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Então é Natal – por Daiani Ferrari

Natal tem tudo para dar errado. A essa altura do campeonato não dá mais para sair no centro, a não ser que o seu grande desejo seja disputar cada palmo das calçadas a tapa com pessoas e sacolas, isso sem falar no calor que está fazendo lá fora. Pensar em assar um peru implica em ir ao mercado e não encontrar mais um com preço acessível. Todos já foram comprados no começo do mês, ou talvez em novembro. Já diz o ditado que boi lerdo bebe água suja. Já a hora da ceia é a hora da comida fria, porque ninguém faz comida fresquinha e quentinha às 22h ou meia-noite. Não tem jeito, você vai comer peru frio, farofa meio gelada, salpicão aguado e rabanada mole.

E de onde vem tanto sentimento que não existia no resto do ano? Desde o início de dezembro você já começa a receber feliz Natal, em cartões, e-mails, telefonemas e pessoalmente, com os mais variados desejos de paz, amor, saúde, felicidade e todas essas coisas que você com certeza já recebeu em algum cartão, tanto de conhecidos como desconhecidos. Na hora da ceia, também pode ter a tradicional cena de choro por um parente que não está mais entre nós. Isso não é insensibilidade, é a realidade e pode acabar com a comemoração de outras pessoas que estão na mesma festa. Digo isso por experiência própria.

É, de fato, uma época triste. Se o Natal fosse durante o carnaval, talvez fosse mais alegre. Mas seria, então, carnaval e não Natal, não é?

Divagações minhas.

***

Como vocês devem ter percebido, não sou a fã número um do Natal, e podem me chamar de insensível ou o que quiserem (dentro das regras do moderador do sítio, óbvio), mas dou-lhes a prova de que eu ainda tenho salvação. A propaganda da Seara de final de ano para a televisão me tocou o coração profundamente. Uma criança adotada pergunta pra a mãe se foi ela quem a colocou no mundo. A mãe, com toda a delicadeza que deveria ser regra para todas as mães, responde que era uma pessoa infeliz antes da chegada da menina e que, na verdade, foi a menina que a colocou no mundo, fazendo dela a pessoa mais feliz do mundo.

O Natal é chato, quente, sinônimo de comilança e consumismo, sentimentalóide e tal, mas tem coisas, como essa propaganda, que fazem nossa alma sorrir.

Desejo a todos o mesmo misto de choro e riso que tive na primeira vez em que vi a propaganda e que isso seja possível o ano todo, não só nessa época. E como sou meio Pollyana, um pouco dada a fazer o jogo do contente, que todos tenham um bom Natal, apesar de tudo conspirando para o insucesso.

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