Vini Jr. – por Orlando Fonseca
Até mesmo quem não é aficionado pelo futebol ouviu esse nome aí do título, durante os últimos dias. Esse brasileiro tem causado na Europa, não pelas suas jogadas geniais, como um dos melhores do mundo na atualidade. Fora das seções esportivas nos noticiários, Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior tem sido notícia por sua reação aos recorrentes atos racistas contra si. Isso gerou uma série de comentários de jornalistas espanhóis, direção de clubes e da grande Liga de futebol da Espanha. O que acirrou ainda mais os ânimos, jogando luz sobre um tema que transcende os gramados e os estádios: a xenofobia e a ascensão – outra vez – do fascismo. Ou seja, o atacante da seleção brasileira não está incomodando apenas zagueiros e goleiros adversários. Está mexendo em uma ferida que o Velho Mundo tenta cicatrizar há anos.
Quando Vini chegou ao Real Madri, ainda aos 16 anos, o continente europeu vivia um refluxo de sua história colonialista, em especial nos países africanos. Foram séculos de ocupação violenta, não apenas esgotando suas fontes de riqueza natural, como também levando sua população como escravos. A escravidão na Europa acabou ainda no início do século XIX, mas não houve uma recuperação das economias na África. O que tornou a vida de africanos insustentável em seus países, levando-os à atual onda migratória. Essa movimentação, nos últimos anos, aguçou um espírito contrário aos estrangeiros, mostrando a força subterrânea do fascismo. Para quem se atém à lateralidade ideológica, não nos esqueçamos de que fascismo é de direita. Foi assim que se revelou na Itália e num viés radicalmente violento na Alemanha, com o nazismo; durou três décadas na Espanha durante o franquismo. Algo que dá todos os indícios de estar se fortalecendo outra vez, e o episódio com Vini Jr. deixando claro para o mundo, e não tem nada a ver com o fato de que ele atua pela ponta-esquerda com rara habilidade. Mas porque é insuportável para qualquer ser humano ficar ouvindo, em todos os jogos, a torcida adversária (e até mesmo a torcida madridista) gritando xingamento de cunho racial.
O comportamento xenófobo tem sido tolerado em vários países europeus. Há aqueles que, como Polônia e Bélgica, são frontalmente nacionalistas, com governos que flertam abertamente com o fascismo. Na França, temos visto ao longo da segunda metade do século passado, um movimento pendular, em que socialistas e liberais-capitalistas se alternam no poder, o que representa, em verdade, a divisão ideológica da população. Em vista de uma guerra logo ali, na vizinhança, e que não deixa de ter reflexos importantes no cotidiano de todos, os ânimos estão alterados. Mas nada justifica uma degeneração no caráter do humanismo que o mundo aprendeu com a difusão das ideias geradas por lá. A democracia e a república, com gregos e romanos, a filosofia com alemães, os direitos humanos com os franceses. Assistir ao espetáculo deprimente de uma multidão gritando para um jogador negro de 22 anos que ele é um “macaco”, não condiz com aquela história de evolução do processo civilizatório que nos trouxe até aqui. Vini Jr., ao reagir, está nos mostrando o quão perigoso é esse retrocesso de cunho fascista, não apenas para ele, nem só para os espanhóis que estão percebendo a volta de um tempo obscuro de sua história, mas para toda a humanidade.
Toda vez que o futebol se mistura à política não tem resultado em coisa boa, para os dois lados. Que há um contexto de alienação no esporte (não apenas neste) não há dúvida, pois para a torcida é um momento de evasão. Mas não cabe entender que por isso se trata de um território de vale-tudo. De forma que é fundamental, seguindo a atitude corajosa do Vini Jr., indignar-se com toda forma de tratamento similar ao da escravidão, ou seja, de não dar ao semelhante o tratamento digno de ser humano. Tempos esquisitos estes, em meio a negacionismos, rumores de guerra, pandemias, ainda vermos entrando em campo o pior do caráter de seres providos de racionalidade. Pelo bem do futebol, pelo bem da humanidade, cartão vermelho para o racismo!
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Stalin era um grande ‘humanista’ matou alguns milhões de humanos. Fome e divergencia de ideias. Mao Tse Tung idem. Alas, discurso de Che Guevara na ONU que os ‘humanistas’ vermelhos gostam de compartilhar o video (basta olhar os canais do Youtube) ‘“Nós temos que dizer aqui o que é uma verdade conhecida, que temos expressado sempre diante do mundo: fuzilamentos, sim! Fuzilamos, estamos fuzilando e seguiremos fuzilando até que seja necessário.”
