia entre as mais diversas classes da elite do funcionalismo público desse país.

Senão, vejamos: por aqui, o acordão presenteou a Defensoria Pública, o Tribunal de Contas e a Assembleia Legislativa com um belo aumento em seus respectivos planos de carreira. O presentão também se estendeu ao Tribunal de Justiça e ao Tribunal de Justiça Militar e, claro!, não deixou de fora o Executivo, bem como o Governador, Vice-Governador e seus secretários. Todos muito bem agraciados em um pacotão com impacto fiscal de mais de R$ 300 milhões, só em 2023.

Em nível nacional, a festa natalina continuou. Se estendeu ao Senado, à Câmara dos Deputados e, obviamente, atingiu não só aos deputados e senadores: estendeu-se aos cargos comissionados que também precisavam participar da festa da democracia. O grande acordo natalino mais uma vez, após as eleições, funcionou bem para essa elite que não cansa de enviar a conta de seus presentes para a população.

O estamento burocrático mais uma vez mostrou-se eficiente na perpetuação do patrimonialismo tipicamente brasileiro. A distribuição de benesses segue mantendo uma estrutura autocentrada e que protege a si mesmo. Uma elite que se envereda pelo submundo da burocracia estatal e que, portanto, não se submete ao escrutínio público típico do mundo político e de suas fragilidades perante o eleitor. Segue, portanto, incólume e se beneficiando do ostracismo para perpetuar (e aumentar) os seus privilégios no âmbito da máquina pública brasileira.

Não é coincidência que a farra aconteça sempre entre eleições, de quatro em quatro anos, em meio à calada da noite E quem paga por isso tudo é você. O sistema é real e realmente nos custa caro. É literalmente a arte imitando a vida.    

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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5 Comentários

  1. Conjuntura leva a obrigação de acompanhar a economia mais de perto. O que faz lembrar Mario Henrique Simonsen (alguns vermelhinhos podem não gostar, não é problema meu, mas antes de abrirem a boca é bom arrumar um cerebro emprestado). Simonsen, em outro contexto, formulou a tese de que os Vermelhos tupiniquins seguem o ‘Principio da Contraindução’. Implantam certas medidas que economicamente dão errado. Não convencidos repetem as mesmas medidas (ou seja, dobram a aposta) que, surpresa, surpresa, dão errado também. O que leva a nova tentativa que dará o mesmo resultado, só que o discurso que acompanha é ‘desta vez mimimimimimi’. O que lembra Einstein, frase atribuida a ele, ‘A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes.’ Dizem que quando o Titanic estava afundando a orquestra sabendo do proprio destino não parou de tocar.

  2. Quarto. PEC da gastança. Eram pouco menos de 150 bilhões, mas previram 80 para os beneficios sociais, colocaram mais 20 para infraestrutura (ou seja, empreiteiras) mais 20 de não sei onde. Beneficios não devem custar isto tudo e o que sobrar vai parar não sei onde. Total quase 200 bilhões, sobram mais de 120. Mais de 10 bilhões por mes. Vai ser tudo gasto com planejamento feito ‘em cima da perna’ como diz o outro, para ingles ver, e no canetaço. Não existe a minima possibilidade de gastar tudo isto de forma ordeira e eficiente. Confusão ajuda a comissão de 5%. Obvio. Apertem os cintos, entraremos em area de turbulencia.

  3. Terceiro. Diplomação de Molusco com L., o honesto. Obvio que de tudo que acontece em BSB só é publico menos de 1%. Ato publico teve na plateia muitas ‘otoridades’, inclusive ministros do TCU que atazanaram o governo que sai. Ato publico foi comemorado com um rega bofe na casa de Kakay famoso causidico (mas linguas dizem que é um lobista juridico). Quem pagou e com que dinheiro? Não se sabe. Presença de ministros do STF, Lewandowski, Toffoli e Xandão. O establishment comemorou.

  4. Segundo, mais um absurdo. Gilmar Mendes ‘atalhou’ a Camara de Deputados. Concedeu liminar monocraticamente para mexer no orçamento federal em materia que iria ainda ser votada. Bota ‘democracia’ nisto.

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