MEMÓRIA. Morre Bartholomeu Ceccim, empreendedor. Figura controversa. Mas de trabalho indiscutível por SM

O controverso do título vale por ser uma figura muito querida por quem o conhecia – respeitando sempre o seu jeito de ser e pensar. E visto meio de lado por quem, simplesmente, não o conhecia nem a seu trabalho. Estou no primeiro grupo. O conheci há um tempão.

E me orgulho (embora saiba que não foi por minha “bela cara” que isso aconteceu) de ter sido um dos raríssimos jornalistas a quem Bartholomeu Ceccim Segundo, falecido esta manhã, aos 82 anos, concedeu entrevista – no caso, junto com a colega Carmem Stagemeier). E foi a única vez em que contou a história (verdadeira) do prédio que recebeu até apelido com o nome dele, de uma forma absolutamente injusta.

Enfim, Santa Maria perde um de seus grandes empreendedores de todos os tempos e que marcou o século passado, sobretudo a sua segunda metade. O editor reconhece sua incapacidade (pessoal) de escrever mais a respeito. Então, fica com o que publicou, na sua versão ONLINE, o jornal A Razão. Apenas acrescentando, porque o texto não contém, que ele deixa também a viúva, Maria de Lourdes, sua segunda esposa, e nove netos, dos filhos que teve com dona Zuleida (já falecida). A seguir:

“Velório do empresário Bartholomeu Ceccim será no Caridade

O corpo do empresário Bartholomeu Ceccim Segundo, 82 anos, será velado a partir das 14h desta quarta-feira, nas Capelas Mortuárias do Hospital de Caridade, no Centro. Já o sepultamento está marcado para as 10h de amanhã, quinta-feira, no Cemitério Jardim Santa Rita, em Camobi.

O empresário santa-mariense morreu às 10h desta quarta-feira, no Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, onde estava internado havia cerca de cinco dias. Fundador e dirigente de várias empresas em Santa Maria, Ceccim Segundo atuou nos segmentos de automóveis, agropecuário, imobiliário e de comunicação.

Homem de grande influência na política local, Ceccim mostrou seu lado profundamente humanista ao “bater de frente” com generais do regime militar que queriam que ele afastasse dois amigos da diretoria do Clube Comercial. Ceccim Segundo era presidente da entidade na década de 1960 e tinha como auxiliares o comunista Jorge Mottecy, do Partido Comunista Brasileiro, e o socialista Adelmo Simas Genro, membro do Partido Socialista Brasileiro.

Ao receber a visita de generais ligados ao regime militar, ele deixou claro que mesmo discordando ideologicamente de Mottecy e Simas Genro (pai do atual governador Tarso Genro) não os demitiria  por “serem homens honrados e honestos”.

Disse ainda que o clube que presidia não discriminava ideologias. Os militares não se atreveram a contestá-lo e foram embora. A história foi contada pelo próprio empresário ao Jornal A Razão no velório de Mottecy e repetida no velório de Simas Genro. Ceccim Segundo deixa os filhos Neida, Paulo Roberto (ex-presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviço de Santa Maria-Cacism), Neiva e Bartholomeu Ceccim Filho.”