Existe xenofobia e existem problemas devido a migração de paises que não resolveram seus problemas economicos ou criaram problemas para si mesmo (Argentina já foi um pais rico por exemplo). População da Alemanha atingiu um platô. Deve, 2023, começar a decrescer. Existe uma evasão de mão de obra qualificada. Existem lugares onde a lingua franca não é o alemão. Nestes lugares, onde abunda mão de obra não qualificada, a taxa de natalidade é maior. Esta situação pode evoluir de diversas formas, muitas delas não agradaveis. É o retrato de muitos paises europeus. Europa ainda sofre economicamente com a Guerra na Ucrania. E nada disto tem a ver com Vini Jr. que ganha 20 milhões de euros por ano. Simples assim.
União Soviética também era de certa forma colonialista. Tanto que virou muitos paises quando terminou. Alas, comprava açucar de Cuba a preços muito superiores aos de mercado para vender armas e outras coisas. Total zero, como o século XX, terminou. Ideologicamente alguns acreditam nos efeitos interminaveis da historia, mas não é o que se vê. Basta ver como os descendentes de italianos são tratados hoje na Ianquelandia. Tentativa de utilizar o racismo com fins politicos, do outro lado desta vez, não terminou. Ilusões vermelhas, vendem a ideia que têm o monopolio da solução de determinados problemas. São o lado ‘do bem’, quem se opoe só pode ser ‘do mal’. Conceito judaico-cristão, o ‘povo escolhido’. Religião. Condenam a cobrança de dizimo da igrejas, mas cobram dizimo dos filhados ao partido. ‘Pastores estão ficando com o dinheiro que deveria ser nosso!’?
Existe a academia (majoritariamente vermelha) e existe o ‘mundo real’. Alas, colonialismo, pos-colonialismo, teorias bonitas que servem para pouca coisa. Alas, colonialismo não deixou só ‘coisas ruins’ (India seria duas duzias de paizes hoje em dia não fosse os britanicos; indianos reconhecem isto)e talvez tenha, de certa forma, continuado de outras formas. Samuel Huntington, choque de civilizações, escreveu sobre as pessoas que sairam de ‘colonias’ e foram estudar nas ‘metropoles’. Voltaram e foram a semente de melhorias. Terminam as colonias e a geração seguinte se tornou nacionalista e praticas não muito ‘salutares’. Exemplo mais parecido hoje em dia é a Turquia. O que os Jovens Turcos fizeram já é historia. Um eleitorado mais religioso saiu do campo e migrou para as cidades. Estao produzindo um retorno ao status quo ante. Resumo é que as colonias se emanciparam e donas do proprio nariz não conseguiram resolver os seus problemas.
En passant. Para a historia não ficar só ‘nas partes que interessam’. Ianquelandia. 1891. New Orleans. Mataram um chefe de policia. Uma multidão se reuniu e lincharam 11 imigrantes italianos. Sim, porque havia duas categorias destes imigrantes: os do norte da Italia e os do sul (que eram registrados não como italianos, mas como ‘do sul’). Estes ultimos eram tratados como ‘negros brancos’ ou ‘wiggers’ em ingles. John Parker, que viria a se tornar governador da Lousianna, ajudou a organizar o linchamento. Afirmou que os italianos ‘eram um pouco piores que os afrodescendentes ( substituir pela palavra com ‘n’), tinham habitos mais sujos, não respeitavam a lei e eram traiçoeiros’. Linchamento não ficou sozinho, aconteceram prisões em massa e ataques a imigrantes. O New York Times publicou editorial afirmando que os linchados eram ‘sicilianos sorrateiros e covardes, descendentes de bandidos e assassinos’. Na mesma peça afirmaram que ‘linchamento era a unica opção do povo de Nova Orleans’. Alas, os católicos eram vistos como os muçulmanos são hoje.
Cabe lembrar que o governo espanhol esta atualmente nas mãos do PSOE, Partido Socialista Operário Espanhol. Obvio que a ‘ascenção do fascismo’ encaixa na narrativa vermelha daqui, Marx e a historia que se repete. Obvio que não é isto porque o contexto é outro. Potencialmente muito pior.
O que se viu, pelo menos a grande maioria, foi a cobertura da imprensa tupiniquim sobre o que lá aconteceu. Imprensa que é useira e vezeira em exagerar, fazer generalizações. Fãs de Pelota Basca que não gostam de futebol e nem sabem que o jogador existe são racistas também? São culpados por associação, por ter nascido no mesmo pais? E ‘apanhar quietos’? A priori acredito que não. Assisti uma declaração do ex-jogador Jofre Mateu. Segundo ele ‘os espanhois precisam reconhecer que são racistas por herança’. Alas, o que muitos ignoram, Espanha já foi no passado algo muito parecido com o que os EUA são hoje.
Hummmm…. A ‘historia’ segundo um professor de portugues para realçar a ideologia. O que é muito positivo porque ideologias ultrapassadas falham na explicação do mundo. Um hora fica evidente. Melhor, para manter a coerencia o militante tende a atuar conforme acredita, o que leva ao erro.