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O inflacionismo petista – por Giuseppe Riesgo

O PT e o risco da volta do populismo monetário e fiscal no Brasil

O Brasil, por décadas, conviveu com a chaga da hiperinflação de preços. Durante todo os anos 80 e quase metade da década de 90 o país esteve em frangalhos. Sem moeda e com forte concentração de renda, vivemos um dos períodos mais tristes em termos econômicos e sociais de nossa história. Tempos em que perdemos nossa dignidade e a capacidade de entregar um país minimamente justo e humano para se trabalhar e viver.

E, então, tivemos o Plano Real. Praticamente um milagre monetário, o Real se apresentou após cinco planos econômicos absolutamente fracassados. Em comum, todos tiveram controle de preços, descompromisso com a responsabilidade fiscal e, por fim, um completo desprezo pelas regras mais básicas do livre mercado. Só podia dar errado (e deu).

No entanto, o milagre monetário que o Plano Real obteve não adveio do absoluto nada, mas da observância às leis econômicas que até hoje alguns países da América Latina ignoram em troca do populismo monetário e fiscal de seus governos e governantes. Eis o risco que vivenciamos com a volta do PT ao poder

O tema surge (e preocupa) porque, na largada, o Governo Lula já flerta com o descontrole fiscal e, consequentemente, com a inflação de preços. Em seu discurso de posse, Lula cunhou de “estúpida” a regra do teto de gastos. Uma âncora fiscal fundamental para o controle das contas públicas e, por óbvio, da inflação.

O teto de gastos – como já reiterei aqui na coluna -, serve para controlar a política fiscal e disciplinar o governo na condução de sua agenda política. Afinal, o endividamento tem limites. Cabe ao gestor público eleger prioridades e encarar o custo político de explicá-las à população brasileira. Só que isso o PT detesta fazer. O mais fácil é apelar para o bom e velho populismo fiscal que perpetuou o partido por 16 anos no poder.

Só que o cenário fiscal mudou. As regras são outras e o contexto fiscal é bem mais delicado para esse terceiro mandato de Lula. Desde a pandemia, e as questionáveis medidas de fechamento da economia, temos delegado à política monetária e fiscal um papel ainda mais relevante para o bom desempenho econômico do país.

Em síntese, se por um lado mantivemos o consumo artificialmente em alta, por outro, aumentamos a oferta monetária para evitar uma falência generalizada do setor produtivo que, lembremos, foi impedido de trabalhar e produzir. Consequentemente, combinamos uma oferta escassa com um consumo estável ou, por vezes, em alta. Não é preciso ser nenhum Nobel em Economia para saber que isso pressiona os preços e deixa um legado fiscal e monetário preocupante para o Governo Lula. 

É por isso que, em minha atuação parlamentar, prezo tanto pela responsabilidade fiscal e cobro tanto que os governos ajustem as suas despesas. Nada de sustentável virá de uma nação que se endivida no presente achando que o longo prazo nunca chegará. Ele chega. E, quando surge, apresenta a sua face mais dura: a inflação de preços. Uma chaga construída por muitas mãos e manchada de populismo com o dinheiro do pagador de impostos.

Não é apenas sobre liberdade que estamos lidando, mas também sobre o futuro do nosso país. Que nunca nos esqueçamos que ignorar a realidade jamais nos livrará das consequências de tamanho descaso. Eis o alerta de Ayn Rand que, infelizmente, após a volta do PT, segue vivo e campeando solto pelo Brasil e toda a América Latina.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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4 Comentários

  1. O que vai acontecer? Ninguém sabe. Só discurso, problema é que só se deve prestar atenção no que fazem, falar até papagaio fala. Não tiveram tempo para grandes medidas, só abrindo e fechando o bebedor de lavagem criaram um monte de confusão. Interessante é que falam do ‘mercado’ como se fosse uma reunião do Partido Comunista, seria uma sala onde meia duzia de velhos decidiriam tudo. Obvio que não. Mercado é o resultado da soma das inumeras decisões individuais. O mercado não briga, chavão, o mercado coloca preço. Quem paga? Na iniciativa privada volta e meia alguém hierarquicamente superior se aproxima de um sobordinada e larga a pérola ‘precisamos montar um circo…..’. O primeiro palhaço, obviamente, já foi escolhido.

  2. AGU, chefiada pelo ‘Bessias’, agora tem procuradoria para ‘combater a desinformação’. Não é ncessario dizer que entra nas atribuições, a primeira vista, do Ministerio Publico, defesa dos direitos difusos. Lawfare. Não é preciso uma decisão desfavorável, a propria ação já é uma punição, principalmente no Brasil onde se arrastam. Causidicos não saem barato. Constitucional é o que os 11 togados dizem que é, não o que está escrito na CF88.

  3. Há indicios, não da para cravar, pode ser só esculhambação mesmo, que há defensores da Teoria Monetaria Moderna no governo atual. Muita grana, muito dinheiro. E a inflação? Resolve-se com tributação. Facil assim (variantes do moto perpetuo economico). O que está no forno? Reforma que esta no Congresso deve aumentar a carga tributaria e concentrar recursos em BSB (concentração é ideologia da esquerda e desejo dos que gostam de uma ‘beirada’). Correntinos querem uma ‘moeda comum’ no Mercosur. Facilitará a transferencias de recursos do Brasil para a Argentina. Precisam de algo positivo, tem eleição presidencial por lá este ano. Presidente desobedeceu uma decisão da Corte Suprema deles. Cristina Kirchner esta enrolada com condenação por corrupção (grande surpresa!).

  4. Melhor citação de Ayn Rand (não li os livros dela, tem coisa melhor na fila) é:’Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.’

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