Reproduzido do jornal eletrônico SUL21 / Com informações da UFSM
Um estudo publicado na última quinta-feira (16) na revista internacional Frontiers of Biogeography aponta a presença de mais de 12,5 mil espécies atualmente conhecidas no bioma Pampa — característico de partes do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina –, entre plantas, animais, fungos e outros microorganismos. De acordo com a pesquisa, o Pampa, que cobre pouco mais de 2% do território brasileiro, contém 9% da biodiversidade atualmente conhecida do País.
O artigo “12,500+ and counting: biodiversity of the Brazilian Pampa” (“12.500 e contando: biodiversidade do Pampa brasileiro”) é resultado de um esforço coletivo de mais de 120 pesquisadores de 70 instituições de pesquisa e foi liderado pelo professor Gerhard Overbeck e os pesquisadores de pós-doutorado Bianca Ott Andrade e William Dröse, do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre.
“A pergunta inicial do artigo é bastante simples: qual é a biodiversidade do bioma Pampa? O Pampa é a região do extremo sul do Brasil, conhecida pelas planícies de campos a se perder de vista, mas que também inclui diversos outros ambientes, como florestas, banhados ou butiazais. O conhecimento sobre a sua biodiversidade vem crescendo ano a ano, mas esses dados não são facilmente disponíveis, de maneira que aquela pergunta simples inicial não pode ser respondida. Assim, surgiu a ideia para esse estudo”, diz o professor Gerhard Overbeck.
Os três pesquisadores reuniram uma rede de especialistas nos mais diferentes grupos de organismos e, ao longo de dois anos, construíram uma base de dados de biodiversidade do Pampa. Os próprios pesquisadores ficaram surpresos com o fato de que o estudo apontou maiores números de espécies do que o conhecido ou estimado anteriormente para todos os grupos de organismos. No caso das algas e fungos, a presença de espécies é muito superior à estimada anteriormente.
“Os dados demonstram que o Pampa possui biodiversidade alta não só no grupo de plantas campestres, onde já havia um bom conhecimento antes, mas também em muitos outros grupos. E temos de considerar que em muitos grupos, por exemplo nas formigas, há muitas espécies que nem foram descritas ainda”, afirma William Dröse.
Contudo, os pesquisadores alertam que, apesar da alta biodiversidade do bioma, o Pampa vem sofrendo perdas muito rápidas de ecossistemas nativos e, consequentemente, de sua biodiversidade nativa. “A perda de biodiversidade nativa implica na perda de serviços ecossistêmicos importantes para as populações humanas. Dessa maneira, esperamos que os dados contribuam para uma consideração maior da conservação dos ecossistemas nativos em políticas públicas nas quais o Pampa ainda recebe relativamente pouca atenção”, diz Bianca Andrade.
Os autores do artigo chamam atenção ainda que a biodiversidade é um tema de fundamental importância em políticas públicas, especialmente quando se fala em mudanças climáticas. Eles defendem a necessidade de ampliação de investimentos em programas de pesquisa sobre biodiversidade e da promoção do tema biodiversidade em currículos escolares.
O estudo está disponível online.
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