Para que nunca mais se repita!- por Jorge Pozzobom
“Segurança e prevenção de tragédias precisam ser debatidos constantemente”
Depois de 11 anos da madrugada mais triste de Santa Maria, continuamos a refletir em tudo o que pode e deve ser feito para que tragédias como a da boate Kiss nunca mais se repitam. No último 27 de janeiro, voltamos àquele lugar, nos abraçamos e choramos junto aos sobreviventes e com aqueles que perderam familiares e amigos. Aliás, desde 2013, essa tem sido a realidade em nossa comunidade. Afinal, jamais esqueceremos tão grande tristeza.
Posso dizer que resiliência é uma importante marca da nossa cidade. Com coragem e fé, cada um de nós tem lutado para prosseguir, no entanto, isso não significa se esquecer da dor, da angústia e do luto que nos acometeu de maneira tão avassaladora. Além do mais, tragédias evitáveis continuam acontecendo, o que é extremamente lamentável. Em 2022, na Rússia, um incêndio em uma boate vitimou 13 pessoas. No ano passado, no Iraque, 113 pessoas morreram em um incêndio ocorrido em um casamento. Ambos, com semelhanças às causas da tragédia da nossa cidade.
No último sábado, na semana em que Santa Maria (e o mundo) se voltam para as tristes lembranças do 27 de janeiro de 2013, recebemos familiares e sobreviventes do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, e do incêndio no Ninho do Urubu (alojamento do Flamengo). Eles vieram nos abraçar e serem abraçados e, também, participar de um importante painel de conversa sob o tema “Justiça e prevenção, para que nunca mais aconteça”.
Ou seja, temas como segurança e prevenção de tragédias precisam ser debatidos constantemente. Precisamos conscientizar nossos filhos, produtores de eventos, diretores de escolas, enfim, pessoas de todo e qualquer lugar, de que a maioria das tragédias pode ser evitada.
Quero aqui, também, reforçar o nosso comprometimento e constante diálogo com a com a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Juntos, além da constante preocupação por segurança, temos como objetivo a construção do Memorial em Homenagem às Vítimas da Kiss, cujo processo licitatório está em andamento.
Queremos fazer daquele local um ambiente de acolhimento e não de dor, ou seja, “desfazer a ruína e construir a memória”, como destacam representantes da AVTSM. Desejamos que o Memorial, além de honrar a memória das vítimas, sirva de exemplo para o mundo. Estamos empenhados em trabalhar com o máximo de agilidade para definir a empresa vencedora e dar início à obra orçada em mais de R$ 5 milhões, a qual contará com participação da Prefeitura e do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS).
Ainda a respeito da licitação, o processo está no prazo de recursos, período em que as interessadas podem contestar a análise das documentações. Após esta etapa, conclui-se a homologação das empresas candidatas e, na sequência, serão avaliadas as propostas de preço.
Em breve, as ruínas da boate não existirão mais. Nada trará de volta as pessoas que perdemos, mas jamais deixaremos de homenagear as 242 vítimas da tragédia da Kiss. Que jamais venhamos a flexibilizar questões que envolvem segurança, que jamais venhamos a nos esquecer que a prevenção pode salvar uma vida.
Mais de uma década depois daquela madrugada, seguimos firmes no propósito de não deixar a tragédia cair no esquecimento. Que nada daquilo se repita – em nosso Estado ou em qualquer outro lugar do mundo.
(*) Jorge Pozzobom é o Prefeito Municipal de Santa Maria. Sua trajetória como agente político começou com dois mandatos de vereador, tendo depois se alçado, pelo voto popular, à Assembleia Legislativa. Em meio ao segundo período, em 2016, foi eleito para conduzir o Executivo santa-mariense. Em novembro de 2020 foi reeleito para novo mandato. Ele escreve no site às quartas-feiras.
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