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Alma farroupilha – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Aos vinte dias do mês de setembro do ano de dois mil e onze passo a escrever sobre a data que nos rebanha lembranças daqueles que exaltaram suas façanhas. Sujeitos fortes, aguerridos e bravos.

A Revolução Farroupilha teve em sua essência a rebeldia contra o governo imperial. Conta-nos que a guerra alimentou-se pelo descontentamento com os tributos aos produtos gaúchos, em especial o couro e o charque. Do termo farrapos, em sentido pejorativo, como se utilizou o governo central para denominar os rebeldes, foi ele feito eterno pelos próprios revolucionários, que já no inicio da revolução denominaram-se farroupilhas.

Dos contos que fazem a nossa história, entre causos, versos e prosas creio que todos conhecem o nosso passado de glórias, lutas e vitórias. Em trecho nobre, registrado em hino, lutou-se por algo maior que a liberdade, pois povo que não tem virtude acaba por ser escravo.

A alma farroupilha guapa que foi, poderia reinventar os nossos dias. Galopeamos, em redundância possível, a trotes largos, em busca de conquistas. Mas tenho o receio que tenhamos nos tornado farrapos (no sentido literal), montados em pangarés diante da liberdade, em busca da virtude. Onde andam nossas virtudes? Onde está a alma farroupilha?

Bento Gonçalves em manifesto escrito em favor à República Rio-Grandense, deixou-nos dito: toma na extensa escala dos estados soberanos o lugar que lhe compete pela suficiência de seus recursos, civilização e naturais riquezas que lhe asseguram o exercício pleno e inteiro de sua independência, eminente soberania e domínio, sem sujeição ou sacrifício da mais pequena parte desta mesma independência ou soberania a outra nação, governo ou potência estranha qualquer. […]o povo não deve aceitar do governo do Brasil uma paz ignominiosa que possa desmentir a sua soberania e independência.

As gerações atuais devem conhecer este manifesto que honra o povo gaúcho, reinventá-lo, apropriá-lo aos nossos tempos, os quais nos faltam homens fortes, aguerridos e bravos, capazes de não lutar apenas pelas liberdades individuais, mas por vontades coletivas…por virtudes perdidas.

Bento Gonçalves firmou em seu discurso o que acredito que tenha se perdido nestes nossos anos farrapos. Em época passada, disseram-nos para não ceder à paz vergonhosa da deposição das armas, em tempos atuais temos a paz, mas procuramos as virtudes.

No passado ao lombo de cavalos, lutamos; hoje vamos à garupa da intolerância. Das auroras de ontem às tristezas de hoje, deixaram-se as esporas, aquerenciaram-se às esmolas. Livres por destino, escravos e aprisionados às ausências de oportunidades.

Faço uso da trova escrita por Loresoni Barbosa ao encerrar este texto, talvez aqui um chamado: nosso povo farroupilha assim vai cruzando a vida, tropeando o próprio destino, golpeando algum sonho antigo que se perdeu pelos pagos ou na ilusão dos teatinos.

Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra.

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