Linhas imortais dos deuses do futebol – por Luiz Alberto Cassol
Os deuses do futebol escrevem certo por linhas imortais. Isso explica o fato do Olímpico Monumental voltar a receber jogos do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Uma honra para a torcida e para jogadores que voltarão a pisar no gramado sagrado do Monumental da Azenha.
Não entrarei neste texto em questões jurídicas. Este texto reverbera emoção, justiça e imortalidade. Tenho lido e ouvido tantas coisas sobre a possibilidade de novos jogos no Olímpico… Tive que escrever esse artigo para demonstrar minha total discordância com o que está sendo dito.
O fato de aquele que seria o último jogo do Olímpico, no caso, o Grenal, em dezembro de 2013 causou uma grande confusão e polêmica entre os torcedores. Aquele não era para ter sido o último jogo. Aquele foi o último jogo do Brasileirão 2013. O Olímpico merecia outros jogos. Pronto. Está aí. Teremos outros jogos.
Escrevo isso, pois minha opinião permanece a mesma. O equívoco de jogar com o co-irmão da Padre Cacique aquele que não foi o último jogo de um dos templos sagrados do futebol mundial se deu por dois fatores fundamentais:
1) O Grêmio tinha um jogo importante dentro do Campeonato Brasileiro, para verificar se entraria na fase de grupos ou na primeira fase da Libertadores. Não interessava o adversário. A vaga para participar da maior disputa sul-americana já tinha sido assegurada pelo time gremista;
2) O Inter não tinha mais nada para fazer no Campeonato Brasileiro. Absolutamente nada.
Com a equivocada decisão de tornar, repito, aquele que seria o último jogo do estádio tricolor, proporcionou que se apresentassem fatores novos ao jogo.
Eu, torcedor fanático e provido de senso histórico (longe de modéstia neste momento) estava lá e escrevo aqui o que senti e testemunhei.
O jogo para a equipe e comissão técnica tricolor se transformou no fato de disputar a última partida no imortal estádio. Entrar para a história do clube com um resultado digno, como acabou acontecendo, diante de todos os subterfúgios usados pelo adversário.
Taticamente o time tricolor foi prejudicado. Houve um desvio de atenção do que realmente estava em jogo: o último jogo do Campeonato Brasileiro, para ver em que fase nós estaríamos na Libertadores. Qual adversário jogávamos, era o que menos interessava para tal objetivo.
Por outro lado para a equipe colorada o jogo se transformou em final de copa do mundo. Jogaram aquilo que vimos. Pouco futebol e muita tensão.
Ao final do jogo isso ficou comprovado. O time do Grêmio saiu aplaudido respeitosamente.
Enquanto a torcida tricolor reverenciava o seu estádio, fazia fotos e fazia uma avalanche coletiva – momento inesquecível – o meia do time adversário, D’Alessandro, atravessava o gramado correndo para comemorar em frente a torcida do Inter. Comemorar o quê? A torcida do Grêmio olhou aquilo com um misto de desdém e perplexidade pelo inusitado da situação e seguiu sua homenagem ao estádio. Foi assim. E prossigo.
Para provar minha tese de um jogo que não foi – pois o que ficou foi a maior homenagem que uma torcida já fez a um estádio – e por conta dos deuses do futebol terá mais oportunidades nos próximos dias de novas homenagens, lembro de outro momento que é o contrário do proporcionado pelo meia colorado.
Logo após o apito final do juiz Eber – que mais uma vez fez uma confusa arbitragem em jogos do Grêmio – o goleiro Renan proporcionou o primeiro “auto-bulling” da história do futebol quando quicando no chão lembrou o goleiro Kidiaba.
Ninguém entendeu direito o que era aquilo. O goleiro colorado lembrava a própria derrota para o Mazembe!? Mais uma vez o que aconteceu foi ignorado. A torcida estava em estado de graça e queria aplaudir o estádio de tantas glórias e títulos. Isso foi o que fizemos naquele dia e que agora, teremos novas oportunidades.
Aquela partida entrou para a história, como um marco da torcida gremista, por um momento mágico onde todos esqueceram o jogo e celebraram o estádio e o que ali vivenciaram, seja ao vivo, ou em jogos que viram pela televisão, durante dezenas de anos.
Então, agora, não é que os deuses do futebol comprovaram e ratificaram o fato. O estádio de um time imortal, também é imortal! Portanto, mais jogos estão sendo proporcionados a todos nós.
Jogos em que um time não entrará em campo apenas com um intuito: estragar a festa! Isso é muito pouco.
O Monumental da Azenha tratou de passar por isso. A imortalidade do Grêmio, como não poderia ser diferente, é também a imortalidade Olímpico.
Os deuses do futebol sabem o que fazem e trataram de colocar tudo no seu devido lugar.
Viva o Olímpico Monumental e viva o Grêmio!
E, agora, também viva a Arena. Nossa nova sede terá o privilégio de ter o Grêmio imortalizando esse gramado!
Caro Márcio, a verdade é que o time do banhado nasceu por inveja ao Imortal e viveu seus pouco mais de 100 anos em função do Tricolor. Nós somos o que vocês nasceram querendo ser.
alguém que fala o que muitos pensam, solamente isso. e para quem esteve no estádio foi exatamente o que aconteceu, diferente do que quem viu pela tv; concordo com tudo e sou torcedor do gandense e do grêmio e estive lá no dia. rs…
Entendo a parcialidade do texto (óbvio, o cronista é gremista, com o perdão da rima rica :), mas por outro lado, é justo se ressaltar que o que aconteceu aquela tarde foi que o Inter, que havia sido desdenhado durante aquela semana inteira – previa-se por parte da imprensa, da torcida gremista e mesmo por boa parte da torcida colorada uma goleada gremista – , conseguiu segurar um empate com dois jogadores a menos contra o rival (como dizem, ganhar do Náutico com 4 a menos é fácil, brabo mesmo é ganhar com 2 A MAIS do Colorado!! :)… portanto justa comemoração do resultado obtido na raça. Da parte dos gremistas, o que se viu na tevê, e mesmo meus amigos tricolores relataram, foi que ficou um gosto amargo na despedida do estádio…
Sim, talvez agora jogando com o time B ou C e contra um Santa Cruz ou Lajeadense o Grêmio tenha sua idealizada e imortal despedida do Olímpico (só não podem acabar perdendo esse jogo, pra não ficar pior do que o Grenal rs…)
Bela peça de ficção.