Não é polarização, é covardia! – por Giorgio Forgiarini
“Não existe isso (polarização) no Brasil. Não existe no mundo. O que existe é...”
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Fala-se muito em polarização no Brasil e no mundo. Mas não há. Eis uma bobagem gritante. Não há polarização em hipótese alguma.
Polarização pressupõe a existência de dois polos distintos e opostos entre si. O polo da direita hoje é forte, robusto, porém absolutamente irracional. Briga, grita, ameaça, destrói e se acha no direito de fazê-lo.
A esquerda, por outro lado, é de uma tibieza como nunca vista, incapaz de colocar na mesa suas pautas, muito por incompetência própria.
Lula é o Presidente. É tachado de esquerdista, mas seu governo está muito longe de ser de esquerda. Aliás, nunca foi, nem de 2003 a 2010. Isso não é crítica, tampouco elogio. É tão somente uma constatação. Lula nunca agiu como esquerda. Nunca se constrangeu em agir conjuntamente com os mercados. Faz o jogo capitalista, aliás, melhor que aqueles que o chamam de comunista.
Medidas governamentais são tomadas somente após ouvir a voz da Bolsa de Valores. Austeridade fiscal é expressão da moda. Corte de verbas e privatização são assuntos corriqueiros nos corredores do Planalto, mesmo que nem sempre tratados nestes termos. Às vezes fala-se em “contenção de gastos” ou em “parcerias com a iniciativa privada”, mas o resultado é o mesmo.
O sindicalismo está moribundo e prova disso são as sucessivas perdas de direitos trabalhistas e previdenciários que temos vivenciado nos últimos anos. Mesmo a ala mais “canhota” da Igreja Católica hoje parece ter pouco espaço para falar.
Os hoje tachados de esquerda se resumem a, quando muito, defender a independência do Judiciário, a vacinação obrigatória e a validade de processos eleitorais. Mas estas nunca foram pautas da esquerda. Então, como falar em polarização.
A existência de polarização demanda a existência de dois paradigmas minimamente claros, um antagônico ao outro. Num ambiente polarizado, pelo menos, poderíamos perceber de maneira mais ou menos clara quem está de um lado e quem está de outro.
Não existe isso no Brasil. Não existe no mundo. O que existe é uma porção de gente covarde o suficiente para simular isenção e falar em “polarização”, como se ambos os lados estivessem errados em proporções idênticas.
Não há essa relação. Falar nisso não é isenção. É covardia!
(*) Giorgio Forgiarini é advogado militante, com curso de Direito pela Universidade Franciscana, é Mestre em Ciências Sociais e Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Maria. Escreverá nas madrugadas de sábado.
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