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Santa Maria, 165 anos – por Orlando Fonseca

Nesta próxima quarta-feira, inúmeros eventos marcam as comemorações dos 165 anos de nossa cidade. No espaço da Gare, o Viva Santa Maria deve atrair a todos os que gostam de residir no Coração do Rio Grande. Espaço privilegiado, marco da presença ferroviária em nossa cidade, junto à Vila Belga, registra um momento importante no desenvolvimento de Santa Maria. Cidade que não nasceu depois de uma decisão ou de um planejamento. De um acampamento militar – comissão demarcadora do Tratado de Santo Ildefonso – restaram por aqui uma rua e uma capela. Com o tempo, daí surgiram avenidas, prédios, praças, conjuntos habitacionais, vilas e bairros. Mesmo a data de aniversário, a ser comemorada em 17 de maio, não assinala o lançamento de uma pedra fundamental que fosse. Trata-se, na verdade, da ocasião histórica de sua emancipação, em 1858, pois era distrito de Cachoeira do Sul. No entanto, o presente nos tem legado uma cidade que nos abriga em seu afeto, e o que cobra apenas é o nosso interesse cidadão. Portanto, vamos celebrar.

Por não ser uma cidade planejada, herdamos uma série de circunstâncias que são verdadeiros obstáculos. Tivemos dois grandes influxos econômicos nesta jornada histórica. Primeiro, a ferrovia, com sua Gare, as oficinas, a Cooperativa e as escolas de formação profissional. Pela Avenida Progresso, hoje Rio Branco, a cidade viu chegar o tamanho que atingiu até meados do século passado, quando o transporte ferroviário perdeu terreno. O segundo impulso que recebeu foi a instalação da primeira Universidade Federal do interior do país. Além dos investimentos que aportaram por aqui – e têm garantido grande parte do PIB local – a cidade recebeu levas e levas de pessoas que vieram em busca do ensino superior. Com isso se ampliou a oferta de vagas, contando hoje com um centro universitário de oito instituições.

Quando se iniciavam as tratativas para que a linha férrea, que uniria a Capital à fronteira, passasse por Santa Maria, houve resistência de algumas lideranças da cidade. Segundo João Daudt Filho, em seu livro de memórias, não foi fácil convencer os donos dos terrenos ao norte de que a chegada dos trilhos representaria salto de qualidade. Desconheço as injunções a respeito da vinda de uma instituição federal para a cidade, mas imagino que, se o fundador Dr. Mariano saísse a perguntar para a população, ou fosse à tribuna da Câmara de Vereadores para falar de seu plano visionário, poderia ter sido desestimulado. Felizmente, tanto no caso do Daudt, que se desdobrou para convencer os santa-marienses da importância da ferrovia, quanto no de Mariano da Rocha, que não se abalou diante das dificuldades de seu empreendimento, a cidade pôde contar com a persistência de gente que tinha um projeto para a cidade.

Se em sua origem, a cidade não teve planejamento, ao menos nesses dois casos podemos perceber uma visão de futuro. Estamos, mais uma vez, diante da necessidade de novo salto. A cidade atingiu um tamanho e importância no cenário estadual que elevam os problemas, multiplicam as dificuldades, desafiam os gestores, os empreendedores e a comunidade em geral a buscar soluções de grande medida. Vejo com grande expectativa a formação do Distrito Criativo Centro-Gare, unindo em propósito os pontos de nossa origem e desenvolvimento. Para que a celebração de seus 165 anos não seja mera formalidade do calendário, é preciso que se tenha um projeto para a cidade poder apresentar números louváveis para os seus próximos 50 anos. É este presente que a Aniversariante merece, para que não inicie seu envelhecimento precoce. Dia 17, quarta-feira, o Coletivo Memória Ativa se junta aos festejos, realizando mais uma Caminhada guiada pelo centro histórico. A partir das 14h, saindo da Praça Saldanha Marinho, terminando no Brique da Vila Belga. Todos são convidados.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

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8 Comentários

  1. Caminhada? Esperem-me até dezembro. Se não aparecer é porque não vou. Aldeia? Problemas sérios, cidade cresceu e tem uma Camara de Vereadores, edis, de cidade pequena. Patotinhas não ficam longe. E não é por falta de gente qualificada e capacitada. Alas, ‘não é bom falar mal da politica porque afasta as pessoas capacitadas e qualificadas’. Chavão. Pessoas qualificadas e capacitadas geralmente não tem problemas cognitivos. Ja sabem o que é a politica.

