Artigos

Vale do Mel, o sonho de uma região – por Fernando de Oliveira

Então, “o desenvolvimento só é efetivo se for visto e trabalhado em grupo”

O desenvolvimento territorial é um dos novos desafios que se colocam frente a gestores públicos, que passaram a entender que de nada adianta desenvolver suas cidades se isso não se refletir também na região onde as cidades estão localizadas.

Esse desenvolvimento passa além da saúde, educação e segurança, serviços públicos de primeira ordem, mas sim a busca por algo focado na geração de renda, fomento a novos empregos e a possibilidade de agregar valor a produtos oriundos do setor primário, entre outros.

Essa condição já se mostrou eficiente e transformadora de realidade em regiões como a Serra Gaúcha, para não precisar narrar algo fora do Rio Grande do Sul. O Vale dos Vinhedos transformou a realidade dos municípios da Serra, agregando valor ao vinho, produto típico na região, que vislumbrou uma série de novos setores que vieram na esteira dessa atividade, como o turismo, a hotelaria, o setor gastronômico e inúmeros outros.

Essa conjuntura foi exitosa através da união da iniciativa privada com o setor público, que juntos produziram uma sequência de ações e de articulações que alavancaram o desenvolvimento territorial de uma região que era vista apenas como entrega de mão de obra.

Diante dessas considerações, podemos mostrar que o desenvolvimento só é efetivo se for visto e trabalhado em grupo, afinal o município não é uma ilha e está sim integrado a demais no seu entorno, dentro de uma região.

É unindo municípios, abraçados dentro de uma região, com setor privado e a busca permanente por agregação de valor a arranjos produtivos locais e seus produtos e derivados. Essa receita conhecida é o diferencial na busca por crescimento exponencial de territórios.

No nosso Vale do Jaguari, região que compreende os municípios de Santiago, Nova Esperança do Sul, Jaguari, Mata, São Vicente do Sul, Cacequi, São Francisco de Assis, Unistalda e Capão do Cipó, a proposta é alavancar o desenvolvimento territorial através da apicultura, visto que a região se torna a maior produtora de mel do país.

Com isso, o destaque nacional, será o incentivo para o aumento da produção apícola e o aumento de valor dessa produção local, sendo fatores que vão marcar o início de um novo ciclo econômico na região, que levará benefícios a todos os setores, do comércio, aos prestadores de serviços, ao setor produtivo e a todas as frentes de trabalho que existem e que serão criadas diante dessa nova imagem da região.

Além do mercado atual, a apicultura apresenta novas oportunidades, como o caso do mel da abelha sem ferrão (meliponídeo) que conta com alto custo de comercialização e é ambicionado pelo setor farmacêutico devido aos gigantescos benefícios medicinais.

Esse componente se apresenta como desafiador, ainda pela falta de regulamentação, mas que além de potencializar a circulação de renda para famílias de apicultores, vai dimensionar o turismo de pessoas que vão buscar conhecer como funciona a criação, cultura, e então aquecendo o consumo e comercialização desse produto e seus derivados.

Mas é preciso ir além da comercialização tradicional, é preciso otimizar esse processo agregando valor, com o pertencimento local da comunidade e os benefícios de ser a região de maior produção apícola. Devemos promover o casamento da apicultura com as inúmeras belezas naturais da nossa região, a produção de produtos do setor primário, o setor de eventos e gastronômico da região, que juntos, com certeza são uma oportunidade ímpar de apresentar o produto turístico palpável para qualquer família nessa globalização que ocorre na compra de experiências que move o mundo do turismo.

O Vale do Mel é o caminho para o desenvolvimento territorial de uma região que precisa ser descoberta por muitos ainda, o Vale do Jaguari.

(*) Fernando Silveira de Oliveira é advogado sócio de Jobim Advogados Associados, pós-graduando em Direito Administrativo e Gestão Pública pela Fundação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (FMP/RS), vereador de Santiago, presidente da Associação Regional Santiaguense de Apicultores (ARSA) e da Associação de Cervejeiros Artesanais do Vale do Jaguari.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

2 Comentários

  1. Tinha que ser do juridico. Mentalidade insular e interiorana beira o absurdo na região. Içara, capital catarinense do mel, já pensou nisto há decadas. Arapoti no Paraná tem mais de duas centenas de produtores e dezenas de milhares de colmeias. Grupo SAMA do Piaui (com filiais em varios estados, por aqui em Vacaria) é o maior exportador de mel do pais. Copiar o que os outros fazem para conseguir destaque tende a não dar certo. Alas, apicultor tem em quase todo lugar. Vinicultura de qualidade já é mais raro.

    1. Pena que parece que o amigo não conhece a produção de mel do Vale do Jaguari…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo