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GOLPE PARAGUAIO (3). Vamos combinar: os casos Collor e Lugo são de uma diferença quase planetária

Diante de algumas observações buscando encontrar o inincontrável (inclusive, embora tateando, como você leu imediatamente abaixo, na avaliação de Luis Nassif), isto é, alguma relação entre os casos de Fernando Collor, no início dos anos 90, no Brasil, e o de Fernando Lugo, agora, no Paraguai, é interessante e até didático o texto produzido por Paulo Moreira Leite, da insuspeita (nesse caso) revista Época.

O veterano jornalista mostra o óbvio, mas intencionalmente ou não deixado de lado por algumas análises. E, pra não deixar dúvida, a opinião dele coincide, item por item, com a do editor deste sítio. Confira um trecho, a seguir:

 “Contrabando ideológico do Paraguai

Fernando Collor foi investigado por vários meses e considerado culpado pela Polícia Federal, que encontrou vários indícios de corrupção e troca de favores.

A CPI sobre PC Farias recolheu provas contra o tesoureiro e o presidente. Os auxiliares de Collor foram questionados, puderam se defender e acusar. Apareceu uma testemunha, com um cheque usado para comprar um carro para a primeira dama. E apareceram vários cheques-fantasma do esquema e suas conexões. A polícia federal descobriu um computador com a descrição gráfica do esquema financeiro.

Depois de tudo isso, o Congresso votou o impeachment do presidente. O país estava convencido de sua culpa. Os estudantes foram às ruas pedir sua renuncia.  Collor pediu apoio popular. Recebeu maiores protestos.

Ao contrário de Lugo, Collor não foi deposto. Renunciou. Lugo tinha apoio popular, a tal ponto que um dos motivos para a pressa dos golpistas era impedir a chegada de

Ou seja: não foi uma denúncia que caiu do céu contra um presidente fraco que, por falta de apoio parlamentar, foi despachado para casa.

Foi um processo democrático, onde Collor teve direito a ampla defesa.

Não tivemos nada disso contra Lugo. Não há o fiapo de uma prova de suas responsabilidades pelas 17 mortes num conflito agrária, que criou a comoção que ajudou os golpistas a criar um ambiente favorável a derrubá-lo.

Os outros quatro episódios são acusações vagas e genéricas. Em nenhum deles a culpa de Lugo está demonstrada. Estamos falando aqui de um arranjo político, uma oportunidade. Lugo era um presidente incômodo, com ideias de esquerda – bastante moderadas, por sinal – e seus adversários não quiseram perder uma chance de livrar-se dele.

É o poder oligárquico em sua expressão extrema, anti-democrática e absoluta – tão poderoso que pode cumprir um simulacro de democracia para pervertê-la.

Falar que se cumpriu o ritual democrático é o mesmo que dizer que o ditador Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai por 35 anos, acumulou uma fortuna ilícita estimada em 5 bilhões de dólares e deixou uma lista de 400 desaparecidos políticos era um presidente legítimo porque de tempos em tempos promovia eleições que vencia com mais de 90% dos votos…”

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4 Comentários

  1. entao quando COLLOR também foi deposto pelo congresso, o BRASIL pratricou golpe, pois logo este mesmo COLLOR foi absolvido pela justiça; como o congresso é representativo e consta da lei daquele país, como o é a nossa lei, podem sim depor um presidente; lembro que uma vez nos metemos no PARAGUAI com a velha triplice aliança e matamos todos os homens, só restando as crianças e as mães e até agora pagamos a conta juntamente com o PARAGUAI, seja na politica ou na soberania ou na parte comercial, onde os comerciante estao sempre entregando os camelôs, que vendem mais barato as coisas do PARAGUAI, que é só um aeroporto da CHINA e COREIA. A história cobra caro; e como cobra

  2. É mais um golpe de Estado patrocinado pelo agente do mal, os EUA. Alías, o dedo podre desse abutre está presente em praticamente todos os golpes de Estado contra governos que contrariem seus interesses.
    Os princípios do “smart power” estão sendo utilizados plenamente pela secretária de estado norte-americana. A propósito, vejam o que ela afirmou em 13/01/2009, durante sua sabatina no Senado americano:
    “Devemos usar o que tem sido chamado de smart power – a gama completa de ferramentas à nossa disposição – tanto diplomáticas, econômicas, militares, quanto políticas e culturais – escolhendo a ferramenta certa, ou a combinação delas, para cada situação. Com o smart power, a diplomacia será a vanguarda da política externa.”
    (http://pt.wikipedia.org/wiki/Smart_power).
    Logicamente que não se pode esquecer dos aliados internos dos ianques, sem os quais as coisas seriam bem mais difíceis para estes.

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