As doze badaladas do relógio do fim do mundo – por José Renato Ferraz da Silveira e Breno Dotta de Brito
Cientistas nucleares criam mecanismo para alertar sobre riscos de apocalipse
“O mundo nunca esteve tão próximo da meia noite”. Boletim dos cientistas atômicos
O início do século XXI repete muitos dos eventos do século XX: deslocamentos forçados em quase todo o mundo, políticas migratórias restritivas, conflitos armados, perseguições políticas, raciais, religiosas, desastres ambientais, disputas por recursos naturais e violações dos direitos humanos.
O que há de novidade em 2025? É que a ONG americana Boletim dos cientistas atômicos (Bulletin of the Atomic Scientists) anunciou na terça feira (24 de janeiro) que o mundo está mais próximo do que nunca do seu fim.
O relógio do fim do mundo
O grupo renomado de cientistas nucleares criou um mecanismo para alertar o planeta sobre os riscos de um potencial apocalipse: o “doomsday clock”, ou o relógio do juízo final.
Como diz a reportagem da CNN Brasil: “o relógio é uma boa ideia de marketing para fomentar a discussão do fim do mundo, mas não uma medição exata de quanto tempo ainda resta no planeta. Apesar da explicação simples, a posição dos ponteiros do relógio é determinada por uma série de cálculos matemáticos complexos que medem a probabilidade real de eventos catastróficos acontecerem. Entre eles estão guerras nucleares, doenças epidêmicas e mudanças climáticas. O relógio foi criado logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando os cientistas, entre eles o físico Albert Einstein, começaram a se preocupar com a corrida armamentista entre Estados Unidos e União Soviética”.
Como é o cálculo?
Pois bem, para fazer o cálculo de quanto tempo ainda temos nesse planeta, os cientistas usam dados do ano anterior, ou seja, os eventos que marcaram 2024.
E, dentro desse contexto, o cenário é de pessimismo. “As ameaças nucleares russas em meio à invasão da Ucrânia, as tensões em diversos pontos críticos do mundo, o uso militar de inteligência artificial e as mudanças climáticas estão no ápice de uma possível catástrofe global” (Revista Sociedade Militar).
A simbologia do relógio e seus impactos na sociedade
O Relógio do Juízo Final não é apenas uma ferramenta de alerta para especialistas e governantes; ele exerce um papel crucial na conscientização da população global sobre os riscos que ameaçam a humanidade. Ao longo das décadas, sua posição tem oscilado conforme o contexto geopolítico e ambiental, refletindo momentos de maior ou menor estabilidade internacional. No entanto, o atual ajuste para 89 segundos para a meia-noite representa um marco histórico e evidencia a gravidade das crises contemporâneas.
Para além do simbolismo, a decisão de mover os ponteiros do relógio impacta debates políticos e acadêmicos. Organizações internacionais, como a ONU e a OTAN, frequentemente citam o Doomsday Clock para reforçar a necessidade de acordos de não proliferação nuclear, iniciativas de combate às mudanças climáticas e regulamentações sobre inteligência artificial. Ainda assim, críticos argumentam que o relógio pode gerar pânico desnecessário ou ser usado como ferramenta política para pressionar determinados países e governos.
Os desafios para evitar o colapso
Se o cenário de 2025 é alarmante, ele também revela oportunidades para ação. Governos e organizações multilaterais têm, nas mãos, a possibilidade de reverter essa trajetória através de políticas eficazes de desarmamento, transição energética sustentável e fortalecimento das instituições democráticas. A colaboração entre países pode mitigar tensões e reduzir os riscos que colocam a humanidade à beira do colapso.
No âmbito individual, a disseminação da informação e o engajamento cívico são ferramentas poderosas. Campanhas de conscientização sobre o aquecimento global e combate contra notícias falsas, o fortalecimento da diplomacia internacional e a ética no uso de novas tecnologias são essenciais para reduzir os perigos apontados pelo Relógio do Juízo Final.
Diante desse cenário, a grande questão que permanece é: seremos capazes de reverter essa contagem regressiva ou estamos fadados a assistir ao inevitável? O tempo corre, e as decisões tomadas agora definirão o futuro da civilização.
Apesar de tudo, o planeta Terra já enfrentou aproximadamente 5 extinções em massa ao longo de sua existência.
No entanto, a vida sempre encontra um caminho e a vida se perpetua de algum jeito, sempre criando novas espécies e eliminando outras. Portanto, nós, enquanto seres humanos, devemos ficar atentos para que nosso legado não seja apagado, já que, para o nosso planeta, nossa existência e nossas ações não passam de um vago período de sua história.
Referências
CNN BRASIL. Relógio do juízo final acelera e o mundo fica mais perto do apocalipse, dizem cientistas. https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/relogio-do-juizo-final-acelera-e-o-mundo-fica-mais-perto-do-que-nunca-do-apocalipse/. Acesso em: 28/01/2025.
REVISTA SOCIEDADE MILITAR. Cientistas ajustam “relógio do fim do mundo”: faltam 89 segundos para meia noite! O fim da existência humana nunca esteve tão perto. https://www.sociedademilitar.com.br/2025/01/cientistas-ajustam-relogio-do-fim-do-mundo-faltam-89-segundos-para-meia-noite-o-fim-da-existencia-humana-nunca-esteve-tao-perto-amz.html. Acesso em: 28/01/2025.
NPR. The Doomsday Clock has never been closer to metaphorical midnight. What does it mean? https://www.npr.org/2025/01/29/nx-s1-5279204/doomsday-clock-2025-history. Acesso em: 29/01/2025
BBC News Brasil. Como os cientistas tentam combater a ideia de que é ‘tarde demais para salvar o planeta’. https://www.google.com/amp/s/www.bbc.com/portuguese/geral-62653493.amp. Acesso em: 29/01/2025
UnB Notícias. Extinsão em massa? https://noticias.unb.br/artigos-main/6465-extincao-em-massa. Acesso em: 30/01/2025
(*) José Renato Ferraz da Silveira, que escreve às terças-feiras no site, é professor Associado IV da Universidade Federal de Santa Maria, lotado no Departamento de Economia e Relações Internacionais. É Graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP e em História pela Ulbra. Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Colunista do Diário de Santa Maria. Participou por cinco anos do Programa Sala de Debate, da rádio CDN, do Diário de Santa Maria. Contribuições ao jornal O Globo, Sputnik Brasil, Rádio Aparecida, Jornal da Cidade, RTP Portugal. Editor chefe da Revista InterAção – Revista de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) (ISSN 2357- 7975) Qualis A-2. Editor Associado da Scientific Journal Index. Também é líder do Grupo de Teoria, Arte e Política (GTAP).
Breno Dotta de Brito é graduando em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Membro do Grupo de Teoria, Arte e Política (GTAP).
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