E aí o bestunto claudemiriano voltou ao final dos anos 70, início dos 80. Saudade do Movimento Estudantil. E de um Congresso da UNE específico, acontecido em Piracicaba, então sob o comando do prefeito João Hermann Neto (que faleceu há pouco), então no PMDB, depois do PCB e seu sucedâneo, o PPS. Muita gente importante lá esteve. Importante então e hoje.
Ah, um deles, o que seria eleito presidente da União Nacional dos Estudantes, o comunista do B Aldo Rebelo, hoje deputado por São Paulo, mas que na época era estudante em Alagoas, seu Estado de origem. Bueno, Rebelo não é o único político a ter presidido a UNE. Outros podem ser citados, como José Dirceu (PT) e José Serra (PSDB), nos duros anos 60. Ou os mais recentes, o ministro do Esporte Orlando Silva (PC do B) e o senador Lindberg Farias (PT).
Chega de saudade. Vamos ao fato. Acontece a partir de hoje, em Goiânia, mais um congresso nacional da UNE. E a UFSM, tanto quanto naquele tempo, está representada. Os detalhes chegam através de material originalmente publicado no blogue do DCE/UFSM. Confira:
“Estudantes da UFSM participam do Congresso da UNE
Com direito a 16 delegados, os estudantes de graduação da UFSM estarão representados no 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune). A abertura oficial é hoje, dia 13 de julho em Goiânia, cidade-sede do Congresso. No Conune, o Movimento Estudantil organizado em todo o Brasil discute as linhas políticas gerais dos próximos dois anos e elege a nova Diretoria da UNE.
Os estudantes da UFSM saíram no dia de ontem (12) de Santa Maria, Frederico Westphalen e Palmeira das Missões. Várias forças políticas do Movimento Estudantil da UFSM estiveram representadas entre os delegados da UFSM, a Reconquistar a UNE com dez delegados, o Coletivo Barricadas Abrem Caminhos com quatro delegados, a Kizomba e a União da Juventude Comunista com um delegado cada. O DCE da UFSM garantiu com a Reitoria um ônibus para o Congresso, assegurando com isso a ida de todos os representantes da Universidade…”
@Luiz
Luiz, de fato concordo plenamente com as colocações, e por sinal vou até um pouco mais longe… o imobilismo da UNE foi agravado em 2003, mas vem desde a metade final da década de 90.
Hoje, o Congresso da UNE tem uma estrutura feita para privilegiar a Direção Majoritária, e em muitas lugares com fraudes absurdas (neste ano em Santa Maria teve força política que tentou registrar delegado pela FASCLA e com matrículas de cursos inexistentes na FISMA).
Na UFSM temos tido uma postura diferente, um processo aberto de tiragem de delegados e embora o regimento permita boca-de-urna e que membros da Comissão eleitoral participem de chapas, aqui isso não é permitido.
Uma outra boa novidade, dos 16 delegados da UFSM, 15 são de oposição (talvez os 16, não sei como vai ser a postura da Kizomba). A pena é que isso não seja assim em todo o país…
Tuas remembranças saudosas não se aplicam aos dias de hoje.
As atuais “lideranças” estudantis deveriam se envergonhar ao olhar as fotos do passado.
Aquela UNE de lutas gloriosas, de bandeiras dignas e de postura libertária não existe mais.
O que existe hoje é um arremedo de movimento estudantil, comandado por grupos de pelegagem interessados em agradar ao governo.
É assim na UNE, na CUT, nos sindicatos, na Igreja, etc… que atuam como “amortecedores” dos governos PTlhos.
Desde a chegada do PT ao governo federal, em 2003, o que vimos ao longo do tempo foi tanta corrupção quanto nos (des)governos Sarney e Collor, tanto “neoliberalismo” quanto nos tristes anos FHC;
A única e importante diferença é que naquela época existia um partido político que mobilizava estudantes, trabalhadores, lideranças sindicais, artistas e religiosos para evitar ou pelo menos diminuir as maldades que seriam impostas ao povo, e hoje as mesmas vozes se calam bovinamente mesmo diante dos maiores absurdos, cooptados por esse PT que mostrou sua verdadeira cara ao chegar ao poder.
Assim, só me resta desejar aos nobres representantes do estudantado que a viagem seja divertida, que aproveitem as belezas do Planalto Central, a boa culinária, as imperdíveis festas e cervejadas, as longas discussões que não levarão a lugar nenhum, o bolivarianismo, o outro mundo possível (movido a artesanato, canjica e freiras de franjinha), a descriminalização da maconha.
Ah… e se enxergarem por lá um cara chamado Lindbergh Farias, pelo menos se dignem a perguntar – parafraseando Millor Fernandes – se sua liderança no movimento dos “cara-pintadas” era idelogia ou investimento.
Claudemir, tu abertura me lembrou uma música:
“Que saudade dos 18, onde a força não faltava
o que viesse pela frente
o Ambrósio agasalhava”