Arte na guerra – por Orlando Fonseca
Eis que, quando se imaginava não haver nada de novo no front, Wagner, o compositor alemão, surge no palco da guerra do Leste Europeu. E não para fazer a alegria dos soldados russos e ucranianos, com a intenção de, através da música, iniciar um processo de pacificação naquele conflito que já dura mais de um ano. Seria um armistício estético, em que a arte serviria para dar um fim à guerra, talvez virar um manual para a vida, como o que se transformou a obra do chinês, Sun Tzu, a Arte da Guerra. Só que não: o que aparece diante das câmeras dos correspondentes internacionais é um general com cara de maluco, disposto a botar mais lenha na fogueira, porque, com sua ambiguidade de apoio e sedição, confunde o que está em jogo naquela disputa. Ou seja, de música é que não tem nada na cabeça de Yevgueni Prigozhin.
Inadvertidamente, ao ouvir as notícias, fiquei imaginando que, com tal Comando adentrando o teatro das operações, em vez de obuses apareceriam fagotes, em vez de uma divisão de tanques, um naipe de contrabaixos. Ouviríamos não o matraquear de metralhadoras, que, como se sabe desde a Jovem Guarda, dão uma nota só, mas um batalhão de violinos atirando notas agudas pelo ar. Nada disso, segundo informam os comentaristas, este dublê de maestro não passa de um bandido, mais acostumado com a cacofonia de atrocidades do que com esforço para produzir notas harmônicas. E colocar Wagner neste ambiente não é nenhuma novidade: Francis Ford Coppola, que tem nome de general, mas é somente um diretor de cinema, colocou-o em uma cena antológica de seu filme Apocalipse Now. Era um trecho de Cavalgada das Valquírias, sincronizado com barulho de rotores das hélices de helicópteros e rajadas de metralhadoras. Muito antes, Hitler já havia entronizado o compositor alemão como símbolo do Reich que ele pretendia estender ao mundo, em sua insanidade nazista.
Por vezes a arte irrita a vida. Especialmente quando deixa muito claro as contradições desta última. Não é possível atribuir tudo a Putin, nas considerações de falta de juízo, ou humanismo em uma guerra como a que está acontecendo desde 2022, no Leste Europeu. Sim, é condenável a invasão de um país soberano, mas é preciso colocar nestas considerações, a atuação da OTAN. Desde o fim da guerra fria (após a queda do Muro de Berlim), Putin não conta com a cooperação bélica das antigas repúblicas soviéticas. Encerrado o Pacto de Varsóvia, que daria aval a este apoio, houve um crescente esforço por independência. No outro lado, os Estados Unidos e as nações europeias continuaram a ampliar a ação do Tratado do Atlântico Norte, com bases militares e com arsenal nuclear. A gota d’água veio com a disposição da Ucrânia, que ocupa uma grande faixa de fronteira com o território russo, em fazer parte da OTAN. Ou seja, neste baile, todo mundo dança conforme a sua própria música.
Sinuca para Putin, que confiou na formação de milícias para não comprometer o exército russo nos conflitos com as antigas repúblicas soviéticas. Não se trata de grupos com 30 ou 50 homens, mas verdadeiras divisões, chegando a 25 mil soldados treinados para o pior. Como confiar que tais grupos militares, em meio à guerra, não se transformem em Quinta coluna? Isso se não for uma jogada ensaiada do estrategista Putin. A tática do bode na sala. Para forçar um acordo com o Ocidente, ameaça: ou vocês conversam comigo, ou vão ter de se acertar com este doido aí. Sou mais pela arte do que pela vida. Mas não desejo que Mozart ou Prince apareçam a designar um Comando alucinado. Ser surpreendido com uma novidade estética é uma coisa, outra muito diferente seria aparecer um Comando Tchaikovski, trazendo uma paródia para bagunçar o coreto: uma Suíte Quebra Tudo, por exemplo. Acho melhor que a ONU, o Papa, Putin, Zelensky, OTAM, Comunidade Europeia, todos se reúnam em torno de uma mesa, como uma orquestra afinada, e produzam acordes, harmonias, e cheguem a um acordo de paz. Deixem as armas de lado, pois está lá no livro do Sun Tzu: “A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar”. Se todos estiverem juntos, o inimigo a ser derrotado não estará na sala.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Guerra serve mais como cortina de fumaça, como enchimento de linguiça de noticiario. Não muda nada (tirando a economia) na vida do tupiniquim medio. Perder tempo com problemas que estão com a solução fora de alcance é burrice. Ou falta do que fazer Alas, gente formada em relações internacionais falando em operações militares é algo. Não tem formação na area. E tudo chute ou leitura de material de terceira linha.