  2. Falar em projetos muitos falam. Distrito Criativo Centro-Gare é uma receita de bolo importada. Anima as patotinhas da aldeia. Os mesmos e as mesmas de sempre. Só. Há os devaneios habituais. Falam lá para cima de ligar o Porto de Paranaguá com Antofagasta no Chile. Outros mencionam Campo Grande e o Porto de Santos. Obras bilionárias que se enredam em brigas politicas e licenças ambientais. Nefelibatas da aldeia olham isto e já soltam um ‘ligar o Porto de Rio Grande com o Pacifico, Santa Maria umbigo do Mercosur’. Obvio que todas estas obras não irão acontecer. No maximo uma. Conclusão é que a urb tem que colocar os pés no chão.

  3. Qual cidade no RS foi planejada na epoca da fundação de Santa Maria? Que era um distrito ainda por cima? O conceito de planejamento urbano era disseminado?

  4. Dr. Mariano, se não me engano, empresta o nome para uma Loja Maçonica. Quero crer, o assunto não deveria ser tabu, que seja só homenagem de terceiros.

  5. Ferrovia funciona muito pouco. Logo os problemas de implantação do passado são irrelevantes. Dr. Mariano teve que enfrentar desafios, não há duvida. Porem a população de Santa Maria era outra e a CV idem. Logo não é possivel saber se haveria falta de estimulo ou não. Contexto era outro, óbvio. Dr. Mariano (que batizou uma boa duzia de afilhados dizem por aí, sinal de prestigio) também não era o Zé da Esquina. Descendia do Barão de Saicã e do Conde de POA (vide Biblioteca Central). Alas, na Guerra do Paraguai Brasil mandou 10 mil militares do exercito, 56 mil Voluntarios da Patria e 60 mil integrantes da Guarda Nacional. Alas, Decreto 4688 de 1ª de Dezembro de 1902. Cria a 57ª Brigada da Guarda Nacional em Santa Maria da Bocca do Monte. Infantaria a três batalhões (169º, 170º e 171º) mais um na reserva (57º). Decreto só revogado pelo Collor. Onde se chega com isto tudo? Relações de poder eram diferentes.

  6. Universidade Federal já não é a unica do interio do pais faz tempo. Logo o fato é irrelevante. Polos educacionais existem muitos pais a fora. Alas, o numero de alunos é a metrica certa. Uma faculdade sem alunos(as) não é nada. Alas, todos já viram o cilindro giratório que fica na frente de uma colheitadeira. Há que se imaginar o mesmo volume porém fechado e puxado por um trator. Aberto em baixo. Ohio, USA. O aparato eles chamam de ‘robô’. Agricultura de alta precisão. Na frente de aparelho existem cameras (talvez um LIDAR junto, não mostraram) que digitaliza a imagem das plantas no solo. Imagem referenciada via GPS. Cada tipo de planta é identificado e as ervas daninhas são atingidas por borrifadores (algo como 50). Só a erva daninha. Objetivo do projeto em desenvolvimento é reduzir 95% dos defensivos agricolas. Sem conhecer nada, sem referencia, qualquer coisa que se apresenta para os tabacudos é ‘incrivel fantastico extraordinario’.

  7. ‘Interesse cidadão’ um pinóia. Grande maioria da população, como em todo feriado, vai aproveitar o dia de folga sem gastar muito tempo pensando no significado da data. Passado ferroviário também não tem muito significado para a parcela mais jovem da população. Os que ainda lembram daquele passado já passam, no minimo, dos 60 anos.

  8. Primeiro o óbvio. Um amontoado de fatos que só interessa um punhado de pessoas na urb. Se forem fazer uma convenção um microonibus resolveria. Depois a repetição habitual, falta de assunto, falta de algo novo. Coisas da idade, algumas pessoas já não sintonizam bem a epoca que vivem.

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