Reproduzido do site do jornal Correio do Povo / Texto com assinatura de Flavia Bemfica
Único petista gaúcho a integrar o primeiro escalão do governo do presidente Lula, o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, se prepara para deixar o cargo na reforma ministerial prevista para o início de 2025.
A saída do posto atual, confirmam lideranças da sigla no RS, está decidida já, e seu resultado vai impactar articulações locais e definição de nomes para as eleições de 2026. Principalmente porque Pimenta, até agora, é o mais cotado do partido para concorrer a uma das duas cadeiras ao Senado. Mas o caminho a partir da saída da Secom pode alterar o cenário.
Ainda há dúvidas sobre se Pimenta será deslocado para outro ministério, sendo o mais provável a Secretaria Geral da Presidência, hoje ocupada por Márcio Macedo (PT/SE). Internamente, contudo, crescem neste final de 2024 as apostas de que ele retorne para a Câmara dos Deputados, ocupando a liderança do governo na Casa. Seria a forma de, mesmo fora do Executivo, seguir na vitrine e continuar com peso suficiente para a majoritária estadual em 2026.
A Secretaria Geral não está descartada, mas pesam contra alguns principais fatores: a resistência de lideranças petistas nacionais ao nome do gaúcho e o fato de, apesar da proximidade com o presidente, a pasta não ser cobiçada por políticos que desejam visibilidade.
O gaúcho mantém abertas as articulações tanto para o ministério como para a liderança do governo na Câmara. Se uma das duas se confirmar, a candidatura para o Senado segue fortalecida, e outras peças começam a se mover no RS. Isto porque sempre que um deputado federal deixa claro que vai pleitear outro cargo ou encerrar a vida pública, são imediatamente identificados sucessores para a vaga, que começam suas próprias articulações para herdar os eleitores do que está deixando a cadeira.
No caso de Pimenta, o sucessor natural já definido dentro do PT para concorrer ao Legislativo federal é o deputado estadual Valdeci Oliveira. Os dois têm base eleitoral em Santa Maria, fazem dobradinha nos pleitos e possuem capilaridade para além da sua região de origem. Também possuem vínculo antigo (Pimenta foi vice de Valdeci quando este foi prefeito de Santa Maria pela primeira vez), e o atual deputado estadual priva da confiança do ministro.
Apesar da derrota recente ao tentar o terceiro mandato na prefeitura de Santa Maria, Valdeci foi o candidato mais votado do partido para a Assembleia Legislativa em 2022. Fez, para estadual, mais votos do que Denise Pessôa, que ocupou a última vaga alcançada pelo PT na Câmara Federal. Além dele, já corre por fora para buscar eleitores de Pimenta caso este confirme a candidatura ao Senado a deputada estadual Laura Sito.
Se, contudo, Pimenta sair do ministério e não ficar com a liderança do governo na Câmara, hipótese menos provável, a avaliação majoritária no PT gaúcho é de que não recupera o peso político perdido nos últimos meses. Nesse caso, apesar do sonho antigo que acalenta em relação ao Senado, pode optar por disputar novamente uma cadeira de deputado federal, sem arriscar ficar sem mandato, e repetir o desempenho de 2022, quando foi o terceiro mais votado do Estado.
Nesse cenário, nada mudaria para Valdeci e Sito, e eles concorrerão de novo à Assembleia. O que mudaria seria a situação do PT do RS, que precisaria encontrar um nome competitivo e disposto a correr ao Senado. Nacionalmente, o partido pretende priorizar as disputas ao Senado inclusive em relação às de governadores.
Linha do tempo
Na formação do governo, no final de 2022, Paulo Pimenta foi escolhido titular da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Foi escolha pessoal de Lula. Pimenta era e é tido como o petista gaúcho mais próximo do presidente. Os laços entre eles se estreitaram no período em que Lula ficou preso em Curitiba e o gaúcho integrou o grupo pouco extenso dos que assumiram um papel de suporte e defesa irredutível do atual mandatário.
Na metade de maio, após a tragédia climática, Lula criou a Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do RS, com status de ministério, e data de validade: três meses. Nomeou Pimenta para chefiar a pasta. No lugar do gaúcho na Secom ficou, interinamente, Laércio Portela.
A mudança temporária para o Rio Grande foi identificada como de valorização de Pimenta, além de uma forma de o governo federal acompanhar a destinação do alto volume de verbas, e mostrar o quanto se empenhava no auxílio e reconstrução. Internamente, contudo, circulou a informação de que o ‘exílio’ funcionava como ‘sinal amarelo’, porque também atendia a desafetos do ministro dentro do governo e àqueles que desejavam observar o funcionamento da comunicação sem ele no comando.
Pimenta percorreu o RS, fez anúncios, organizou reuniões de ministros e manteve agenda intensa em solo gaúcho. Mas não chegou a esconder a contrariedade por estar longe de Brasília. Entre pares no Estado, o entendimento é de que não fez qualquer esforço para renovar sua permanência para além dos três meses iniciais.
As cobranças internas mais contundentes sobre sua atuação no ministério provisório, porém, dizem respeito a reação pouco enérgica à estratégia do governador Eduardo Leite (PSDB), que emplacou uma narrativa de reclamações constantes sobre a União, apesar das dezenas de bilhões de recursos recebidos. O governo federal destinou ao RS, em oito meses, R$ 65 bilhões para ações de reconstrução. É mais do que o dobro dos R$ 30,6 bilhões que estima economizar com todas as medidas do ajuste fiscal em 2025. Mas, de novo, por falhas na comunicação, não teria conseguido capitalizar as iniciativas, o que reverberou em Brasília. Aqui, há, na bancada do PT na Assembleia, uma queixa significativa, mas mantida muito reservadamente, sobre a questão.
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