Papinho ‘miss’ que leu Pequeno Principe e deseja ‘paz na terra’. Tipico discurso ‘progressista’, vermelho, classe média, ‘se todos forem igual a nós será tudo muito melhor no planeta’. Utopias que chegam a lugar nenhum e problemas que tem final adiado. Se não forem resolvidos ‘da forma certa’, conforme a ideologia prescreve, continuam existindo.
“A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar”. Este navio já deixou o cais faz tempo. Grande maioria está c@g@ndo para o Papa e para a ONU.
Putin considera a OTAN e suas ações. Mas também o que aconteceu com Kadafi. Morrer com uma barra de ferro enterrada no traseiro não deve ser agradavel.
Alguem está ganhando muito dinheiro com a guerra ucraniana. Também não é de se ignorar os que sonham com um governo global, as Nações Unidas funcionando como um parlamento global. Sonho de uns que rende dinheiro para outros.
Guerra e conflito são caracteristicas humanas. Não adianta tentar renegar o lado animal do ser humano. Alas, vide patrulhas de chipanzes.
A arte sempre imita a vida. O contrario é uma completa asneira que virou bordão. Coisas de quem desejava ‘valorizar o passe’ da arte. Platonismos.
Lembrando que filme é ficção. Filme tem que ter trilha sonora.
Apocalipse Now, como Blade Runner, esta na lista dos filmes melhores que os livros em que se basearam. O documentario sobre a filmagem também é muito bom. Infarto do protagonista, furacão, helicopteros indo combater guerrilha de verdade. Hitler entronizou? Não fez tudo sozinho.
Musica da Jovem Guarda citada é versão de uma musica italiana. Que foi regravada pelos Engenheiros do Hawai depois. ‘Era um garoto que como eu…’. Para a referencia não ficar sexagenaria.
Outro aspecto é saber se o que foi noticiado realmente aconteceu ou foi algum estratagema (maskirovka), algum tipo de desinformação. Noticiário do lado de cá é tendencioso, o do lado de lá controlado. Alas, ‘Forçarei o inimigo a considerar nosso ponto forte como fraqueza e nossa ponto fraco como ponto forte e desta forma tornar seu ponto forte uma fraqueza’. Sun Tzu. Alas, tropas do mesmo lado matarem umas as outras não é nenhuma novidade, ianques chamam de ‘blue-on-blue’. Surprende alguns bocós comemorando a possivel queda de Putin e sua substituição por um bando de malucos.
Yevgueni Prigozhin não é general. É um oligarca, ex-detento que começou a fortuna vendendo cachorro quente. De onde sai a primeira duvida, é ele mesmo que manda ou é o chefe da segurança pessoal do proprio e diretor técnico do Grupo Wagner. Tenente Coronel Dmitry Utkin, ex-Spetsnaz, veterano das guerras da Chechenia.
A Sun Tzu, a Arte da Guerra. De onde saiu que virou ‘um manual para a vida’? Ainda é estudado em cursos militares mundo afora. Como Clausewitz. Jomini saiu da moda faz tempo. Manual para a vida hoje em dia é ‘a sutil arte de ligar o f*da-se’. Ao menos para grande parcela dos que ainda leem. Para os outros é o Tik Tok.
Pacificação através da musica. Armisticio estético. Que bobagem.